Venda da refinaria em Pernambuco: como ficam os 10 mil empregos e R$ 5 bilhões da Abreu e Lima?
Estatal anunciou, nesta segunda-feira (27), a retomada do plano de desinvestimento da Refinaria Abreu e Lima, em Suape
Nesta segunda-feira (27), a Petrobras confirmou a retomada do plano de venda da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), localizada em Suape, na Região Metropolitana do Recife. Com o anúncio, crescem as duvidas em torno dos investimentos prometidos pela estatal para a conclusão do segundo trem de refino da Rnest, que tem previsão de um aporte de R$ 5 milhões e possibilidade de gerar 10 mil empregos na refinaria até 2026.
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A Petrobras já havia tentado vender a Rnest anteriormente, mas não obteve sucesso. Desde 2019, a refinaria - mais moderna da estatal e considerada a mais cara do mundo - não gerou o interesse de compradores.
Um dos 'detalhes' que contribuem para o desinteresse na compra é a falta de conclusão do segundo trem de refino da Rnest, o que resulta na produção de metade do que seria a sua capacidade.
A Refinaria Abreu e Lima está em operação há sete anos e é a mais moderna do País. última unidade de refino entregue pela Petrobras, ela teve custo de US$18,5 bilhões, segundo a Petrobras. O montante, no entanto, foi apontado na operação lava Jato com um sobrepreço de 566% em função do pagamento de propinas.
O custo, embora a unidade até hoje só atue com a produção de 130 mil barris por dia (1º trem), colocou o empreendimento como o mais caro do tipo no mundo, mesmo com uma performance que corresponde a 5% da capacidade total de refino de petróleo do País.
Com o segundo trem de refino a produção dobraria, podendo passar a representar 10% do refino em todo o País. A compra pode garantir uma boa fatia do mercado ao novo dono, mas não houve quem quisesse se comprometer sem que a refinaria tivesse chegado a sua capacidade máxima.
Ciente disso, a Petrobras confirmou, no fim do ano passado, a manutenção de investimentos para conclusão do segundo trem de refino, para só após concluir a venda.
No plano quinquenal - de 2022 a 2026 - a estatal se comprometeu a aportar cerca de R$ 5 milhões (US$ 1 bilhão) para a conclusão da refinaria. O anúncio veio associado à informação de que isso traria 10 mil empregos para o Estado - uma amostra do poder de geração de emprego que no início da década passada a construção da refinaria concentrou em Pernambuco. Agora, com a retomada da venda, surgem questionamentos sobre a efetiva concretização dos investimentos.
Como ficam os 10 mil empregos e a conclusão da refinaria Abreu e Lima?
Questionada pelo JC sobre os investimentos planejados, a Petrobras reforçou que na apresentação do PE 2022-2026, o diretor Rodrigo Araujo comentou sobre o tema. Ele explicou que a construção do Trem 2 seria para “adicionar valor e capturar no processo de desinvestimento”.
Em outras palavras, a Petrobras se comprometeu a investir em meio ao processo de venda, para agregar valor à já custosa refinaria, e fazê-la interessante aos olhos de quem pretende investir.
Nesse quesito estão habilitados empresas do setor de óleo e gás com receita bruta anual, em 2021, superior a US$3,0 bilhões que possuam e que operem ativos de produção, refino, transporte, logística, varejo, comercialização ou distribuição de petróleo e/ou seus derivados.
Também poderão se habilitar investidores financeiros e outros, sendo investidor ou grupo econômico com, pelo menos, US$1 bilhão em ativos sob gestão ou controle.
“Com relação à Rnest, estamos prevendo o prosseguimento dos projetos de aumento de capacidade do Trem 1, e finalização da construção do Trem 2, com agregação de capacidade de cerca de 145 mil barris por dia. E, com isso, o nosso raciocínio, o nosso entendimento, é que nós damos prosseguimento a esse projeto, que adiciona valor, que nós podemos capturar no processo de desinvestimento', reforçou a Petrobras em referência à fala do diretor Rodrigo Araujo.
Ainda assim, a estatal ainda não apresenta prazos para os investimentos anunciados.