O governo Federal ainda não conseguiu explicar as razões do apagão, que deixou 29 milhões de pessoas sem energia elétrica em 24 Estados e no Distrito Federal, no dia 15 de agosto. Na próxima sexta-feira (25) está agendada a primeira reunião com a participação do Ministério de Minas e Eenergia (MME), da Aneel e dos agentes de geração, transmissão e distribuição.
A ideia é avaliar as informações consolidadas enviadas pelos envolvidos na ocorrência e, assim, dar início à elaboração de um documento. Uma segunda rodada já está previamente marcada para 1º de setembro. A expectativa é que o relatório seja concluído em até 45 dias úteis.
O relatório deverá conter a avaliação detalhada da ocorrência, a causa raiz, a sequência de eventos, o desempenho das proteções e outros fatores, além das recomendações e providências, que constarão neste Relatório de Análise de Perturbação (RAP), conforme estabelecido em Procedimentos de Rede, previamente aprovados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Na quinta-feira (17), foi divulgado um documento técnico e inicial com informações consolidadas, denominado Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional - IPIE, que servirá de base para o diagnóstico final. O documento aponta, como já divulgado anteriormente, que o ponto de partida do distúrbio foi a LT 500 kV Quixadá-Fortaleza II, de propriedade da Eletrobras Chesf. Uma atuação incorreta no sistema de proteção da linha, que operava dentro dos limites, ocasionou o seu desligamento.
Na avaliação inicial, demonstrada às instituições do setor elétrico, a equipe técnica do ONS reiterou que um evento dessa natureza, de forma isolada, não seria suficiente para ocasionar a interrupção de energia elétrica observada na ocorrência em questão.
O desligamento refletiu desproporcionalmente em equipamentos adjacentes e ocasionou oscilações elétricas (tensão e frequência) no sistema das regiões Norte e Nordeste, e que transcorridos 600 milisegundos, houve a atuação de Proteções de Perda de Sincronismo (PPS), responsáveis pela abertura controlada de linhas que compõem as interligações Norte - Nordeste, Nordeste - Sudeste e Norte - Sul, separando o SIN em três áreas elétricas. Sendo assim, neste momento, mais documentos estão sendo recebidos e avaliados para que se faça um diagnóstico mais aprofundado e detalhado sobre a situação.
OPERAÇÃO ATUAL
Enquanto o governo não conclui o relatório sobre o que aconteceu, o sistema está sendo operado atualmente em condições mais conservadoras para garantir a segurança do atendimento conforme previsto nos Procedimentos de Rede.
Entre as medidas tomadas pelo Operador, estão a redução no carregamento das linhas de transmissão e a postergação de manutenções programadas. Exemplos de ações que estão sendo tomadas: redução no carregamento das linhas de transmissão, postergação de manutenções programadas e utilização de geração.
CRONOLOGIA DO APAGÃO
A ocorrência no SIN iniciou às 8h30min do dia 15 de agosto de 2023, com interrupção de cerca de 19 mil MW, do total de 73 mil MW que estavam sendo atendidos no momento, representando aproximadamente 27% da carga total daquela hora. O evento provocou a separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul, Sudeste/Centro-Oeste, com abertura das interligações entre essas regiões, afetando 24 estados e o Distrito Federal.
Com interrupção de 19 mil MW, mais ou menos um terço dos consumidores brasileiros foram atingidos. O País tem entre entre 85 milhões a 90 milhões de consumidores, então em média de 27 a 29 milhões de brasileiros tiveram essa interrupção momentânea de energia.
Considerando as regiões geográficas do País, foram suspensas as cargas da região Norte (5,4 mil MW), parte da região Nordeste (7 mil MW - 56%) e houve cortes controlados de carga (Esquema Regional de Alívio de Carga - ERAC) em parte dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul (6,4 mil MW). Na análise inicial, o ONS indicou que o sistema atuou conforme esperado, evitando um corte maior nessas regiões.
PERNAMBUCO E O NORDESTE
A redução da carga em Pernambuco atingiu 1,5 milhão de unidades consumidoras, entre residenciais, industriais e comerciais. A queda na carga no Estado foi de 38%, inferior a do Nordeste, que apresentou redução de 56%.
No momento do apagão, a geração no Nordeste era puxada pela energia eólica (16.317 MW), seguida pela solar (4.824 MW) e só depois pela hidráulica (2.539). Agora o Brasil aguarda uma resposta consistente do governo para o apagão que desligou um terço do País por algumas horas.