Café atinge preço recorde em 2024 e tendência de alta deve continuar em 2025, aponta FAO
Especialistas apontam que os preços do café já acumulam alta de 38,8% devido a problemas climáticos e dificuldades na produção global

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou, nesta sexta-feira (14), um relatório sobre o cenário global do café, destacando a forte alta nos preços e os desafios que o setor enfrenta.
Segundo o documento, o café acumula um aumento de 38,8% em 2024, impulsionado por problemas climáticos que reduziram a oferta e pressionaram os estoques mundiais.
O relatório confirma que, em dezembro de 2024, o arábica estava sendo comercializado a um preço 58% maior que no ano anterior, enquanto o robusta — mais utilizado em café instantâneo e misturas — registrou uma valorização de 70%.
Entre os fatores que contribuíram para a alta, destacam-se a limitação das exportações do Vietnã, a queda na produção da Indonésia e os impactos do clima seco no Brasil, que afetaram diretamente a produção nacional.
Impacto no consumidor final
Apesar da alta nos mercados internacionais, o aumento nos preços do café para os consumidores acontece de forma gradual. Segundo a FAO, 80% do reajuste será repassado ao longo de 11 meses na União Europeia e em 8 meses nos Estados Unidos.
No Brasil, a inflação do café foi de 66,18% nos últimos 12 meses até fevereiro, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados na última terça-feira (12).
No entanto, a entidade destaca que o impacto no preço final para o consumidor tende a ser menor do que a alta do grão cru, pois outros fatores entram na composição do valor do café no varejo, como transporte, torrefação, embalagem e margens de lucro dos comerciantes.
Efeito nos produtores
Mesmo com os preços elevados no mercado internacional, os ganhos para os produtores de café foram mais modestos. A FAO aponta que os aumentos médios foram:
- Etiópia: +17,8%
- Quênia: +12,3%
- Brasil: +13,6%
- Colômbia: +11,9%
Os percentuais estão bem abaixo da valorização observada nos mercados negociados internacionalmente, como a Bolsa Intercontinental Exchange (ICE).
Perspectivas para 2025
O relatório da FAO sugere que o cenário de preços elevados deve persistir pelos próximos anos, especialmente se as condições climáticas continuarem adversas para os principais produtores globais.
O impacto da alta deve ser sentido pelos consumidores por pelo menos quatro anos, tornando o café um item cada vez mais caro na mesa das famílias ao redor do mundo.