Queridinho dos jovens, Nubank quer entrar na Bolsa. Vale a pena comprar ações da empresa?
Especialistas avaliam que é preciso considerar uma série de fatores antes de decidir se tornar um investidor do banco digital
Em 8 anos de mercado, o Nubank se tornou o banco digital "queridinho" do Brasil, sobretudo dos clientes mais jovens. O avanço da empresa em ritmo acelerado levantou a possibilidade de abertura de capital, com lançamento de IPO (Oferta Pública de Ações, em português) na bolsa dos Estados Unidos. A pergunta que os investidores fazem é se vale a pena investir em ações da fintech. O Nubank vem aumentando o número de produtos oferecidos, a quantidade de clientes e a captação de recursos para realizar investimentos, mas não consegue alavancar o lucro.
O analista da Empiricus, Max Bohm, que mantém um canal sobre investimentos no YouTube conhecido como "Chama o Max!", faz uma comparação da situação do Nubank com outros bancos. "O Nubank tem atraído pessoas desbancarizados e clientes insatisfeitos com os serviços dos grandes bancos. Hoje a empresa conta com 35 milhões de clientes, enquanto em 2019 esse número era de 12 milhões. A companhia ganha, em média, 40 mil clientes por dia, enquanto o Banco Inter (BIDI11), por exemplo, acrescenta 10 mil clientes por dia", compara Max.
Atualmente, os principais produtos da companhia são o seu cartão de crédito roxinho, a conta corrente – NuConta, seguros de vida e plataforma de investimentos, depois de comprar a Easynvest.
Nos últimos anos, o Nubank vem captando investimentos junto a fundos internacionais para bancar sua expansão. Em janeiro deste ano, fez uma captação de US$ 400 milhões para replicar a experiência brasileira nos mercados financeiros do México e da Colômbia. Isso significou abdicar apenas 1,6% de participação.
Com essa rodada de investimentos, o Nubank passou a ter uma valor de mercado de US$ 25 bilhões (equivalente a R$ 140 bilhões), ocupando a posição de quarto maior banco da América Latina, atrás apenas do Itaú (R$ 250 bilhões), Bradesco (R$ 217 bilhões) e Santanter (R$ 150 bilhões).
O impasse é o prejuízo
Apesar de tantos números positivos, o ponto negativo na avaliação dos analistas é o fato de o Nubank não gerar lucro. Os três bancos maiores que ele contabilizam lucro anual superior a R$ 15 bilhões e geram rentabilidade para seus acionistas. Já o "roxinho" deu prejuízo de R$ 313 milhões em 2019 e de R$ 230 milhões no ano passado. Apesar da redução, a expectativa é que em 2021 continue apresentando resultado negativo.
No seu possível IPO, o Nubank pretende listar suas ações nos Estados Unidos, para atrair investidores estrangeiros e precificar melhor sua oferta de ações, seguindo a XP Investimentos (XP), Stone (STNE) e Pag Seguro (PAGS), que entregam R$ 2 bilhões, R$ 1 bilhão e R$ 1,4 bilhão de lucro respectivamente.
"Para gerar lucro, o Nubank teria que cobrar taxa dos clientes ou cobrar corretagem, mas aí corre o risco de perder a base de consumidores. Se a empresa entregar lucro ou melhorar a rentabilidade em 2021 pode ser que seja um IPO interessante. Nesse momento, gerando prejuízo, não é uma boa ideia”, orienta Max. Enquanto não se decide em lançar sua oferta de ações, vale a pena continuar acompanhando de perto o desempenho da fintech que ganhou a simpatia dos brasileiros.
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