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Futebol feminino é o grande esquecido na pandemia do coronavírus

Na França, lealdade dos patrocinadores tem sido fundamental para manutenção das equipes, mas eles também foram afetados

AFP
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Publicado em 31/03/2020 às 11:21 | Atualizado em 31/03/2020 às 11:29
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A Fifa lançou, nesta semana, a primeira estratégia global voltada exclusivamente para o futebol feminino - FOTO: Foto: AFP / JEAN-PIERRE CLATOT
Jeremy Talbot

Suas competições estão suspensas, sua Eurocopa foi adiada para dar espaço à edição masculina, remanejada para 2021. Com isso, o futebol feminino parece ter sido esquecido: a pandemia de coronavírus enfraqueceu ainda mais o já vulnerável futebol praticado pelas mulheres, cuja única esperança continua sendo a lealdade dos patrocinadores tradicionais.

O futebol feminino "sofre com a falta de reconhecimento e a exposição que merece em geral, e agora, pela força dos acontecimentos, está desaparecendo neste momento", diz Olivier Blanc, chefe da seção feminina do Lyon, atual tetracampeão europeu.

"As pessoas falam sobre os homens, por quê? Porque é a data de retorno que interessa a todos. E também sabemos que eles são um fardo bastante pesado para os clubes", diz Noël Le Graët, presidente da Federação Francesa de Futebol.

Mas uma crise global de saúde não é necessária para perceber a distância abissal que separa os dois mundos, tanto na mídia quanto na economia. A pandemia atual mostra bem a diferença, mesmo depois da Copa do Mundo feminina na França de 2019, que foi um divisor de águas.

E foi assim que a Uefa não hesitou em mudar as datas da Euro feminina de 2021 para dar espaço à edição masculina que iria ser disputada em 2020, independentemente da opinião das jogadoras.

"Estou velha demais para um adiamento para 2022", brincou no Twitter Jessica Fishlock, de 33 anos, da seleção de Gales.

"Não foram deixadas de lado"

Por parte dos clubes, a interrupção das competições femininas ocorre, no caso da França, com um dos campeonatos de mais alto nível, em um momento crucial para os dois grandes clubes: Lyon e PSG.

Os dois primeiros se enfrentariam em um confronto decisivo valendo o título, antes de disputarem as quartas de final na Liga dos Campeões Feminina.

O retorno da competição é, portanto, aguardado com impaciência pelas duas locomotivas do futebol feminino na França, enquanto outros clubes com menor potencial econômico fazem paralisações parciais, com uma redução de 70% nos salários, o que obviamente não pode ser comparado com as remunerações dos profissionais do sexo masculino.

"Quando você divide o salário de Mbappé por dois, ele continua dirigindo uma Ferrari. Quando você faz isso com um jogador da N2 (quarta divisão masculina) ou com uma jogadora, isso causa muito mais dano", diz o presidente do modesto Fleury, Pascal Bovis.

"As meninas são tratadas como meninos, especialmente do ponto de vista econômico. Se houver adiantamentos a serem feitos, nós os faremos. Os clubes serão pagos", garante Le Graët. "Eu reconheço que haverá dificuldades nos próximos meses". Mas, acrescenta, "não deixamos as meninas de lado".

'Patrocinadores fiéis', mas afetados

A economia do futebol feminina será em todo caso duramente afetada. O temor de uma período com menores orçamentos é real, embora os atores envolvidos evitem dramatizar.

Os clubes com uma seção profissional para homens e mulheres "cortarão automaticamente o orçamento do futebol feminino", antecipa o presidente do Fleury.

Mas provavelmente esse não seja o caso do Lyon. Os patrocinadores históricos do clube de maior sucesso na Europa não sairão do navio.

"Temos patrocinadores leais com contratos de longo prazo", diz Blanc.

Mas outros patrocinadores, mesmo que continuem contribuindo com dinheiro, o farão em quantidades menores. Embora o orçamento para a temporada atual deva ser mantido, a equação será mais complicada para a próxima temporada. "No melhor cenário, uma queda de 30% (em relação a esta temporada); no pior, 50%", calcula Bovi.

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