Barraqueiros das praias de Pernambuco anunciam protesto contra restrições do governo do Estado
A categoria está insatisfeita com a restrição para trabalhar apenas de segunda a sexta-feira (das 10h às 20h)
Atualizada às 18h47
Contrários à prorrogação das medidas restritivas em Pernambuco - que incluem a proibição do comércio nas faixas de areia nos finais de semana e feriados - os comerciantes das praias do Estado vão realizar um protesto na próxima quinta-feira (27). A concentração será às 8h na Pracinha de Boa Viagem, no bairro de mesmo nome, na Zona Sul do Recife.
A categoria está insatisfeita com a restrição para trabalhar apenas de segunda a sexta-feira (das 10h às 20h), o que para eles implica em um baixo faturamento, já que nos fins de semana há mais movimento. Há uma proposta, inclusive, para que o comércio possa funcionar de sexta a segunda-feira e fosse fechado de terça a quinta.
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Segundo afirmou o presidente da Associação dos Barraqueiros da Orla de Boa Viagem, Severino da Silva, conhecido como "Biu do Gelo", em entrevista à Rádio Jornal, essa proposta já foi apresentada ao governo estadual. A categoria tem dialogado com as secretarias de Desenvolvimento Econômico e de Turismo.
"Hoje a gente está endividado, devendo agiotagem, depósito de carroça, equipamento quebrado e a gente não tem nenhuma condição de poder pagar mais nada", queixou-se Biu.
Na semana passada, o governo anunciou que as restrições que valiam no estado - com exceção de 53 municípios da Região Agreste - seriam prorrogadas novamente até o dia 6 de junho. Nesta terça-feira (25), foi publicado um novo decreto estadual com medidas ainda mais restritivas, com o mesmo prazo, podendo ser estendido caso os números da pandemia não regridam.
Nesta terça-feira (25), Pernambuco registrou recorde na média móvel de casos confirmados pelo segundo dia consecutivo, de 3.025 casos, maior índice desde o início da pandemia no estado em março de 2020. Foram 3.533 novos infectados nas últimas 24 horas e mais 72 óbitos ocasionados pela doença.
Na macrorregião 1, que abrange a Região Metropolitana do Recife (RMR) e cidades da Zona da Mata - apenas as chamadas "atividades permitidas" poderão funcionar nos sábados e domingos. Entre os estabelecimentos permitidos estão as padarias, supermercados, postos de gasolina e farmácias.
Com relação às praias, nos dias úteis continua permitido o banho de mar, prática de atividades físicas e uso de barracas. Nos finais de semana e feriados, porém, o acesso ao calçadão passará a ser proibido. Ainda assim, a população pode praticar atividades físicas individuais e tomar banho de mar, desde que não provoque aglomerações.
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Insatisfação
Na prática, o horário de funcionamento do comércio nas praias não muda, mas os comerciantes já estavam insatisfeitos desde a última prorrogação das restrições para o dia 6 de junho.
"Já tem quatro meses que a gente vive nessa situação. Esperávamos que a gente pudesse voltar no final de semana e não aconteceu isso. O governador prorrogou o decreto para o dia 6 de junho. A gente precisa se enquadrar para depois do dia 6 (de junho) se caso voltarem as atividades, que ele olhe também para a gente e deixe a gente voltar trabalhar nos finais de semana. Porque durante a semana é só para se endividar", disse "Biu do Gelo".
Severino argumenta que a categoria vem seguindo os protocolos sanitários de prevenção à covid-19, e pediu também que a população colaborasse. "A gente sabe que o vírus existe e é preciso que todo mundo colabore, use máscara, álcool em gel, o distanciamento. Da mesma maneira, a população também é culpada porque não colabora, então todo mundo paga um preço que não deveria pagar", alertou.
O presidente da Associação dos Vendedores Ambulantes e Artesãos de Artigos Diversos de Ipojuca (Avadir), Carlos Nunes, conhecido como "Carlão", reclama da falta de diálogo do governo estadual com a categoria.
"Não houve nenhuma discussão, nenhuma reunião. Simplesmente, eles deixaram a gente de fora da discussão. A doença (covid-19) é uma realidade. Mas também é uma realidade a questão do trabalhador, ele não tem nenhum auxílio, o governo não se preocupa em resolver os nossos problemas", queixou-se.
Ele ressalta também a situação financeira dos comerciantes das cidades do litoral pernambucano. Nas praias do litoral sul, como Porto de Galinhas, Maracaípe, além dos comerciantes, muitos trabalham com turismo na praia, como bugueiros e guias.
"O problema está sendo no interior, como já foi dito, mas o comércio em geral não vai aguentar (continuidade das restrições) não vai suportar, tanto o comércio como os trabalhadores de toda a faixa litorânea, não tem a menor condição", argumentou.
Governo estadual
Por meio de nota, a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico informou que o diálogo do Governo de Pernambuco com a representação dos setores econômicos é permanente "e o Estado vem atuando em várias frentes para reduzir o impacto da pandemia na economia".
A pasta aponta a impossibilidade de ampliar a flexibilização do funcionamento do comércio de praia, devido aos dados epidemiológicos no estado. "Em paralelo, a articulação de várias secretarias junto às prefeituras vem buscando formas de amenizar os danos financeiros desses trabalhadores, como a distribuição de cestas básicas. Vale ressaltar que o plano de convivência das atividades econômicas com a Covid-19 é dinâmico e a redução ou ampliação das restrições respondem diretamente aos dados da saúde", finaliza a secretaria.
Leia a íntegra da nota
"O Governo de Pernambuco informa que o diálogo com a representação dos setores econômicos é permanente e o Estado vem atuando em várias frentes para reduzir o impacto da pandemia na economia. Assim como em diversos setores, os dados epidemiológicos ainda não permitem ampliar a flexibilização no funcionamento do comércio de praia, atualmente proibido durante os fins de semana. Em paralelo, a articulação de várias secretarias junto às prefeituras vem buscando formas de amenizar os danos financeiros desses trabalhadores, como a distribuição de cestas básicas. Vale ressaltar que o plano de convivência das atividades econômicas com a Covid-19 é dinâmico e a redução ou ampliação das restrições respondem diretamente aos dados da saúde".