CUSTO DE VIDA

Cesta básica aumentou de preço em nove cidades. Recife registrou o maior percentual de aumento, diz Dieese

Recife registrou uma alta de 8, 13%, sendo a mais alta variação registrada no levantamento realizado pelo Dieese em novembro último entre as 17 capitais pesquisadas

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Angela Fernanda Belfort

Publicado em 07/12/2021 às 17:31 | Atualizado em 07/12/2021 às 17:41
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O custo médio da cesta básica de alimentos aumentou em nove cidades em novembro, de acordo com a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) em 17 capitais. Entre os locais pesquisados, a campeã do aumento do custo de vida foi Recife com uma alta de 8,13%, sendo seguida pelas seguintes cidades: Salvador (3,76%), João Pessoa (3,62%), Natal (3,25%), Fortaleza (2,91%),Belém (2,27%) e Aracaju (1,96%). Também foi registrada variação positiva no custo médio da cesta em Florianópolis (1,40%) e Goiânia (1,33%). Pelos cálculos do Dieese, o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 5.969,17, o que corresponde a 5,42 vezes o piso mínimo vigente de R$ 1.100,00. Este cálculo foi feito com base na cesta mais cara (no mês passado) que foi a de Florianópolis que ficou em R$ 710,53 levando em conta uma família de quatro pessoas, sendo dois adultos e dua crianças. 

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A cesta básica do Dieese é composta por 12 produtos, incluindo café, leite integral, carne bovina, tomate, banana, açúcar, manteiga, farinha de mandioca, arroz, pão francês, óleo de soja e feijão.  Ainda em novembro, as reduções mais importantes ocorreram em Brasília (-1,88%), Campo Grande (-1,26%) e no Rio de Janeiro (-1,22%). Depois da cesta de Florianopólis, as mais caras foram a de São Paulo (R$ 692,27), Porto Alegre (R$ 685,32), Vitória (R$ 668,17) e Rio de Janeiro (R$ 665,60). Entre as capitais do Norte e Nordeste, as que tiveram o maior preço: Aracaju (R$ 473,26), Salvador (R$ 505,94) e João Pessoa (R$ 508,91) registraram os menores custos. A de Recife ficou por R$ 524,73. 

 

O preço do conjunto de alimentos básicos subiu em todas as capitais que fazem parte do levantamento, na comparação de novembro de 2020 e novembro de 2021. Os maiores percentuais foram observados em Curitiba (16,75%), Florianópolis (15,16%), Natal (14,41%), Recife (13,34%) e Belém (13,18%).
Entre janeiro e novembro de 2021, todas as capitais acumularam alta, com taxas entre 4,44%, em Aracaju, e 18,25%, em Curitiba.

MÍNIMO

Em outubro, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.886,50, ou 5,35 vezes o piso em vigor, de acordo com informações do Dieese.  E o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta, em novembro, ficou em 119 horas e 58 minutos (média entre as 17 capitais), maior do que em outubro, quando foi de 118 horas e 45 minutos.

Quando se compara o custo da cesta com o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em novembro, 58,95% (média entre as 17 capitais) do salário mínimo líquido para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta. Em outubro, o percentual foi de 58,35%.

RECIFE 

No Recife, a cesta básica pesquisada pelo Dieese registrou uma variação de 13,34% em 12 meses, finalizado no mês passado. Em novembro, aumentaram de preço dez dos 12 produtos que compõe a cesta básica,comparando com outubro: tomate (+44,81%), banana (+35,39%), café (+23,63%), leite integral (+9,62%), açúcar (+5,87%), manteiga (+4,65%), farinha de mandioca (+4,08%), arroz (+2,59%), pão francês (0,96%) e óleo de soja (+0,10%). Dois produtos apresentaram redução no preço: feijão (-0,96%) e a carne (-0,62%).

Ainda na capital pernambucana, o comportamento dos preços de janeiro a novembro de 2021 foi o seguinte: banana (+47,19%), açúcar (+43,60%), café (+26,31%), carne (+13,94%), tomate (+10,85%), manteiga (+7,32%), arroz (+6,87%), óleo de soja (+6,74%), feijão carioquinha (+5,09%),
farinha de mandioca (+4,56%), pão francês (+1,55%) e leite (-4,11%).

Confira as principais variações de preços de alguns produtos em todo o País: 

CAFÉ

O preço do quilo do café em pó subiu em todas as capitais, com destaque para as variações registradas em Recife (23,63%), Florianópolis (11,94%), Rio de Janeiro (11,39%), Porto Alegre (10,03%) e Curitiba (9,46%). A preocupação com o clima, ou seja, com impactos da geada na safra 2022/2023, repercutiu nos preços do café, tanto no mercado futuro quanto no varejo.

 AÇÚCAR

O preço do quilo do açúcar aumentou em 16 capitais e as altas oscilaram entre 0,51%, em Natal, e 7,24%, em Florianópolis. Em Belo Horizonte, não houve variação. A baixa oferta de açúcar elevou as cotações no varejo.

ÓLEO DE SOJA

O óleo de soja registrou elevação em 16 capitais, entre outubro e novembro. As maiores variações ocorreram em Aracaju (5,64%), Florianópolis (4,19%) e Fortaleza (4,16%). A alta nos preços externos da soja, a maior demanda pelo óleo e a valorização do dólar frente ao real explicaram o aumento do óleo de soja no varejo. O aumento do preço do produto no mercado internacional fez os produtores brasileiros exportarem mais, o que contribuiu para o preço subir. 

FEIJÃO

O preço do feijão recuou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as retrações oscilaram entre -4,97%, em Belo Horizonte, e -0,40%, em Brasília. Já as quedas do preço do feijão preto, pesquisado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, variaram entre e -3,05%, no Rio de Janeiro, e -0,13%, em Curitiba. Os altos patamares de preço do feijão inibiram a demanda, forçando os valores para baixo. Além disso, a maior oferta, pela colheita do sudoeste de São Paulo, reduziu os preços no varejo.

ARROZ 
O arroz agulhinha diminuiu de preço em 15 capitais; as quedas mais importantes foram registradas no Rio de Janeiro (-5,54%), Aracaju (-4,10%), Salvador (-3,12%) e Brasília (-2,79%). A menor comercialização do arroz, devido à baixa demanda, e a expectativa de estoques elevados do grão resultaram na redução das cotações nas capitais pesquisadas.

LEITE

O valor médio do litro do leite integral diminuiu em 13 capitais, com destaque para as taxas de Vitória (-4,84%), Curitiba (-3,70%), Rio de Janeiro (-3,21%), Belo Horizonte (-3,15%) e Campo Grande (-3,12%). Houve melhora nas pastagens e o período é de elevação de oferta, o que explica as quedas na maior parte das cidades.

CARNE BOVINA
A carne bovina de primeira teve o preço reduzido em 11 capitais em novembro. No entanto, antes disso preço da carne bovina aumentou muito. A oferta foi menor, consequência do período de entressafra da carne bovina. Entretanto, no varejo, o movimento foi de redução nas cotações, na maior parte das cidades; pois, além da sanção chinesa à carne brasileira, os altos patamares de preço da carne
bovina de primeira inviabilizam o acesso de grande parte das famílias brasileiras.

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