INFRAESTRUTURA

Reservatório de Sobradinho tem a sua vazão reduzida

Desde a quarta-feira (21), o lago passou a liberar cerca de 800 metros cúbicos por segundo. Antes, estava em 1,3 mil metros cúbicos por segundo

Angela Fenanda Belfort
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Angela Fenanda Belfort
Publicado em 22/10/2020 às 19:43
ANDRÉ SCHULER/DIVULGAÇÃO CHESF
A vazão do Reservatório de Sobradinho foi reduzida para cerca de 800 metros cúbicos por segundo desde a quarta (21) para poupar água - FOTO: ANDRÉ SCHULER/DIVULGAÇÃO CHESF
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A vazão da Barragem de Sobradinho passou a ser de cerca de 800 metros cúbicos por segundo desde a quarta-feira (21). Antes disso, estava em 1,3 mil metros cúbicos por segundo. A redução impacta todos os agricultores que captam, diretamente, a água do São Francisco para a produção e estão abaixo do Lago de Sobradinho. "É um absurdo o que o sistema elétrico faz com a gente. É uma falta de respeito. Todos que não estão nos perímetros irrigados terão que mudar os seus pontos de captação", comentou o presidente da Associação dos Produtores Hortifrutigranjeiros do Vale do São Francisco (Valexport), José Gualberto. O Vale do São Francisco é um dos principais polos de fruticultura irrigada do País. Segundo técnicos do setor, não há risco de racionamento de energia.

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José Gualberto argumentou que há um mês a vazão estava em 1,7 mil metros cúbicos por segundo. "Não sou contra a gestão do lago, mas nada justifica mudanças tão bruscas. Isso traz muita insegurança aos agricultores", comenta José Gualberto. E, nesse caso, a insegurança pode resultar em menos investimentos na região. O empresário revelou que a diminuição da vazão traz mais custo aos produtores por paralisarem os seus processos, por um ou dois dias, para readaptarem os sistemas de irrigação.

A redução da vazão foi feita pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco a pedido do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) -que faz a operação do sistema elétrico do País - e num momento de baixa dos reservatórios do Centro-Sul é importante poupar a água de Sobradinho, que responde sozinho pelo armazenamento de cerca de 60% de toda a água destinada à produção de energia no Nordeste. A diminuição ocorreu porque os reservatórios das principais hidrelétricas do Centro-Sul estão apresentando redução na quantidade de água armazenada devido à estiagem que ocorre nessas regiões.

As chuvas este ano foram boas na região da caixa d'água que abastece o Rio São Francisco. O percentual de armazenamento de Sobradinho foi de 61,21% de seu volume útil na quarta-feira (21) e nesse mesmo dia, no ano passado, esse percentual estava em 33,4%. Neste ano, Sobradinho ultrapassou os 90% do seu volume útil, o que não ocorria há mais de 10 anos. O período seco para a Bacia do Velho Chico ocorre entre os meses de maio e outubro. Já o período úmido (chuvoso) acontece entre os meses de novembro a abril.

Segundo informações da diretoria da Chesf, "no momento, a Bacia do Rio São Francisco encontra-se em um período de transição entre as estações seca e chuvosa, não havendo ainda, indicativo de como ocorrerá o período úmido 2020/2021, que inicia em novembro/2020 e termina em abril/2021".

CONSEQUÊNCIAS

Ainda de acordo com a Chesf, não haverá impacto na produção de energia das hidrelétricas da estatal, pois a pequena diminuição de geração ocasionada pela redução da vazão de Sobradinho é compensada pelas hidrelétricas que utilizam a água antes de chegar ao grande reservatório.

A assessoria de imprensa da Compesa informou que a redução da vazão de Sobradinho, por enquanto, "não altera nosso abastecimento e a operação dos nossos sistemas. Fazemos o acompanhamento diário da vazão da barragem e, se em algum momento for necessário fazer algum ajuste, as providências serão adotadas". Alguns sistemas de abastecimento de água da Compesa no Sertão dependem da água liberada a partir de Sobradinho para o abastecimento.

 

 

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