Pesquisa realizada pelo governo federal com passageiros aponta que mais da metade dos entrevistados (53,6%) tem planos de pegar um voo nos próximos meses, mesmo sem uma definição sobre quando a vacina contra a
covid-19 vai estar disponível. Feito em agosto, com 1.042 participantes, o levantamento inaugura uma série que será divulgada mensalmente, a princípio até o fim do ano, para indicar a temperatura do mercado de aviação, um dos mais afetados pela pandemia do novo coronavírus. As pessoas ouvidas estão entre passageiros que voaram entre janeiro de 2019 e março deste ano.
Para a Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC) do Ministério da Infraestrutura, responsável pela pesquisa, os números serão importantes para que o poder público e os setores possam entender as expectativas dos viajantes e a efetividade das medidas sanitárias adotadas até o momento. No Brasil, a pandemia chegou a provocar a redução de aproximadamente 92% dos voos programados.
Entre os entrevistados que disseram ter planos de viajar nos próximos meses, um quarto disse que deve voltar a pegar um voo em menos de um mês. Em segundo lugar, vieram os passageiros que irão viajar em três a seis meses. Segundo a pesquisa, 28,5% dos viajantes com "planos" já compraram suas passagens. Outros 27,2% disseram que vão antecipar a compra caso o preço se mostre atrativo. Já 21,3% responderam estarem "receosos" e que vão comprar mais próximo da data da viagem. O restante ainda não pensou a respeito ou prefere aguardar mais um pouco, mesmo com preço atrativo.
Embora 38,2% dos entrevistados tenham afirmado não ter planos de voar, a pesquisa mostra que, entre eles, 19% podem viajar de avião em três a seis meses.
O restante dos entrevistados (8,3%) afirmou não ter pensado a respeito ainda se tem planos ou não de viagem aérea para os próximos meses. A pesquisa também mostra que 53,6% dos participantes precisaram adiar ou cancelar alguma viagem aérea por conta da covid-19.
Perfil
Os participantes da pesquisa são parte do universo de passageiros que usou o sistema aéreo entre o início de 2019 e março deste ano. Entre eles, 34,4% têm ensino superior completo, e 33% ganham de quatro a dez salários mínimos. A realidade é bastante diferente da população em geral. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019 apontam que metade dos brasileiros sobrevive com apenas R$ 438 mensais.