MERCADO NACIONAL

Emplacamento de veículos novos em janeiro foi 24,5% menor que em dezembro de 2020

Crescimento dos casos de covid no País e aumento do ICMS em São Paulo afetaram o setor no primeiro mês de 2021, segundo a federação dos distribuidores de veículos

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Edilson Vieira

Publicado em 02/02/2021 às 17:38 | Atualizado em 02/02/2021 às 17:45
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A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) divulgou, nesta terça-feira (2), que os emplacamentos de veículos novos, considerando todos os segmentos (automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus, motocicletas, implementos rodoviários e outros) somaram 274.093 unidades, o que representa uma baixa de 8,16% na comparação com janeiro do ano passado (298.459 unidades). Na comparação com dezembro de 2020 (363.142 unidades), o resultado foi uma retração ainda maior, de 24,52%.

“Já vínhamos acompanhando as dificuldades que as montadoras, de forma geral, estão enfrentando com relação ao fornecimento de peças e componentes. Este gargalo se intensificou em janeiro, diminuindo, ainda mais, a oferta de produtos. Outros fatores relevantes impactaram nos resultados, como a segunda onda da pandemia da covid", alertou o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior.

Regionalmente, a Fenabrave apontou como fato negativo para o mercado o aumento do ICMS em São Paulo para veículos novos e usados. A alíquota do ICMS, sobre veículos novos, passou de 12% para 13,3%, e, para os veículos usados, o aumento foi de 207%, saltando de uma alíquota de 1,8% para 5,52%. Além disso, com a fase vermelha no estado, as concessionárias ficaram impedidas de funcionar, para vendas, no último final de semana do mês.São Paulo responde por mais de 23% das vendas de veículos novos e por cerca de 40% das transações de usados, no País, segundo a Fenabrave.

Automóveis e comerciais leves

Os segmentos de automóveis e comerciais leves, somados, apresentaram queda de 11,7% em janeiro de 2021, se comparado com o mesmo mês de 2020, totalizando 162.567 veículos esse ano, contra 184.112 unidades, no primeiro mês do ano passado. Houve queda, também, quando comparados os dados de janeiro de 2021 com os de dezembro de 2020 (232.795 unidades comercializadas). Nesse caso, a retração chegou a 30,17%. “Historicamente, o mês de janeiro costuma apresentar uma pequena retração nas vendas, já que os gastos das famílias aumentam nesse primeiro mês do ano, com matrículas e materiais escolares, IPVA, entre outras despesas. Além disso, alguns modelos estão com pouca disponibilidade no mercado, em função da falta de componentes, o que tornou previsível a queda nas vendas desses segmentos”, analisou Assumpção Júnior.

Caminhões

As vendas de caminhões, por outro lado, iniciaram o ano em ritmo forte. Em janeiro, foram emplacados 7.262 veículos, 1,13% acima do resultado de igual mês de 2020 (7.181 unidades), mas ainda com retração de 24,66%, na comparação com dezembro do ano passado (9.639 unidades). “Os caminhões, assim como os demais segmentos, vêm enfrentando a escassez de peças e componentes, que limitam a oferta. Observamos que a demanda se mantém aquecida, tanto pelos resultados das commodities, quanto pela boa oferta de crédito para o segmento. Já se trabalha com a programação de entrega, de alguns modelos de caminhões, para o mês de junho”, comentou Assumpção Júnior.

Ônibus

Em janeiro, o mercado de ônibus somou 1.324 unidades, numa retração de 38,65% sobre janeiro de 2020 (2.158 unidades) e queda de 14,64% sobre dezembro passado (1.551 unidades). “Este segmento foi o mais atingido pelos efeitos da pandemia. As restrições de circulação e cancelamento de viagens afetaram muito as empresas do setor, desmotivando a compra de novas unidades”, disse Assumpção Júnior.

Implementos rodoviários

O mercado de implementos rodoviários emplacou, em janeiro deste ano, 6.726 unidades, num crescimento de 44,8% sobre mesmo mês do ano passado (4.645 unidades), mas teve 8,54% de queda sobre dezembro (7.354 unidades). “As razões, para este crescimento, em relação a igual período de 2020 são, praticamente, as mesmas do segmento de caminhões (mercado de commodities aquecido e boa oferta de crédito). Devemos considerar, também, que a base comparativa de janeiro de 2020 é baixa”, explicou o presidente da Fenabrave.

Motocicletas

Em janeiro de 2021, o mercado de motocicletas somou 85.839 unidades, o que significa uma baixa de 6,38% sobre janeiro de 2020, quando foram emplacadas 91.691 motos. Houve, também, queda de 13,14% sobre dezembro passado (98.829 unidades). “O mês de janeiro foi impactado pela paralisação da produção das unidades fabris, localizadas em Manaus (AM), por cerca de 10 dias, além do problema gerado pela falta de peças e componentes, que já se estende pelos últimos meses, causando um desabastecimento de oferta, também para este segmento. O estoque de motos, nas concessionárias, tem estado extremamente baixo e, para alguns modelos, a espera chega a até 60 dias. A demanda segue aquecida, fomentada pela consolidação da motocicleta como veículo de transporte pessoal e de carga, dado o incremento das vendas do e-commerce, além da boa oferta de crédito pelas instituições financeiras, que estão aprovando 45% das propostas apresentadas”, avaliou Assumpção Júnior.

Tratores e máquinas agrícolas

Por não serem emplacados, os tratores e as máquinas agrícolas apresentam dados com um mês de defasagem, pois dependem de levantamento junto aos fabricantes.Em dezembro de 2020, as vendas de tratores e máquinas agrícolas (4.871 unidades) registraram alta de 15,84%, na comparação com o mês de novembro (4.205 unidades). Na comparação com dezembro de 2019, quando foram vendidas 3.168 unidades, a alta chegou a 53,76%. No acumulado do ano de 2020, foram comercializadas 46.368 unidades, contra 43.268, no mesmo período do ano anterior, resultando em um crescimento de 7,16%.

As razões para esse resultado podem ser atribuídas ao “bom desempenho da safra agrícola e à valorização das commodities, durante o ano de 2020. O resultado poderia ter sido ainda melhor, se a demanda, que sofreu alta significativa, pudesse ter sido atendida, na totalidade, pelos recursos disponíveis no Plano Safra 2020/2021.Outro fator que impediu uma expansão mais robusta, foram as dificuldades enfrentadas pela indústria, que não conseguiu atender à totalidade dos pedidos das concessionárias”, explicou o Presidente da Fenabrave.

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