Offshore: Defesa de Guedes diz que irá protocolar esclarecimentos à PGR e ao STF
Ministro deve prestar esclarecimentos sobre a existência de uma offshore milionária em seu nome em Ilhas Virgens, um paraíso fiscal
Os advogados do ministro da Economia, Paulo Guedes, informaram nesta terça-feira (5) que irão protocolar uma petição à Procuradoria-Geral da República (PGR) e ao Supremo Tribunal Federal (STF) com esclarecimentos sobre a existência de uma offshore milionária em seu nome em Ilhas Virgens, um paraíso fiscal. A defesa afirma que o ministro "jamais atuou ou se posicionou de forma a colidir interesses públicos com privados"
A nota é assinada por Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso, advogados de Guedes, e foi repassada nesta noite pela assessoria de imprensa do Ministério da Economia. A defesa afirma que a apresentação dos esclarecimentos será "de forma voluntária".
- Pandora Papers: PGR abre apuração sobre offshores de Guedes e Campos Netto
- Para Fenafisco, offshores de Paulo Guedes e Campos Neto denotam conflito de interesse e ferem a moralidade pública
- Paulo Guedes é chamado por comissão do Senado para explicar offshore
- Offshores: comissão na Câmara convoca Guedes; CAE quer ouvir ministro e Campos Neto
Ontem, o procurador-geral da República, Augusto Aras, abriu um procedimento de apuração preliminar contra Guedes e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também possui uma offshore. Tecnicamente, o procedimento é uma espécie de 'pré-inquérito' que pode levar à abertura de uma investigação propriamente dita ou levar o caso a ser arquivado.
Ter uma empresa no exterior não é ilegal, desde que declarada à Receita Federal. Também é preciso declarar ao Banco Central, caso os ativos ultrapassem US$ 1 milhão.
A notícia sobre as offshores de Guedes e Campos Neto foi publicada no último domingo pelos sites da Revista Piauí e Poder360, que integram o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), responsável pela divulgação do Pandora Papers. Pelos dados, Guedes possui desde 2014 uma offshore chamada Dreadnoughts International e depositou US$ 9,54 milhões na conta da empresa. Segundo a Piauí, Guedes se manteve no controle direto da empresa mesmo depois de ingressar no governo.
A defesa do ministro, porém, afirma que os documentos que serão protocolados "deixam claro que o ministro, desde dezembro de 2018, se afastou da sua gestão, não tendo qualquer participação ou interferência nas decisões de investimento da companhia". Os advogados afirmam que também comprovarão a inexistência de qualquer remessa ou retirada de valores desde que o ministro assumiu o cargo, em 1º de janeiro de 2019.
Defesa
Segundo a defesa, Guedes "jamais se beneficiou no âmbito privado de qualquer política econômica brasileira".
"Reitera-se que toda a documentação e informação pessoal do ministro foi enviada à Comissão de Ética Pública e demais órgãos competentes, no início do mandato, os quais jamais viram qualquer conflito com o exercício do cargo", diz a nota.
Os advogados também classificaram as reportagens de "ilações", reafirmaram que os investimentos são "legais e declarados" e veem na divulgação das informações o "objetivo de criar um factoide político".
- Oposição vai acionar MPF para investigar offshores de Paulo Guedes e Campos Neto
- Paulo Guedes e presidente do BC dizem que empresas no exterior foram declaradas
- O que é offshore? Saiba tudo sobre o tipo de empresa que Paulo Guedes e outras autoridades mantêm em paraísos fiscais
- Omar Aziz não descarta convocar Paulo Guedes e Campos Neto para depor na CPI
- Fundamentos fiscais são alicerces de uma República, diz Guedes
- Não é só Paulo Guedes e Roberto Campos Neto. Ter dinheiro no exterior é sonho de milhares de brasileiros
Parlamentares se articulam para cobrar explicações. Hoje, a Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara aprovou a convocação de Guedes para explicar suas movimentações financeiras no exterior. Por ser convocação, o ministro terá de comparecer à audiência, que ainda terá a data definida. A ausência sem justificativa seria crime de responsabilidade.
No Senado, a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) quer ouvir tanto Guedes quanto Campos Neto. Neste caso, porém, foi aprovado apenas um convite aos dois, o que permite às autoridades recusar a participação na audiência. Se confirmarem, eles serão questionados pelos senadores da comissão no dia 19 de outubro.
"O ministro sempre se colocou à disposição das autoridades públicas e do Congresso Nacional no exercício de sua função pública e permanece à disposição", disse a defesa de Guedes.