MEMÓRIA

Relembre o que aconteceu no futebol pernambucano quando o Liverpool foi campeão inglês pela última vez

Náutico foi semifinalista da Copa do Brasil, Santa Cruz conquistou o Campeonato Pernambucano e o Sport foi campeão da Série B

Lucas Holanda
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Lucas Holanda
Publicado em 25/06/2020 às 18:10 | Atualizado em 25/06/2020 às 18:10
ACERVO/ JC IMAGEM
Em 1990, Timbu fez a melhor campanha de sua história na Copa do Brasil, Santa Cruz foi campeão estadual diante do Sport e o Leão venceu a Série B daquele ano. - FOTO: ACERVO/ JC IMAGEM

Após mais de 30 anos de jejum, o Liverpool finalmente voltou a ser campeão inglês. Com a vitória do Chelsea sobre o Manchester City nesta quinta-feira por 2x1,os Reds conquistaram a Premier League com sete rodadas de antecedência. Curiosamente também foi o primeiro título do clube na era era moderna da liga nacional, já que em 1990 a Premier League ainda não existia - foi criada em 1992. Com 86 pontos conquistados em 31 jogos, a equipe de Jürgen Klopp ainda pode bater outros recordes, como por exemplo ser campeão passando de 100 pontos na competição - o recorde é do Manchester City da temporada 2017/2018, que terminou o torneio com 100 pontos cravados.

E quando o Liverpool foi campeão inglês pela última vez, o que rolou no futebol pernambucano? No distante 1990, Náutico, Santa Cruz e Sport têm bons feitos conquistados naquele ano. O Timbu, por exemplo, foi semifinalista da Copa do Brasil, o que é a melhor campanha do clube na competição. Já o Tricolor foi Campeão Estadual diante do Rubro-Negro, em uma final que teve um Arruda lotado e polêmica envolvendo a arbitragem. Pelo lado do Leão, o clube conquistou o acesso à Série A de 1991, sendo campeão da Série B pela primeira e única vez diante do Athletico Paranaense.

Náutico semifinalista da Copa do Brasil

Na primeira fase da Copa do Brasil de 1990, o adversário do Timbu foi o Treze. Com gol do artilheiro Bizu, a equipe comandada por Otacílio Gonçalves venceu os paraibanos e abriu vantagem para o jogo nos Aflitos. Nos seus domínios, o Alvirrubro não perdoou: 2x0 nos visitantes, com gols dos atacantes Bizu e Ocimar, e classificação garantida para as oitavas de final, onde o adversário seria o Ceará. Após um 0x0 fora de casa, o Timbu precisava apenas de uma vitória simples para avançar à próxima fase do torneio nacional. No entanto, o clube pernambucano foi além: goleada por 3x0 contra o Vozão, com gols dos atacantes Nivaldo, Bizu e Ocimar.

Nas quartas de final, o adversário foi o Remo. No primeiro jogo, em Belém, um 3x1 para os donos da casa, resultado que obrigava o Náutico a vencer por dois gols de diferença para avançar de fase - três se fosse vazado. No entanto, aquele time já havia mostrado que era capaz de reverter o resultado. E foi isso que aconteceu. Com três gols de Bizu e um do meia Augusto, o Náutico venceu o Remo por 4x0 e avançou à semifinal, onde iria enfrentar o Flamengo.

Era um Flamengo que tinha nomes como o lateral-esquerdo Júnior, o meia Zinho, os atacantes Bobô e Renato Gaúcho e outros bons jogadores. No Maracanã, um resultado que praticamente eliminou o Timbu: 3x0 para os cariocas com gols de Bobô, Gáucho e Rogério. No jogo de volta, nos Aflitos, o Náutico não conseguiu reverter: 2x2, com gols de Aroldo e Bizu para o alvirrubro pernambucano e Djalminha e Renato Gaúcho para os cariocas.

Com o resultado, o Timbu foi eliminado para rubro-negro carioca, que viria a ser campeão do torneio diante do Goiás. Mesmo caindo na semi, o Náutico teve o artilheiro da competição: Bizu, com sete gols. No Campeonato Pernambucano daquele ano, o Alvirrubro não avançou à final e, na Série A, sendo o único representante de Pernambuco, o clube terminou na 13ª posição, garantindo a permanência na elite do futebol brasileiro em 1991.

Time 'ideal' do Náutico na Copa do Brasil: Celso Cajuru; Levi, Barros, Freitas e Célio Gaúcho; Aroldo, Müller e Augusto; Bizu, Ocimar e Nivaldo. Técnico: Otacílio Gonçalves.

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Santa Cruz campeão pernambucano

Para 1990, o Santa Cruz manteve a base do time que foi vice-campeão pernambucano para o Náutico em 1989. E sob o comando do técnico Erandir Montenegro, ex-atacante do clube coral nos anos 1960, o Tricolor venceu o primeiro turno do Estadual com 13 vitórias e um empate, tomando apenas dois gols: um do Náutico e outro do Sete de Setembro. Pelo lado do Sport, o Leão era comandado pelo técnico Lori Sandri e só foi se achar no torneio na reta final do segundo turno, quando o então preparador físico Charles Muniz assumiu o time. E essa melhora deu resultado. Com gol de Sérgio Alves, o Sport venceu o Santa Cruz no Arruda por 1x0 e conquistou o segundo turno da competição.

Com o Santa Cruz ganhando o primeiro e o Sport o segundo turno, os dois clubes decidiram o Campeonato Pernambucano daquele ano. Na partida de ida da final, num jogo que ficou marcado como a inauguração do placar eletrônico da Ilha do Retiro. No entanto, quem inaugurou a novidade na casa do Leão foi o Tricolor. Diante de 22.994 torcedores no estádio, a equipe coral venceu o Rubro-Negro por 1x0, com gol do meia Mazinho Loyola. O curioso desse jogo é que a diretoria leonina solicitou uma carga de 50.000 mil ingressos para a decisão, mas uma greve de ônibus frustou os planos da gestão e o estádio recebeu menos da metade do público.

Para ser campeão pernambucano, o Santa Cruz precisava apenas empatar no tempo normal, ou até mesmo perder nos 90 minutos e empatar na prorrogação. Portanto, para conquistar o Estadual de 1990, o Sport precisava vencer no tempo regulamentar e também no tempo extra. E com um golaço do lateral-esquerdo Glauco, o Leão venceu o Tricolor por 1x0 nos 90 minutos iniciais, mesmo tomando uma pressão absurda do Santa Cruz, que era um time melhor no papel.

Na prorrogação, o primeiro tempo terminou empatado por 0x0. No entanto, aos três minutos do etapa final do tempo extra, um lance que repercute até hoje. Precisando de um gol a todo custo, o Sport lançou a bola na área, o atacante Ramon escorou para o meio da área e o zagueiro Márcio Alcântara estufou as redes do rival. Seria o gol do título rubro-negro, mas o bandeirinha Gilson Cordeiro marcou impedimento no lance e, depois de muita confusão, o árbitro Arlindo Maciel acatou a decisão do companheiro e invalidou o lance.

Antes do apito final do árbitro, o meia Mazinho ia fazendo um golaço quase que do meio-campo, mas a bola bateu no travessão, na linha e voltou para o goleiro Paulo Victor. Ao fim do jogo, Santa Cruz campeão e festa num Arruda que recebeu 58.860 torcedores. No campeonato brasileiro, o Santa Cruz estava na Série B e não conseguiu o acesso à Série A de 1991.

Escalações da final:

Santa Cruz: Raul; Marinaldo, Marcão, Tanta e Eduardo; Mázio, Ataíde e Mazinho; Leto (Fernando Silva), Marcelo Rocha e Wanks (Edmundo). Técnico: Erandir Montenegro

Sport: Paulo Victor; Valtinho, Aílton, Márcio Alcântara e Glauco (Mirandinha); Lopes, Agnaldo e Adriano; Ramón, Fábio (Sérgio Alves) e Neco. Técnico: Charles Muniz

Sport campeão da Série B

Após ser vice-campeão pernambucano, o Sport entrava no seu principal objetivo em 1990: retornar à Série A. Na primeira fase da segunda divisão daquele ano, os clubes eram divididos em quatro grupos de seis times cada. E o Leão acabou ficando no grupo 4, ao lado de Santa Cruz, Remo, Ceará, Treze-PB e Moto Clube-MA. Das seis equipes por grupo, quatro avançavam para a próxima fase. Com seis empates, três vitórias e uma derrota, o Rubro-Negro se classificou para a próxima fase como líder da chave.

Na segunda fase, 16 times foram distribuídos igualmente em quatro grupos. Novamente no grupo 4, o Sport dividiu a chave com Remo, Operário-PR e Itaperuna-RJ. Com quatro empates, uma derrota e apenas uma vitória, o Leão teve a campanha espelhada a do Itaperuna, mas acabou se classificando para a próxima fase pelo gol fora que fez no confronto direto: 0x0 na Ilha do Retiro e 1x1 no Jair Bittencourt. Para a terceira fase, restaram apenas oito times, onde foram distribuídos em dois grupos com quatro time em cada. Vale lembrar que, naquela época, apenas os dois finalistas da Série B conquistavam o acesso à Série A do ano seguinte. Ou seja, apenas um de cada grupo jogaria a primeira divisão de 1991.

Na última fase, o Sport dividiu grupo com o Guarani, Juventude e Moto Clube-MA. Com três vitórias e dois empates nos cinco primeiros jogos, o Leão chegava a última rodada precisando apenas de um empate diante do Guarani para garantir o retorno à Série de 1991. No entanto, foi uma missão dura. Isso porque o clube pernambucano foi para o intervalo perdendo por 1x0, resultado que tirava o Rubro-Negro da primeira divisão do ano seguinte. No entanto, aos 27 da segunda etapa, o atacante Sérgio Alves fez o gol de empate. A partir daí, o Leão conseguiu segurar o 1x1 e conquistou a vaga na elite do futebol brasileiro.

Na decisão, o adversário foi o Athletico Paranaense. Sob o comando do técnico Brida, o Sport conseguiu um empate por 1x1 em Curitiba, com gol do volante Alencar. No jogo de volta, em uma Ilha do Retiro com 22.712 pagantes, o Leão repetiu o que mais fez naquela Série B: empatou, mas desta vez por 0x0, o que garantiu ao Rubro-Negro o primeiro e único título da competição, já que jogava por dois empates pois tinha uma campanha melhor. Ao todo, o Sport disputou 24 jogos naquela segunda divisão, com sete vitórias, 15 empates e apenas duas derrotas.

Escalação do Sport no segundo jogo da final: Paulo Victor; Lopes, Aílton, Márcio Alcântara e Glauco; Agnaldo, Alencar e Marcus Vinícius; Mirandinha (Joécio), Luís Carlos (Fábio) e Neco. Técnico: Brida

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