Dados IBGE

Pernambuco lidera taxa de desemprego do País, com maior índice desde 2012

O Estado teve uma melhora nos números do 4º trimestre de 2021, mas o resultado do ano como um todo não foi animador

JC
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Publicado em 24/02/2022 às 12:53
TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL
MULTIDÃO Em maio, País ainda tinha 10,631 milhões de desempregados e outros 4,3 milhões de desalentados - FOTO: TOMAZ SILVA/AGÊNCIA BRASIL
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A taxa de desocupação em Pernambuco em 2021 chegou a 19,9% da população em idade de trabalhar, o percentual mais alto do Brasil, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada nesta quinta-feira (24) pelo IBGE.

Esse foi o maior percentual já atingido pelo Estado desde o início do levantamento, em 2012. Em 2020, a taxa de desocupação no Estado havia sido de 17,2%. Por outro lado, o desemprego no Brasil caiu de 13,8% em 2020 para 13,2% no ano passado.

De acordo com o IBGE, em números absolutos, a população desocupada - aquela que procurou emprego e não encontrou - foi de 831 mil pessoas em 2021, 25,5% a mais do que no ano anterior.

Gerente de planejamento e gestão do IBGE em Pernambuco, Fernanda Estelita destaca o avanço da vacinação contra a covid-19 e a flexibilização do distanciamento social ocasionado pela pandemia como alguns dos motivos pelos quais mais pessoas voltaram a procurar trabalho no ano passado após ficarem inativas em 2020.

Fernanda ainda elenca mais hipóteses para o aumento da taxa de desocupação em 2021. “Ao longo de 2020, uma parcela significativa da população recebeu o Auxílio Emergencial, que foi reduzido tanto em valores quanto em número de beneficiados no ano passado. Outro fator que pode ter contribuído foi o fechamento de escolas e a evasão escolar de jovens durante a pandemia. Sem acesso a estudo e com dificuldades financeiras, parte deles passou a buscar ocupação para auxiliar nas despesas domésticas”, disse.

Informalidade

A pesquisa mostra ainda que a taxa de informalidade – trabalhadores sem carteira, trabalhadores domésticos sem carteira, empregador sem CNPJ, conta própria sem CNPJ e trabalhador familiar auxiliar – subiu de 48% em 2020 para 51,1% em 2021, o oitavo maior percentual do país, empatado com a Paraíba.

No total, um milhão e 737 mil pernambucanos trabalharam na informalidade em algum momento de 2021. De acordo com o IBGE, o resultado pode ser explicado pela volta de vários dos trabalhadores informais aos postos que haviam deixado de ocupar em 2020 por conta da pandemia.

A pressão sobre o mercado pernambucano também é ilustrada pelo aumento da população na força de trabalho, que chegou a 4,1 milhões de pessoas em 2021 contra 3,8 milhões em 2020, um avanço de 8,5%. Esse grupo é composto pela soma de trabalhadores ocupados e trabalhadores desocupados. Enquanto mais pessoas voltaram a buscar trabalho, o rendimento médio habitual de todos os trabalhos em 2021 foi de R$ 1.837, o menor desde o início da PNAD Contínua.

Desalentados

O IBGE também chama a atenção para a queda de 8,1% no número de pessoas desalentadas, passando de 367 mil em 2020 para 338 mil no ano passado. A população desalentada é definida como aquela que está fora da força de trabalho, que não havia realizado busca efetiva por trabalho pelas seguintes razões: não conseguir trabalho, ou não ter experiência, ou ser muito jovem ou idosa, ou não encontrou trabalho em sua localidade e que, se tivesse encontrado trabalho, estaria disponível para assumir a vaga.

Taxa de desocupação caiu no quarto trimestre de 2021

Além dos dados de todo o ano de 2021, o IBGE também divulgou resultados da PNAD Contínua separados sobre o quarto trimestre de 2021. Nesse período específico, a taxa de desocupação recuou para 17,1% da população em idade de trabalhar em Pernambuco.

Também no quarto trimestre, a queda no desemprego foi de 2,2 pontos percentuais em relação ao terceiro trimestre do ano passado, quando a taxa chegou a 19,3%. Mesmo assim, o Estado teve a terceira maior taxa de desocupação do país, atrás apenas do Amapá (17,5%) e da Bahia (17,3%).

Em números absolutos, 723 mil pernambucanos procuraram emprego entre outubro, novembro e dezembro e não encontraram. Foram 83 mil pessoas desocupadas a menos em relação ao trimestre anterior. O número também é menor em comparação ao quarto trimestre de 2020, quando 775 mil pessoas, ou 19,4% da população em idade de trabalhar, procuraram trabalho, mas não encontraram.

Enquanto isso, o número de pessoas ocupadas em Pernambuco subiu de três milhões e 374 mil pessoas no 3º trimestre deste ano para três milhões e 494 mil trabalhadores no 4º trimestre, o que equivale a um aumento de 3,6%, ou 120 mil pessoas a mais.

O número de empregados do setor privado cresceu 5,9% no acumulado de outubro a dezembro frente ao trimestre anterior, chegando a um milhão e 591 mil trabalhadores, um saldo de 89 mil pessoas a mais. Outro destaque na PNAD Contínua foi o aumento na quantidade de trabalhadores domésticos sem carteira, passando de 134 mil para 156 mil pessoas, um avanço de 16,6%.

“Os dados do último trimestre de 2021, com queda no número de pessoas desocupadas e aumento dos trabalhadores informais e dos subocupados, mostra que as novas vagas criadas ainda são precárias, o que é confirmado pela redução no rendimento médio do Estado. É importante lembrar também que o último trimestre do ano tradicionalmente registra uma queda na taxa de desocupação em função das vagas temporárias criadas no fim do ano, especialmente nos setores de comércio e serviços”, avalia Fernanda Estelita.

A taxa de informalidade passou de 52,1% da população ocupada no terceiro trimestre de 2021 para 52,6% no último trimestre do ano passado. O percentual equivale a um milhão e 838 mil pessoas. A PNAD Contínua mostra ainda que os trabalhadores subocupados por insuficiência de horas trabalhadas, aqueles que trabalham menos horas do que poderiam trabalhar, alcançou 362 mil pessoas no quarto trimestre de 2021, um aumento de 11,6% frente ao período anterior.

O rendimento médio habitual das pessoas ocupadas, no entanto, caiu 3,3% no acumulado de outubro a dezembro em relação ao trimestre anterior e chegou a R$ 1.709, o menor rendimento desde 2018. Quando se compara com o último trimestre de 2020, a perda chega a 10,5%.

No 4° trimestre de 2021, a desocupação ficou em 11,1% no país, caindo 1,5 ponto percentual em relação ao 3º trimestre de 2021 (12,6%) e 3,0 pontos frente ao mesmo trimestre de 2020 (14,2%). Todas as regiões tiveram queda na taxa ante ao trimestre anterior, sendo que a Nordeste (17,6%) se mantém com o maior índice. Além disso, houve queda no desemprego em 15 unidades da federação, sendo as maiores em Alagoas (2,6 p.p.) e Sergipe (2,5 p.p.).

As maiores taxas de desocupação foram as do Amapá (17,5%), Bahia (17,3%), Pernambuco (17,1%). As menores foram observadas em Santa Catarina (4,3%), Mato Grosso (5,9%) e Mato Grosso do Sul (6,4%).

 

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