Em 80 anos de história, o Senai transformou a vida de várias gerações de jovens e adultos no Brasil e em Pernambuco. Só nos últimos 5 anos, mais de 340 mil alunos passaram pelos cursos técnicos, de qualificação e de aperfeiçoamento da instituição no Estado. Das salas de aula para dentro das indústrias, estudantes (sobretudo de baixa renda) seguiram não só uma trajetória profissional, mas garantiram a conquista da cidadania.
Maely Aucelia dos Santos, de 47 anos, faz parte dessa história. Formada no curso técnico de Decoração de Ambientes, na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (Etepam), ela sequer conseguiu estágio na área. Trabalhou numa bomboniere no comércio, foi auxiliar de classe em uma escola e agente de saúde escolar.
Em 2012, atenta à 'explosão' que acontecia no Complexo de Suape, com a chegada de grandes empreendimentos e a atração de novas indústrias, decidiu fazer um curso de soldador de estruturas metálicas no Senai. "Minha prima Patrícia tinha seguido por esse caminho e estava dando certo. Então resolvi apostar também, embora nunca tivesse atuado na área e sentisse um pouco de medo da solda na época", lembra.
Maely conta que fez um curso gratuito e intensivo de três meses na escola do Senai do Cabo de Santo Agostinho. "Recebíamos uma bolsa do governo do Estado e o transporte, enquanto o Senai nos fornecia o fardamento, os EPIs e todo o material do curso. Na minha turma, a maioria dos alunos era mulher. Eu costumo dizer que devo tudo o que tenho hoje a Deus e ao Senai", afirma.
Quando concluiu o curso, no final de 2012, Maely deixou currículo em várias empresas de Suape. Uma delas foi a GRI Torres, multinacional espanhola fabricante de torres eólicas. Desempregada há bastante tempo e, sem conseguir emprego imediatamente como soldadora, foi parar na biblheteria do Metrô do Recife.
"Estava no Metrô fazia menos de um mês quando recebi um telefonema para participar de uma seleção de emprego. Era da GRI Torres Brasil. Fazia dois anos que minha prima Patrícia, que trabalhava na GRI, tinha deixado meu currículo lá. Tive sorte porque era meu dia de folga no metrô. Fiz uma prova, uma redação e uma entrevista e comecei a trabalhar no dia seguinte. Estou lá até hoje como soldadora de arcos-submersos (um dos carros-chefes na área de operação)", comemora.
O curso de soldador de estruturas metálicas do Senai foi o passaporte para a entrada de Maely na GRI Torres Brasil. Parceira do Senai na qualificação de mão-de-obra, a empresa costuma contratar profissionais treinados pela instituição. "Recentemente fiz outro curso do Senai, de Inspetor de Qualidade (EAD), conta.
Nas histórias de formação profissioanal do Senai também têm os casos de alunos que viraram professores e gestores. Paulo Djalma tinha 23 anos quando entrou na escola de Santo Amaro, em 2000, para fazer um curso técnico gratuito de Refrigeração e Climatização. O que ele não imaginava é que construiria uma trajetória profissional dentro da própria instituição, virando professor, coordenador e gerente de escolas no Estado.
Na época em que cursava refrigeração, Paulo era morador de Maranguape I, em Paulista, sua mãe estava desempregada e a renda de comerciário do seu pai era a única da casa para sustentar a família. Mais velho dos três filhos do casal, ele queria ter uma profissão e um trabalho para ajudar financeiramente.
"O Senai transformou a minha vida. Foi a partir dele que consegui ter uma formação técnica e isso me permitiu entrar no mercado de trabalho. Com esse retorno financeiro, eu consegui colocar alguns projetos de vida para frente, como ajudar a minha família. Na época, meu curso fazia parte um programa de gratuidade, voltado para o público de baixa renda, que era a minha realidade", lembra.
Na instituição, Paulo logo foi reconhecido como "nerd", destacando-se nas Olimpíadas do Conhecimento de 2003. Ficou em primeiro lugar na etapa Estadual, no Recife e representou Pernambuco na etapa nacional (também em primeiro lugar), em Minas Gerais. Em 2005, enfrentou uma disputa internacional com 17 países em Helsinque, na capital da Finlândia, e trouxe a medalha de prata para o Brasil, conquistando o segundo lugar.
Na sua carreira dentro do Senai, Paulo foi professor, coordenador e especialista técnico da instituição. Sua trajetória começou em 2006, como Assistente de Manutenção. Em 2007, foi aprovado em um seleção para professor e atuou na área até 2014. A partir de 2014, assumiu a coordenação técnica dos cursos de refrigeração e climatização e do setor automotivo da escola de Santo Amaro. Hoje é gerente escolar das unidades de Santo Amaro e Paulista.