Por que a Ferrovia Transnordestina se arrasta há anos e não é concluída?
As obras da ferrovia foram iniciadas em 2006 e continuam inacabadas
O presidente do Porto de Suape, Roberto Gusmão, disse que "o problema" da Ferrovia Transnordestina é que o "dono da Transnordestina também é o dono de Pecém". Ele estava se referindo a um terminal privativo que movimenta carga no porto cearense de Pecém e pertence ao grupo de Benjamin Steinbruch. A concessão da Ferrovia Transnordestina é feita por uma empresa do grupo do empresário, a TLSA, e a parte da obra que fica em Pernambuco está paralisada pelo menos desde o final de 2016. A entrevista de Gusmão foi concedida à Rádio Jornal, no quadro Passando a Limpo, comandado pelo radialista Geraldo Freire. As obras da ferrovia foram iniciadas em 2006, continuam inacabadas e receberam R$ 6,2 bilhões até 2018.
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Roberto afirmou que o Governo de Pernambuco "está disposto a aportar recursos" para concluir o trecho pernambucano da ferrovia Transnordestina. Segundo ele, o trecho pernambucano pode ser finalizado com um investimento de R$ 500 milhões e chega a ser R$ 1 bilhão mais barato do que o necessário para concluir a parte cearense.
A ferrovia Transnordestina é um projeto importante para o desenvolvimento de Pernambuco, porque pode deixar o preço de vários produtos mais baratos no Estado - inclusive para o consumidor final. Caso fosse concluída, uma parte da carga sairia dos caminhões para ser transportada por trens. Isso traria impacto em várias cadeias produtivas que poderiam ficar mais competitivas, como, por exemplo, a avicultura, que poderia transportar pelos trens parte dos grãos usados para alimentar as aves, resultando numa expansão deste setor, que poderia gerar mais empregos e produzir mais.
A Ferrovia Transnordestina tem uma extensão de 1.752 quilômetros, começando na cidade de Eliseu Martins, no Sul do Piauí, e seguindo até Salgueiro. A partir desta cidade, os trilhos se dividem em dois trechos: um ramal iria para o Porto de Suape e o outro, para o Porto de Pecém, na Região Metropolitana de Fortaleza, capital do Ceará.
As obras da ferrovia estão paradas porque o grupo que tem a concessão parou de investir no projeto, que recebeu muitos recursos de origem pública, como o Fundo de Investimento do Nordeste (Finor) da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).
Segundo Roberto, o Governo do Estado está aguardando uma resposta do Ministério da Infraestrutura sobre qual o trecho que será implementado primeiro. O ministério contratou uma consultoria para indicar qual trecho é mais viável economicamente. "O que vai viabilizar a Transnordestina é a carga de minério de ferro para fazer o escoamento do Piauí para fora do País", comentou Gusmão. Ele argumentou também que, via Transnordestina, a partir de Suape podem ser distribuídos, para o interior, veículos, combustível, fertlizantes, chegando até o Vale do São Francisco, o Oeste baiano e o Sul do Piauí. As duas primeiras regiões têm uma agricultura pujante.
Confira o vídeo abaixo realizado em 2016, quando as obras já estavam paradas.
SUAPE
Roberto Gusmão disse que, este ano, o Porto de Suape fará um investimento próprio de R$ 54 milhões em obras internas e externas, como a recuperação dos molhes. Segundo ele, ainda este ano o governador Paulo Câmara (PSB) vai anunciar um projeto de tancagem de gás de cozinha, "investimento na casa do bilhão".
Ele disse também que Suape voltará a ficar mais estrturado a médio prazo com empreendimentos que vao se instalar como a fábrica de hidrogênio verde que vai ser implantada por uma empresa francesa e com a venda da Refinaria Abreu e Lima (Rnest) porque depois disso a refinaria deve concluir o segundo trem de produção, atingindo a sua capacidade máxima (de produzir).
O Porto de Suape foi o principal destino de grandes investimentos na primeira década dos anos 2000 com a implantação de dois estaleiros - que não se mostraram sustentáveis - e da refinaria, que até hoje não foi concluída. Gusmão acredita que Suape vai voltar a ser um dos principais polos geradores de emprego com, entre outras coisas, o novo polo de combustível formado pelo gás natural e o hidrogênio verde.