concussão cerebral

Choques de cabeça entre jogadores acende alerta para protocolo de segurança no futebol

Segundo neurologista, o protocolo para esse tipo de situação precisa ser aperfeiçoado

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Lucas Holanda, Carolina Fonsêca

Publicado em 29/03/2021 às 19:51 | Atualizado em 29/03/2021 às 20:16
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Dois jogos da 4ª rodada do Campeonato Pernambucano, realizados no último final de semana, foram marcados por lances perigosos envolvendo choques de cabeça entre jogadores que disputavam bolas aéreas. Em Náutico x Vitória das Tabocas e Sport x Central, atletas precisaram ser removidos do campo para o hospital e um deles sofreu até uma fratura no rosto. Os episódios reaquecem o debate em torno do protocolo do futebol para choques de cabeça e das consequências que esses eventos podem causar aos jogadores. 

Segundo o neurologista Igor Bruscky, o protocolo do futebol para esse tipo de choque precisa ser aperfeiçoado. Inclusive, uma concussão não identificada pode causa danos neurológicos permanentes e alguns casos necessitam até de intervenção cirúrgica. "O protocolo precisa ser aperfeiçoado, o que já vem ocorrendo. O tempo de três minutos não é suficiente para o médico da equipe avaliar se o jogador sofreu ou não uma concussão. No futebol americano já é exigido uma avaliação com neurologista independente antes do jogador voltar a campo", explicou. 

No sábado (27), o Náutico recebeu o Vitória das Tabocas, no estádio dos Aflitos, e nos primeiros segundos do jogo, Palominha e Geovani, ambos do Vitória, bateram fortemente as cabeças depois de subirem para uma disputa de bola na lateral com um jogador do Náutico. Os dois bateram as cabeças e caíram no chão, desacordados. Geovani ainda atuou durante todo o primeiro tempo. Palominha tentou, mas voltou a cair sozinho e depois disso foi levado para o hospital. Na volta do intervalo, Geovani passou mal e também foi levado. 

A permanência de Geovani em campo, atuando ainda por um tempo de jogo inteiro, por exemplo, não é recomendado. "É uma situação preocupante, pois o não diagnóstico e manejo adequado da concussão pode causar danos neurológicos permanentes com a repetição dos traumas, é a encefalopatia traumática crônica, situação em que ocorre dano neurológico irreversível, com sintomas como dificuldade de memória e dificuldade nos movimentos", explicou Bruscky. 

No domingo (28), um novo jogo, um novo caso. Aos 49 minutos do primeiro tempo da partida entre Sport x Central, na Ilha do Retiro, o goleiro rubro-negro Carlos Eduardo subiu para cortar um cruzamento e se chocou com o zagueiro Lucão, do Central. Carlos Eduardo caiu e ficou se contorcendo de dor. Depois de ser atendido pelos médicos das duas equipes, acabou sendo levado ao hospital, onde foi diagnosticado com uma fratura no osso zigomático. O jogador será reavaliado durante a semana, mas recebeu alta e está sendo medicado em casa. 

Apesar de ser um esporte de contato, as únicas proteções utilizadas pelos jogadores de futebol são as caneleiras. No futebol americano, modalidade onde o contato entre os atletas é ainda mais violento, a proteção é redobrada, com capacetes e shoulder pads, aquelas ombreiras armadas que protegem toda a região toráxica do atleta. Recorrer a equipamentos de proteção no futebol, no entanto, não parece viável. "A proteção seria com a utilização de capacete a exemplo do que ocorre no futebol americano. No futebol a utilização de capacete inviabilizaria várias jogadas", analisou. 

Os eventos semelhantes, ocorridos em sequência e em meio a um momento onde leitos de hospital estão escassos, acende outro sinal de alerta. "Se ocorrer um traumatismo craniano grave que necessite intervenção cirúrgica, pode haver dificuldade de leito de UTI para o pós operatório", pontuou o neurologista Igor Bruscky. 

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