O Sesc e o Senac realizam atos públicos nesta terça-feira (16), no chamado Dia S para protestar contra a PLV que destina 5% dos recursos das instituições para a Embratur. A amanifestação reunirá colaboradores do Sistema Comércio, usuários, alunos e professores em apoio às instituições. Na ocasião, também serão coletadas assinaturas para o abaixo-assinado contra o desvio de 5% dos recursos. O documento que já conta com 500 mil adesões (https://cnc.portaldocomercio.org.br/sousescsenac).
Em Pernambuco, a manifestação contra a PLV será comandada pelo presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac, Bernardo Peixoto, com articulação com todas as unidades do Sesc e Senac do Estado, que suspenderão suas atividades às 15h e seus colaboradores sairão em passeata, pacífica, pelos principais pontos dos municípios que possuem um equipamento do Sistema. No Recife, a concentração será em frente à Casa do Comércio, às 16h, no bairro de Santo Amaro, com destino a rua da Aurora. Neste dia, não haverá atendimento ao público.
“O nosso objetivo é conscientizar a população brasileira da importância do Sesc e do Senac, na formação profissional e cultural dos brasileiros. Além disso, queremos mostrar o impacto negativo e a insatisfação do Sistema Fecomércio, com esses cortes de verbas, que podem gerar desemprego e diminuição de uma série de programas", o presidente do presidente do Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Pernambuco, Bernardo Peixoto.
Ele se refere a programas como os 100 mil kg de alimentos distribuídos pelo Mesa Brasil Sesc; Cortes de mais de 400 mil atendimentos nas diversas áreas de atuação do Sesc Pernambuco, tais como, Educação, Lazer, Esporte, Cultura, Saúde e Assistência; Fechamento de 03 Unidades Educacionais do Senac; e redução de 6.800 atendimentos, dos quais 2.600 alunos em cursos de Formação Profissional.
De acordo com o Sesc/Senac, esses dados são sapena de Pernambuco, onde estão 23 unidades do Sesc espalhadas por 17 municípios e mais 7 unidades do Senac, que atendem à Região Metropolitana do Recife, além de Agreste e Sertão do Estado.
Todas as unidades do Sesc, nos municípios de Araripina, Bodocó, Floresta, Jaboatão dos Guararapes, Serra Talhada, Triunfo, Petrolina, Arcoverde, Belo Jardim, Buíque, Caruaru, Garanhuns, Surubim, Goiana, São Lourenço, Recife, estarão fechadas e sem atendimento ao público. As unidades do Senac nas cidades do Recife, Paulista, Vitória de Santo Antão, Caruaru, Garanhuns, Petrolina e Serra Talhada funcionarão no horário da manhã e noite, e, à tarde, iniciam no horário normal.
Às 15h, as atividades serão suspensas para a manifestação, reabrindo após o seu término. Os colaboradores do Sistema Comércio estão sendo convidados a comparecer no ato vestidos de preto para juntos reforçarem o papel social do Sesc e do Senac na vida da população e na geração de emprego e renda no Brasil.
O corte foi aprovado na Câmara dos Deputados, por meio dos artigos 11 e 12, inclusos no Projeto de Lei de Conversão (PLV) 09/2023, e deve ir à votação no Senado Federal, nesta quarta-feira (17/05).
Na semana passada, duas cartas foram endereçadas aos senadores – uma encaminhada pelos trabalhadores e outra pelos empresários. As Confederações Patronais do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), da Indústria (CNI), da Agricultura e Pecuária (CNA), dos Transportes (CNT) e das Cooperativas (CNCoop) enviaram ao Senado mensagem afirmando que o indevido e injusto redirecionamento de valores prejudicará milhões de atendimentos gratuitos oferecidos à população nas áreas de saúde, educação, assistência, cultura, lazer e profissionalização.
No mesmo sentido, foi enviado um documento assinado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços da CUT e Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio.
Se os dispositivos entrarem em vigor, existe o risco real de encerramento das atividades do Sesc e do Senac em mais de 100 cidades brasileiras e mais de R$ 260 milhões deixarão de ser investidos em atendimentos gratuitos (incluindo exames clínicos e odontológicos, por exemplo). Além do fechamento de unidades, também podem ocorrer demissões de mais de 3,6 mil trabalhadores, redução de 2,6 milhões de quilos de alimentos distribuídos pelo Programa Mesa Brasil, fechamento de 7,7 mil matrículas em educação básica e 31 mil em ensino profissionalizante, entre outros prejuízos que serão sofridos diretamente pela população atendida.
PREJUÍZO AO TURISMO
A CNC não apenas defende a promoção do turismo brasileiro, bem como trabalha há mais de 75 anos pelo desenvolvimento do setor. Somente na área do turismo, além do fechamento de 23 laboratórios de formação e qualificação de mão de obra para o setor, o programa de Turismo Social, pelo qual o Sesc oferece passeios e viagens a preços acessíveis, seria afetado. O projeto, que é referência na América Latina, estimula o desenvolvimento do setor em diversas localidades do interior do País, muitas delas dependentes do programa para grande parte do movimento turístico.
“É um contrassenso que sejam retirados valores da assistência social para a população enquanto o Brasil renuncia a R$ 2,5 bilhões por ano com a retomada de exigência de visto para turistas dos Estados Unidos, do Canadá, do Japão e da Austrália”, afirma o presidente da CNC, José Roberto Tadros. Conforme estudo da Confederação, a suspensão da necessidade de visto para turismo no Brasil havia ampliado em 21,5% a quantidade de estrangeiros desses países em 2019, no comparativo com o ano anterior.
Por lei, todos os recursos de Sesc e Senac devem financiar programas de bem-estar social aos comerciários e suas famílias, além de criar e administrar escolas de aprendizagem comercial e cursos práticos, de formação continuada ou de especialização para os empregados do comércio. O sistema Secs/Senac suque que, se entrar em vigor, a nova legislação é inconstitucional e fere inúmeras decisões do Supremo Tribunal Federal (STF).
Decisões do STF determinam que essas verbas não são públicas, já que as contribuições dos grandes empresários do setor terciário devem ser destinadas exclusivamente para essas finalidades. Mesmo sem contribuir, as micro e pequenas empresas também são beneficiadas pela qualificação de funcionários e melhoria das condições de vida da população em geral.
O Sistema Sesc/Senac também defende que o valor apontado pela Embratur como suposto “superávit” do Sesc e do Senac já está comprometido com obras de manutenção ou início de novas unidades por todo o País. O orçamento de 2023 foi pactuado pelo Conselho Fiscal do Sesc e do Senac, formado por sete entes, sendo quatro lideranças do governo federal, dois de entidades empresariais e um representante da classe trabalhadora. Os recursos foram empenhados para uso previamente determinado e de conhecimento de todos, inclusive, do governo.