Contas públicas

GOVERNO RAQUEL LYRA: Queda de R$ 1,2 bilhão no ICMS de Pernambuco será preocupação do secretário da Fazenda

Novo secretário da Fazenda do governo Raquel Lyra, Wilson José de Paula terá como um dos seus desafios na pasta, discutir formas de compensação na queda do ICMS, tributo mais importante de Pernambuco

Adriana Guarda
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Adriana Guarda
Publicado em 03/01/2023 às 18:17 | Atualizado em 03/01/2023 às 18:23
Divulgação/CRC-DF
Wilson José de Paula já foi secretário da Fazenda do Distrito Federal e agora empresta sua experiência ao governo de Raquel Lyra, em Pernambuco - FOTO: Divulgação/CRC-DF

A queda no ICMS deverá ser uma das primeiras preocupações do novo secretário da Fazenda de Pernambuco, Wilson José de Paula, empossado na segunda-feira (2) pela governadora Raquel Lima (PSDB). Pelos cálculos do antecessor, Décio Padilha, o balanço de 2022 vai fechar com uma perda de R$ 1,2 bilhão. 

O encolhimento na arrecadação do principal tributo estadual reflete o impacto das leis federais 192 e 194, que reduziram alíquotas e mudaram a base de cálculo dos combustíveis. Em vigor desde março de 2022, a Lei 192 definiu que o tributo não seria mais cobrado pelo preço praticado na bomba, mas por uma média móvel dos últimos 60 meses.

Já a lei complementar 194, em vigor desde julho, reduziu as alíquotas de ICMS dos combustíveis de 29% para 18% e de energia elétrica de 25% para 18%. Segundo o ex-secretário, só a Lei 192 provocou uma perda mensal de R$ 130 milhões no ICMS estadual. 

A perda de arrecadação lança uma preocupação futura, porque a educação e a saúde são custeadas com recursos do ICMS. Por imposição constitucional, de todo o ICMS arrecadado pelos estados, no mínimo 25% tem que ser repassado para a educação e outros 12% para a saúde. Se o recolhimento for menor, vai comprometer o resultado dos serviços prestados à população, sem falar que ano a ano as demandas aumentam. 

"Pela Constituição, você tem 37% do ICMS já comprometido com educação e saúde, seja qual for arrecadação. Em função dessa queda provocada pelas leis 192 e 194, Pernambuco e mais sete Estados pediram compensação dos valores na Justiça", explicou Padilha, em conversa com o JC antes de deixar o governo. 

COMPENSAÇÃO DAS PERDAS  

Pelos cálculos do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal (Comsefaz), entre julho e dezembro de 2022, as perdas de ICMS de todas as Unidades da Federação vão somar um total de R$ 38,3 bilhões. A questão foi judicializada e os Estados tentam a compensação das perdas.   

Em sessão virtual extraordinária no dia 14 de dezembro, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por unanimidade, homologou acordo firmado entre os estados, o Distrito Federal e a União sobre o ICMS dos combustíveis.

Segundo o termo homologado, a União encaminhará ao Congresso Nacional propostas de aperfeiçoamento legislativo das leis complementares 192 e 194, que passou a considerar os combustíveis como bens e serviços essenciais e uniformizou as alíquotas do ICMS sobre combustíveis em todo o País. 

O novo secretário da Fazenda, Wilson José de Paula, foi procurado pelo JC para comentar a queda no ICMS e as contas públicas de Pernambuco, mas não conseguiu atender porque ainda está participando de várias reuniões para tomar pé da situação da pasta.

A demora na divulgação do secretariado de Raquel Lyra comprometeu a transição no âmbito das secretarias. As equipes dos dois governos precisavam ter uma conversa mais próxima, secretaria a secretaria, para conhecer as informações e peculiaridades de cada uma. 

EXPERIÊNCIA NA SEFAZ DO DF

No caso de Wilson de Paula, a adaptação será uma questão de tempo, uma vez que traz no currículo, a experiência de secretário da Fazenda do Distrito Federal.

Além do conhecimento prático, ele é graduado em história pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em administração e política tributária pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e auditor-fiscal da Receita do DF desde 1995. De Paula também tem especialização em finanças públicas pela Universidade de Bath, na Inglaterra.

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