Inadimplência volta a subir no Recife após três meses de queda
Endividamento das famílias subiu para 81,5% no mês de agosto, um aumento de 2,3 pontos percentuais, segundo recorte da Fecomércio Pernambuco
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O total de famílias endividadas no Recife atingiu 81,5% em agosto de 2024, um aumento de 2,3 pontos percentuais em relação ao mês anterior, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), com recorte local feito pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco (Fecomércio PE). O levantamento também apontou que 28,6% das famílias possuem contas em atraso, e 16,1% declararam que não terão condições de pagar suas dívidas no próximo mês.
CARTÃO DE CRÉDITO É VILÃO
O cartão de crédito permanece como o principal tipo de dívida, sendo mencionado por 95,3% das famílias endividadas. O financiamento de carros também se destaca entre as famílias de maior renda (acima de 10 salários mínimos), com 29% reportando esse tipo de dívida, enquanto para as famílias com renda até 10 salários mínimos, o percentual é de apenas 3,7%.
“O cartão de crédito ainda se destaca como o principal meio de endividamento das famílias pela facilidade do acesso ao crédito, especialmente dos bens de maior valor agregado. É importante que empresários deste segmento estejam atentos a modalidade de pagamento que consigam atender ao público de menor renda. O aumento no endividamento e na inadimplência, mesmo que moderado, aponta a necessidade de medidas que incentivem a recuperação do emprego e a educação financeira”, destacou Bernardo Peixoto, presidente da Fecomércio-PE.
A inadimplência voltou a crescer em agosto, com 28,6% das famílias endividadas relatando contas em atraso, frente aos 27,4% registrados em julho. Além disso, o percentual de famílias que declararam não ter condições de pagar suas dívidas subiu para 16,1%, um aumento de 0,4 ponto percentual em relação ao mês anterior.
O cenário é mais crítico para as famílias com renda de até 10 salários mínimos, das quais 37,7% possuem contas em atraso. Entre as famílias de maior renda, esse percentual é significativamente menor, atingindo apenas 7,4%.
O economista da Fecomércio-PE, Rafael Lima, aponta que o aumento no endividamento e a elevação moderada da inadimplência refletem um cenário de crédito restrito e recuperação lenta da renda familiar. “Com o mercado de trabalho ainda fragilizado e altos níveis de informalidade, a seletividade na concessão de crédito tem limitado o poder de consumo das famílias. Além disso, os custos adicionais decorrentes de juros e multas por inadimplência, especialmente no uso do cartão de crédito, agravam a situação financeira dos consumidores”, afirma.