Instituições ligadas aos micro e pequenos negócios estão divididas em relação ao plano de reabertura das atividades econômicas em Pernambuco, anunciado pelo governo do Estado nesta segunda-feira (1º), mas concordam que a recuperação das perdas causadas pela pandemia do novo coronavírus deve acontecer em ritmo lento. Segundo dirigentes de entidades pernambucanas, incertezas relacionadas ao comportamento da doença dificultam projeções sobre o andamento dos negócios nos próximos meses.
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Para permitir a reabertura de empresas, o modelo batizado como “Plano de Monitoramento e Convivência com a covid-19” é a quarta fase das medidas adotadas pelo Estado durante a pandemia do novo coronavírus. Essa fase, está dividida em 11 etapas que vão garantindo a flexibilização das atividades econômicas. Partindo da fase 4, o objetivo é chegar até a fase 1, avançando gradativamente.
Após o dia oito de junho, quando a construção civil e o comércio atacadista estarão liberados a operar, a única data informada pelo governo para avançar mais uma etapa foi o dia 15, permitindo a abertura de pequenas lojas de bairro (200 m²), salões de beleza e serviços de estética, com novas regras e protocolos, sem fila de espera, com agendamento e atendimento de um cliente por vez mediante higienização dos espaços.
Na avaliação da diretora técnica do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Pernambuco (Sebrae-PE) Adriana Côrte Real, o modelo de flexibilização apresentado é positivo porque considera o crescimento da curva da covid-19 e o reflexo das medidas de isolamento social em todos os setores da economia. “Essa é a metodologia mais adequada porque leva em conta o risco à saúde das pessoas e da economia”, diz ela.
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Adriana afirma também que o anúncio do plano gera uma expectativa para a retomada dos negócios impactados pela pandemia, mas que isso deve acontecer lentamente. “Agora essa recuperação dos empreendimentos deve ser ainda mais gradual que o plano de reabertura apresentado pelo governo”, afirma ela, explicando que, com a divulgação dos novos protocolos sanitários, os cerca de 506 mil negócios de micro e pequeno porte estão instalados no Estado já podem se adequar às novas regras para reabrir suas portas.
Para o presidente do Sindicato das Academias de Pernambuco (Sindac-PE), Valter Leite, o plano de reabertura da economia reproduz um erro existente desde o início da pandemia, que liga o setor à estética e beleza. “As academias são ligadas à promoção da saúde, e o governo de Pernambuco parece ignorar isso”, critica ele, afirmando que o segmento foi o primeiro a preparar sua estrutura interna para a volta às atividades, de acordo com as exigências das autoridades de saúde. “Ainda há tempo para esse plano ser revisto, porque as academias têm muito mais higienização e segurança sanitária que vários outros estabelecimentos liberados pelo governo", diz ele, citando farmácias, supermercados e armazéns de construção.
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Ainda de acordo com Valter Leite, o setor que emprega cerca 11.370 profissionais deve sair devastado da crise, se o governo de Pernambuco não antecipar a reabertura das 1282 academias espalhadas pelo Estado. “A gente já está vendo muitas academias fecharem e, consequentemente, demitirem seus funcionários por falta de faturamento”, conta ele, afirmando que, mesmo com a reabertura dos estabelecimentos, o segmento deve demorar a se recuperar. “Sem alunos e sem dinheiro no caixa, quase todas as academias estão sem capital de giro para voltar ao funcionamento”, lamenta Leite.
Procurada, a seção pernambucana da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), se limitou a responder que o conselho da entidade está estudando o plano de retomada da economia desenhado pelo governo estadual e que só deve se pronunciar sobre o assunto nesta terça-feira (2). A reportagem do JC também tentou contato com o Sindicato Patronal dos Salões de Beleza de Pernambuco (Sinbeleza), mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.
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