Com Estadão Conteúdo
A gasolina foi o item de maior pressão sobre a inflação oficial no País em novembro. O combustível aumentou 2,99%, uma contribuição de 0,14 ponto porcentual para a taxa de 0,41% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no último mês, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Segundo Pedro Kislanov, a alta da gasolina foi puxada por um aumento no etanol, que subiu 7,57% em novembro.
"A gasolina subiu porque o preço do etanol subiu bastante também O etanol foi bastante afetado pelo período de entressafra da cana-de-açúcar. Não só isso: como o preço do açúcar está elevado, o produtor tem preferido produzir mais açúcar que etanol", disse Kislanov.
Com gasolina e etanol mais caros, os combustíveis subiram 3,29% em novembro, após terem recuado 1,27% em outubro. O óleo diesel aumentou 0,11%, enquanto o gás veicular teve queda de 1,77%.
"A gasolina tem queda acumulada no ano de 25% nos preços", lembrou Kislanov.
O grupo Transportes encerrou novembro com uma elevação de 0,83%, o equivalente a uma contribuição de 0,17 ponto porcentual para o IPCA do mês.
Além dos combustíveis, destacaram-se as altas de emplacamento e licença (1,72%), automóvel novo (0,50%) e seguro voluntário de veículo (0,97%), que contribuíram conjuntamente com 0,07 ponto porcentual para a inflação.
Na direção oposta, os preços das passagens aéreas recuaram 9,80%, após as altas de 8,22% em setembro e 27,38% em outubro. As passagens aéreas ainda acumulam uma alta de 22,44% no ano.
A inflação acumulada no ano chega a 5,13% e, nos últimos 12 meses, a 5,90%, abaixo dos 6,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em novembro de 2021, a taxa havia sido de 0,95%
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em novembro. Os grupos Transportes (0,83% e 0,17 p.p.) e Alimentação e bebidas (0,53% e 0,12 p.p.) foram os que impactaram de forma mais expressiva o índice do mês. Juntos, os dois contribuíram com cerca de 71% do IPCA de novembro. Já a maior variação veio de Vestuário (1,10%), ficando acima de 1% pelo quarto mês consecutivo.
O grupo Saúde e cuidados pessoais (0,02%) ficou próximo da estabilidade, mostrando uma desaceleração em relação a outubro (1,16%). Habitação (0,51%), por sua vez, ficou acima do observado no mês anterior (0,34%).
Já em Alimentação e bebidas, os maiores responsáveis pela alta de 0,53% foram os alimentos para consumo no domicílio (0,58%). As maiores variações vieram da cebola (23,02%) e do tomate (15,71%), cujos preços já haviam subido em outubro (9,31% e 17,63%, respectivamente). Houve alta também nos preços das frutas (2,91%) e do arroz (1,46%).
“No caso da cebola tivemos uma redução da oferta nacional, principalmente do Nordeste, mas também de outros locais como São Paulo e Minas Gerais. Essa diminuição não foi coberta por importações porque não existe uma grande oferta de cebola no mercado externo. Em relação ao tomate, a oferta costuma ser afetada pelo fator clima. Nesta época do ano, a safra de inverno já está esgotada”, acrescenta Kislanov.
No lado das quedas, o destaque foi o leite longa vida (-7,09%), assim como já havia acontecido nos meses anteriores. No ano, a variação acumulada do produto, que chegou a 77,84% em julho, está agora em 31,20%. Houve recuo também nos preços do frango em pedaços (-1,75%) e do queijo (-1,38%).
A variação da alimentação fora do domicílio (0,39%) ficou abaixo do mês anterior (0,49%). Enquanto a refeição desacelerou de 0,61% em outubro para 0,36% em novembro, o lanche seguiu caminho inverso, passando de 0,30% para 0,42%.
Na capital pernambucana, o IPCA ficou em 0,39% no mês de novembro. Assim como no cenário nacional, o grupo de transportes pressionou com alta de 1,04%. Em seguida, Alimentação e Bebidas e Habitação aparecem com altas de 0,50%.