NEGROS

Nubank pede desculpas por fala polêmica de fundadora e promete 'agenda de reparação histórica'

Participação de Cristina Junqueira no programa Roda Viva rendeu repercussão negativa

JC
Cadastrado por
JC
Publicado em 26/10/2020 às 7:35 | Atualizado em 26/10/2020 às 7:35
REPRODUÇÃO
Cristina Junqueira, uma das fundadoras do Nubank - FOTO: REPRODUÇÃO

O Nubank publicou nesse domingo (25) em seu site uma carta pedindo desculpas pela falta de diversidade racial na empresa, fato assumido pela própria cofundadora Cristina Junqueira, em entrevista do programa Roda Viva. Sua participação na televisão foi marcada por polêmica, após a CEO afirmar ser difícil encontrar candidatos negros adequados para preencher as vagas, e que investe em programas gratuitos de formação, mas que não dá para "nivelar por baixo".

"A diversidade foi sempre, sim, parte da nossa cultura. O equívoco foi achar que ter o valor por si só bastava. O erro foi achar que as coisas vão se resolvendo sozinhas, pela própria comunidade de Nubankers, organicamente, sem esforços contínuos e investimentos da liderança. Ficamos acomodados com o progresso que tivemos nos nossos primeiros anos de vida que se refletia em algumas estatísticas relativas à igualdade de gênero e LGBTQIA+, por exemplo, que, repetidas, mascaravam a necessidade urgente de posicionamento ativo também na pauta antirracista", diz o comunicado.

Ao afirmar: "erramos", o Nubank se compromete a "avançar, dentro e fora de casa, com uma agenda de reparação histórica e de combate ao racismo estrutural". "O Nubank precisa ouvir para se transformar. Precisamos de muito mais ações concretas. Queremos aprender sobre raça para liderar nossos times nesta transformação. Como fundadores, nos comprometemos a ouvir mais e a agir mais. Já tínhamos iniciativas focadas em recrutamento e inclusão, mas sabemos que é pouco", prossegue a carta.

Por isso, a empresa anunciou uma agenda "real com ações concretas e ambiciosas de transformação na área de diversidade racial", que será divulgada em novembro, criada junto a representantes da comunidade negra, especialistas em diversidade racial, consultores e ONGs. Além disso, o banco expõe que firmou parceria com o Instituto Identidades do Brasil (ID_BR), com o objetivo de ampliar o "entendimento sobre o tema, firmar nosso engajamento público e contínuo e acelerar a promoção da igualdade racial no Nubank", diz o texto.

Entenda o caso

A cofundadora do Nubank, Cristina Junqueira afirmou, nessa segunda-feira (19), em entrevista ao programa Roda Viva, ser difícil encontrar candidatos negros adequados para preencher as vagas na empresa e que investe em programas gratuitos de formação, mas que não dá para "nivelar por baixo". Após repercussão negativa da fala, a CEO pediu desculpas através do seu perfil no LinkedIn.

No programa, Junqueira admite que o Nubank possui um problema de representatividade racial, mas afirma que trabalha para contornar a situação. “Já faz algum tempo que a gente procura para várias posições, inclusive uma vice-presidente de marketing para trabalhar comigo. Estou há bastante tempo procurando e é difícil. Recrutar Nubank sempre foi difícil”, afirma.

A jornalista Angelica Mari, da Forbes Brasil, pergunta, assim, se o “alto grau de exigência” não é uma barreira para minorias. A executiva responde: “Não dá para também nivelarmos por baixo. Por isso que queremos fazer investimento em formação. Criamos um programa gratuito, que chama diversidados, que vamos ensinar ciência de dados para pessoas que querem entrar nisso, e nós vamos capacitar essas pessoas”, disse.

“Não adianta colocarmos alguém para dentro que depois não vai ter condição de trabalhar com as equipes que temos, de se desenvolver, de avançar na sua carreira, depois não vai ser bem avaliado. Daí não estamos resolvendo um problema, estamos criando outro, né?”, completa.

Após recepção negativa nas redes sociais, a CEO pediu desculpas em vídeo. "Ontem, eu estive no Roda Viva (...) Teve um trechinho do que eu falei lá que infelizmente não repercutiu tão bem. E eu queria dizer que falar de diversidade racial não é fácil – não é fácil para ninguém, para a gente no Nubank. A gente tá aqui para aprender, para ouvir. Muito a gente tem feito internamente para ouvir, e externamente, criando esse diálogo. Infelizmente, o que eu falei, eu queria pedir desculpas. Não me expressei da melhor maneira. É super importante a gente ter uma comunicação clara. Queria agradecer toda a repercussão porque todo mundo tem o que aprender, eu tenho", disse Junqueira.

Comentários

Últimas notícias