O governo de Pernambuco ouviu o apelo do empresariado local e antecipou algumas datas do cronograma de reabertura da economia. Diferentemente da segunda-feira (1º), quando o plano de convivência com a covid-19 foi apresentado e desagradou o setor produtivo e de serviços, a alteração desta sexta (6) foi bem recebida. Entre as principais mudanças está a definição da data de reabertura do comércio varejista de Centro, para o dia 15 de junho, para lojas com até 200 metros quadrados. Na primeira versão do plano, não havia uma data específica. Também foi definida a volta, na quarta (10), dos atendimentos em clínicas e consultórios médicos, odontológicos, veterinários, de fisioterapia e de psicologia. Os shoppings centers poderão dar início às vendas com coleta dos produtos nos estacionamentos e com drive thru nesta segunda-feira (8).
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“Durante toda essa semana continuamos a dialogar com o setor produtivo na intenção de encontrar a melhor forma de implementar nosso plano, sempre levando em consideração os eixos da entrada dos setores referentes aos impactos na saúde e também o reflexo na economia. Dessa forma, fizemos ajustes”, disse o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco, Bruno Schwambach.
“O plano do governo era científico, mas precisava do catalizador para dar fluidez e equilíbrio ao processo. Houve diálogo. Dizem que é a situação de crise que faz a humanidade evoluir. Foi isso que aconteceu, o setor privado se aproximou do setor público. Corresponsabilidade é a palavra que define o dia de hoje”, resumiu o empresário Avelar Loureiro, do setor de construção civil e que se tornou o interlocutor do Movimento o Pró-Pernambuco. O grupo reúne 40 entidades empresariais, sindicatos, incluindo a OAB representando a sociedade civil. “Quem vai retomar a economia é a demanda. Para isso, precisa reativar o comércio, o serviço, onde Pernambuco é diferenciado”, disse o empresário. Ele destacou a importância de se liberar também o serviço médico, para tirar do represamento no tratamento de saúde, “que poderia gerar pressão no curto prazo.”
Os empresários enfatizam que empresas estão empenhadas em cumprir as determinações e protocolos de convivência com o vírus. “Agora vai caber a todos os empresários respeitarem as normas. Vamos fazer a nossa parte, porque o governo fez a parte dele e enfrentou pressão. Alguns achavam que não deveria fazer, mas o Estado foi compreensivo, vai evitar um grande número de demissões”, disse Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio de Pernambuco.
O Estado também aceitou uma demanda do setor de construção civil, que poderá voltar com o horário tradicional de trabalho, de 7h às 17h, e não mais das 9h às 18h, como o governo havia divulgado anteriormente. “Nesta segunda-feira estamos flexibilizando a volta da construção civil, com 50% da carga, mas liberando o horário dessa atividades. As entidades conseguiram nos demonstrar que apenas 30% dos seus funcionário usam o sistema de transporte público. O impacto não seria tão relevante”, disse Schwambach.
Agora vai caber a todos os empresários respeitarem as normas. Vamos fazer a nossa parte, porque o governo fez a parte dele e enfrentou pressão. Alguns achavam que não deveria fazer, mas o Estado foi compreensivo, vai evitar um grande número de demissões”, disseBernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio de Pernambuco
No caso do comércio, os shoppings vão poder os serviços de retirada e drive thru uma semana antes do previsto, inclusive para alimentação. Já atuando com delivery, os malls podem atender os clientes no novo formato a partir desta segunda.
Nada mudou para o comércio atacadista, que vai abrir nesta segunda das 9h às 18h. Para o varejo, o governo resolveu extinguir a diferenciação entre lojas do subúrbio e do Centro. Agora, todo o comércio varejista de até 200 m² poderá retomar as atividades a partir do próximo dia 15, assim como as concessionárias, locadoras e vistoria de veículos, com 50% dos trabalhadores. “Vamos continuar o diálogo com todos os setores”, disse Shcwambach, ressaltando que a flexibilização gradual depende de análise semanal sobre a demanda no sistema de saúde e registro de número de novos casos.
SHOPPINGS
As alterações no cronograma de convivência com o coronavírus não conseguiu agradar a todos os setores. Os lojistas de shopping ainda estão preocupados com a falta de previsão para a reabertura ao público dos centros de compras. “O drive thru não muda pra alimentação, que já fazia entregas. Serve para os outros segmentos mas, mesmo assim, é insuficiente. Estamos há 90 dias parados e esse tipo de operação não sustenta uma loja”, diz o presidente da Associação dos Lojistas do RioMar, Aziz Calife Júnior.
“O que nos preocupa é que parece que estamos no meio de uma guerra política”, diz.
Aziz argumenta que o benefício do governo federal, que bancou a folha de funcionários até este mês de junho, para evitar desemprego, não tem previsão de ser prorrogado “para forçar os governos estaduais a flexibilizarem”. “Esse benefício foi um tiro no pé. Se eu soubesse que o auxílio não cumpriria o prazo de fechamento, teria demitido para depois recontratar”. Ele diz que vai ser difícil pagar salários com pouco faturamento e que muitas lojas podem “não conseguir voltar”.
Para o empresário, há um contrassenso no plano do governo estadual. “Não existe nenhum grupo mais organizado que um shopping para abrir, melhor que armazém e feira livre. Os shoppings têm condição de organizar e obedecer todos os protocolos de segurança. Estão prontos para isso.”
Apesar da preocupação dos lojistas, para a administração dos shoppings, no entanto, a reabertura gradual é positiva por permitir que as operações comecem antes de duas datas importantes do varejo: o Dia dos Namorados e o São João. O superintendente do RioMar Recife, Henrique Medeiros festejou a flexibilização anunciada pelo governo. “É realmente algo a se comemorar porque vamos conseguir atuar com as vendas para o Dia dos Namorados, uma das grandes datas do varejo. Estamos com a equipe preparada e toda dinâmica de funcionamento com as especificações e cuidados visando a saúde de todos, tanto colaboradores quanto clientes”, comentou.
No sistema de coleta, a loja realiza a venda e marca um horário junto ao cliente para a retirada dos produtos. Tudo é feito sem que o cliente precise sair do carro.
Além dos shoppings que cumprem o protocolo de segurança do governo, e possuem seu próprio conjunto de regras para o convívio com o vírus, os comerciantes de rua também já dispõem de sua própria etiqueta de atendimento ao público em tempos de covid-19. “A Confederação Nacional do Comércio (CNC) tem um protocolo nacional. Além disso, a gente vai respeitar as determinações do Estado. As concessionárias de veículos vão ser abertas e seguirão um protocolo internacional. Todo o comércio já está preparado para voltar”, diz o presidente da Fecomércio, Bernardo Peixoto.
O presidente do Sindicato da Indústria de Construção (Sinduscon), Erico Furtado, também destaca o preparo do setor com os novos protocolos de convívio social. “Vamos voltar com 50% nesta segunda, mas já temos 30% de nossas atividades que não pararam. Pelo decreto do dia 22 de março, continuaram as obras públicas e particulares para o combate à pandemia (hospitais) e para indústria produtora de insumos de saúde e concessionárias de serviços (água, luz, telefonia...). Temos total controle sobre 23 mil trabalhadores em atividade. Agora, com os 50%, virão mais 21 mil pais de família produzir e gerar riqueza.”
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Agora vai caber a todos os empresários respeitarem as normas. Vamos fazer a nossa parte, porque o governo fez a parte dele e enfrentou pressão. Alguns achavam que não deveria fazer, mas o Estado foi compreensivo, vai evitar um grande
Bernardo Peixoto, presidente do Sistema Fecomércio de Pernambuco
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