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Agência do Empreendedorismo de Pernambuco empresta R$ 13,5 milhões e vê crescer inadimplência

Segundo diretor-presidente da AGE, uso do aval solidário foi principal atrativo para acesso às linhas de crédito

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 12/08/2020 às 17:39
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No mês de junho, número de famílias com contas em atraso bateu nível dos últimos dez anos no Estado - FOTO: PIXABAY

Passando a usar o aval solidário para concessão de crédito, a Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE) alavancou a carteira de clientes e de empréstimos, mas também a inadimplência durante a pandemia. Focada no empréstimo a micro e pequenos negócios (MPEs), a AGE dobrou o total de financiamentos que esperava até julho deste ano, chegando ao fim daquele mês com um volume de R$ 13,5 milhões concedidos. A taxa de inadimplência, por sua vez, saiu dos 1,85% para em média 3%.

Mesmo com a alta da inadimplência, a AGE comemora os resultados. Na previsão para este ano, a expectativa era encerrar o primeiro trimestre com desembolso de R$ 7 milhões em linhas de crédito para MPEs, agora, alcançando praticamente o dobro, até o fim do ano a intenção é emprestar a micro e pequenos empresários algo em torno dos R$ 22 milhões.

“Esse valor de R$ 13,5 milhões é basicamente do nosso carro chefe, o programa Crédito Popular, lançado no fim do ano passado. O enfoque é muito para o micro e pequeno empreendedor, já que é uma linha de crédito de até 3 mil, com prazo de pagamento de 12 meses. Agora, na pandemia, estendemos ainda um prazo de carência de três meses, totalizando em 15 meses o prazo para quitação da dívida”, explica o diretor-presidente da AGE, Marcelo Barros.

Os recursos atenderam 6 mil empreendedores, sendo 35% voltados para o segmento de comércio de alimentos. A prestação de serviços também detém 35% do montante, tendo o restante do dinheiro sido demandado por demais categorias como trabalhadores autônomos.

“Eu tenho um salão de beleza e, no período mais crítico, quando estava tudo fechado, precisei do dinheiro fazer uma reforma e também investir em novas formas de divulgação do negócio. Sou formada em estética e precisava de R$ 3 mil. Cheguei a procurar em outros bancos, mas não consegui liberação. Pediam várias coisas e sempre ainda faltava algo. Na AGE consegui financiar o valor em 12 meses. Agora continuo trabalhando para pagar o empréstimo e manter o meu negócio”, conta a empreendedora Valquiria Batista.

Aval solidário

De acordo com o diretor-presidente da AGE, a grande dificuldade para acesso ao crédito é a questão de garantias. “A gente tem superado isso com a metodologia do aval solidário, que é uma forma muito engenhosa de diluir o risco. Juntam-se grupos de três a cinco pessoas, e cada um dá aval para o outro, ficando todos responsáveis pelo pagamento”, reforça Barros.

Pelo menos 70% da tomada de crédito na AGE este ano foi feita com uso do aval solidário. É justamente essa ferramenta que, para a AGE, passou a ser considerada “a chave do sucesso” em relação à alta no volume de crédito concedido. A facilitação de garantia, para a agência, tem se sobressaído até mais do que a própria taxa de juros, atualmente em 1,49% ao mês. Competitiva, a taxa da AGE segue a média dos principais players do mercado. A taxa de juros para capital de giro com prazo de até um ano varia de 0,12% a 10,52% ao mês, segundo dados do Banco Central. Entre os principais bancos, as taxas têm ido de 1,02% a 1,70% (a exemplo da Caixa e do Banco do Nordeste).

“Temos buscado grupo de pessoas com algum grau de conhecimento, pessoas que tenham afinidade e de fato sejam o aval solidário do outro. O aval tem conseguido transpor a dificuldade de acesso ao crédito. Já temos uma taxa (de juros) bastante atrativa, tivemos uma pequena alta na taxa de inadimplência, mas deveremos manter essa taxa abaixo dos 3% até o fim do ano”, acredita Marcelo Barros.

 

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