O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) cresceu 0,78% em janeiro no País, contra 1,06% em dezembro. É o maior resultado para um mês de janeiro desde 2016, quando o índice foi de 0,92%. Entre os 12 locais pesquisados, a maior alta ficou com a Região Metropolitana do Recife (RMR) com um aumento de 1,45%. "O grupo que mais contribuiu para essa alta foi a alimentação com um aumento de 2,40%. O preço dos alimentos foi o grande vilão da inflação em 2020 e desacelerou, mas continuou subindo", explica o coordenador da Pesquisa de Índice de Preços em Pernambuco, Enildo Meira. Também contribuíram para a alta a conta de água, o preço da gasolina e da energia elétrica.
O IPCA 15 é uma prévia da inflação, avaliando o comportamento do preços entre os dias 15 do mês passado até o dia 15 do mês em curso. A inflação oficial do País, que é o IPCA indica a alta dos preços no período de 30 dias.
>> Em dezembro, a inflação do País ficou em 1,35% e a do Recife em 1,6%
Ainda dentro de alimentos, no IPCA-15 da RMR de janeiro foram registrados aumentos de 21,43% na batata inglesa; 21,61% na cebola e, em média, 14,96% em hortaliças e verduras. Outros itens que contribuíram para a alta da inflação local foram: a gasolina que registrou um aumento de 5,85% e um incremento de 13,80% no preço dos transportes por aplicativos. "Mesmo na pandemia, aumentou o movimento neste período pesquisado com o fim do ano e também ocorreu dois dias da greve dos ônibus antes do Natal", comenta Enildo. Quando aumenta muito a quantidade de pedidos de corrida via aplicativos, o preço do serviço sobe.
"O reajuste da Compesa também puxou a inflação do Grande Recife pra cima, mesmo tendo uma participação pequeno no índice como um todo", comenta Enildo. Integrande do grupo habitação, a alta da conta de água percebida no índice foi de 2,40% num reajuste que entrou em vigor este mês. Na RMR, também aumentaram de preços a energia com um acréscimo de 4,55% e o vestuário com um incremento de 2,04 % nos preços. "A energia aumentou por causa da bandeira vermelha e também devido a uma variação na cobrança do PIS/Cofins. Já as roupas geralmente ficam mais caras no final do ano", revela Enildo.
NACIONAL
Na média do País, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, oito apresentaram alta em janeiro. O maior impacto veio de alimentação e bebidas (1,53%), que desacelerou em relação ao resultado de dezembro, quando teve um aumento de 2,00%. Na sequência, veio habitação, com alta de 1,44%. Juntos, os dois grupos responderam por cerca de 69% do índice de janeiro. A terceira maior variação veio dos itens de vestuário (0,85%), que apresentaram deflação no mês anterior (-0,44%). Outros destaques foram as altas de artigos de residência (0,81%) e saúde e cuidados pessoais (0,66%). Os demais grupos ficaram entre a queda de 0,01% em Comunicação e a alta de 0,40% em despesas pessoais.
A desaceleração em alimentação e bebidas (1,53%) ocorreu principalmente por conta dos alimentos para consumo no domicílio, que passaram de 2,57% em dezembro para 1,73% em janeiro. Na média, as carnes subiram (1,18%), o arroz (2,00%) e a batata-inglesa (12,34%), mas essas altas foram menos intensas na comparação com o mês anterior (quando variaram 5,53%, 4,96% e 17,96%, respectivamente). Já as frutas subiram 5,68%, frente à alta de 3,62% no mês anterior, e contribuíram com o maior impacto para a inflação entre os itens pesquisados. No lado das quedas, o destaque foi o recuo nos preços do tomate (-4,14%).
Ainda na média nacional, o grupo habitação apresentou um crescimento de 1,44%; a energia elétrica 3,14%. Após a vigência da bandeira vermelha patamar 2 em dezembro, passou a vigorar em janeiro a bandeira tarifária amarela, em que há acréscimo de R$ 1,34 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora consumidos. O segundo maior impacto no grupo veio do gás de botijão (2,42%) que subiu de preço pelo oitavo mês consecutivo. Ainda em habitação, na média nacional, a variação positiva da taxa de água e esgoto (0,03%) se deve ao reajuste de 2,40% nas tarifas do Grande Recife.
REGIONAIS
Com relação aos índices regionais, todas as regiões pesquisadas apresentaram variação positiva em janeiro. A RMR foi a campeã da inflação. O segundo lugar foi Porto Alegre com uma alta de 1,1%. As demais localidades registraram percentuais abaixo de 1%. O menor resultado foi verificado em Brasília (0,33%), onde pesou a queda nos preços das passagens aéreas (-29,20%).
Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados no período de 12 de dezembro de 2020 a 14 de janeiro de 2021 (referência) e comparados com aqueles vigentes de 13 de novembro a 11 de dezembro de 2020. O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços.
Comentários