30 ANOS DO PLANO REAL

Democracia é 'verdadeiro motor' da estabilização do real até hoje, afirma Persio Arida

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de FHC, promovida pelo Plano Real, trouxe "enorme confiança"

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Estadão Conteúdo

Publicado em 24/06/2024 às 19:42
Webinar da Fundação FHC que reuniu os economistas da equipe que formulou o Plano Real - VINICIUS DOTI/FUNDAÇÃO FHC

O economista e ex-presidente do Banco Central (BC) Persio Arida disse nesta segunda-feira (24) que a democracia foi o "verdadeiro motor" da consolidação e estabilização do real até os dias de hoje. Durante webinar da Fundação FHC que reuniu os economistas da equipe que formulou o Plano Real, Arida argumentou que as eleições penalizam governantes que não tratam com responsabilidade a inflação, problema que, ressaltou, mais afeta a população.

Ao relembrar dos primeiros anos do real, o economista disse que a eleição de Fernando Henrique Cardoso, promovida pelo sucesso do Plano Real, trouxe uma "enorme confiança" de que, se necessário, o então presidente agiria para salvar a moeda que lançou como ministro da Fazenda.

No mesmo webinar, Arminio Fraga, que também foi presidente do BC, colocou a dimensão social, além da democracia, ao explicar a estabilização monetária promovida pelo real. "A âncora é o social, e é o que me permite ter alguma esperança de que possam ser evitadas mudanças que possam vir aí no Banco Central. Senão, todos serão penalizados", disse Arminio.

PLANO REAL

No encontro dos formuladores do Plano Real, Gustavo Franco destacou os resultados da moeda que completa três décadas. Ele lembrou que quando o real foi concebido, o Brasil vinha de 15 anos seguidos de inflação média de 16% ao mês. "É o tipo de experiência que estávamos combatendo naquele momento, com tudo que ela fez para estragar a vida econômica", assinalou Franco, que também foi presidente do BC e hoje é sócio da Rio Bravo Investimentos.

No ultimo mês do modelo monetário anterior, a inflação estava em 9.785% ao ano, porém caiu para 33% já no primeiro ano do real, lembrou Gustavo Franco. Em 30 meses, já estava abaixo de 5% ao ano, indo para 1,6% em 1998. "Um número que confrontado com os de hoje soa muito bem. Quando tivemos 1,6% de inflação neste País? Talvez na República Velha, no Império", afirmou Franco. "Os resultados são muito bons e estamos orgulhosos dos resultados."

'MALIGNIDADE DA INFLAÇÃO'

O ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero afirmou que o povo brasileiro se convenceu da "malignidade" que a inflação causa, mas não tem certeza se o mesmo aconteceu com os políticos do País, "a começar pelos de mais alto escalão".

"Eles compreendem que, como o povo não tolera, ele também não pode ser a favor da inflação. Agora, eles não fazem a relação de causa e efeito, como por exemplo, a questão do gasto público", afirmou o ex-ministro, durante participação em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos da implementação do Plano Real.

Ricupero lamentou que, entre as discussões e inovações trazidas com a implementação do Real, o elemento que "menos pegou" foi a responsabilidade fiscal. Ele considera que um governo prezar pela responsabilidade fiscal é difícil em qualquer lugar do mundo, mas que o Brasil "parece ter abandonado" a prática. "Tínhamos melhorado, mas pioramos", frisou.

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