Inflação chega a 4,76% e supera meta do Banco Central

A taxa acumulada em 12 meses acelerou pelo segundo mês consecutivo, passando de 4,42% em setembro para 4,76% no mês de outubro de 2024

Publicado em 08/11/2024 às 19:52

A alta de 0,56% registrada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em outubro de 2024 foi o resultado mais elevado desde fevereiro de 2024, quando subiu 0,83%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando apenas meses de outubro, a taxa foi a mais alta para o mês desde 2022, quando avançou 0,59%. Em outubro de 2023, a taxa tinha sido de 0,24%.

Como consequência, a taxa acumulada em 12 meses acelerou pelo segundo mês consecutivo, passando de 4,42% em setembro para 4,76% em outubro de 2024, estourando assim o teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central.

A meta de inflação perseguida pelo BC em 2024 é de 3,0%, com teto de tolerância de 4,50%.

Difusão

O indicador de difusão do IPCA, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, passou de 56% em setembro para 62% em outubro, segundo o IBGE.

A difusão de itens alimentícios passou de 59% em setembro para 67% em outubro. Já a difusão de itens não alimentícios saiu de 55% em setembro para 57% em outubro.

Grupos

Oito dos nove grupos que integram o IPCA registraram altas de preços em outubro, informou o IBGE. Houve deflação apenas em Transportes (queda de 0,38% e impacto de -0,08 ponto porcentual). Os aumentos foram registrados em Alimentação e Bebidas (1,06%, impacto de 0,23 p.p.), Saúde e Cuidados Pessoais (0,38%, impacto de 0,05 ponto porcentual), Vestuário (0,37% e impacto de 0,02 ponto porcentual), Habitação (1,49%, impacto de 0,23 p.p.), Educação (0,04%, impacto de 0,00 p.p.), Artigos de Residência (0,43%, impacto de 0,02 p.p.), Despesas Pessoais (0,70% e impacto de 0,07 ponto porcentual) e Comunicação (0,52% e 0,02 ponto porcentual).

Regiões

Todas as 16 regiões investigadas pelo IBGE registraram altas de preços em outubro. O resultado mais brando foi verificado em Aracaju, 0,11%, enquanto o mais elevado ocorreu em Goiânia, com aumento de 0,80%.

No ranking de pressões sobre o IPCA de outubro, os itens de maior peso foram energia elétrica, com aumentos de 4,74% (e um impacto de 0,20 ponto porcentual no índice geral de inflação), e alimentação e bebidas, com reajustes de 1,06% (e contribuição de 0,23 ponto porcentual).

Pelos dados do IBGE, considerando só o grupo de alimentação e bebidas, as carnes tiveram uma alta média de 5,81%, depois de terem subido 2,97% em setembro. O resultado foi uma elevação acumulada de 8,95% nos preços nos últimos dois meses. Houve reajustes no acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Segundo André Almeida, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, esse período do ano já é considerado de entressafra, mas a situação foi agravada pela estiagem.

"Essa alta (de preços) está relacionada a questões climáticas. A gente teve um período de seca bem mais intenso, o que reduz a oferta de animais, prejudica a produção. Além disso, a menor oferta é influenciada por menor disponibilidade de número de animais para abates e também por exportações que estão maiores que no ano passado. Então, a oferta de carnes no mercado interno está menor", afirmou Almeida.

Quanto ao impacto das queimadas, o pesquisador reforça que os incêndios são consequência de períodos de secas. Sobre a valorização do dólar ante o real, ele menciona uma possível influência no aumento das exportações. "O câmbio pode influenciar tanto a parte de alimentos quanto os produtos com componentes importados."

Energia elétrica

A pressão exercida pela energia elétrica sobre o IPCA também foi influenciada pela estiagem. A conta de luz registrou uma alta de 4,74% em outubro, devido ao acionamento da bandeira tarifária vermelha patamar 2, que acrescenta R$ 7,877 a cada 100 kWh consumidos.

"Em novembro, teremos acionamento da bandeira amarela. Claro que temos outros componentes que fazem parte da energia elétrica, mas, quando a gente olha o componente da bandeira tarifária, é um fator de alívio", lembrou Almeida.

O acionamento da bandeira amarela em substituição à bandeira vermelha patamar 2 deve ajudar a desacelerar o IPCA para uma alta de 0,18% em novembro, prevê o economista Fábio Romão, da LCA Consultores, em relatório. A projeção inclui também os descontos esperados durante a campanha de promoções Black Friday.

Inflação no Recife

No Recife,  o IPCA ficou em 0,50%, chegando a 3,57% no acumulado do ano e 3,48% em 12 meses. Habitação foi o grupo com maior aumento percentual em outubro com variação de 2,28%. Os demais grupos que tiveram aumento foram: vestuário 0,92%, despesas pessoais 0,79%, alimentação e bebidas 0,77%, comunicação 0,43%, saúde e cuidados pessoais 0,17% e educação 0,01%.

Dos nove grupos de produtos pesquisados, 2 apresentaram deflação: artigos de residência -0,29% e transportes -0,81%.

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