Jogos Olímpicos de Tóquio

Surfe e skate: o Brasil na "nova onda" do esporte nas Olimpíadas de Tóquio

No mar, o Brasil é representado por dois campeões mundiais em Tóquio, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, enquanto na prova street do skate competem a nº 1 do mundo Pâmela Rosa e a nº 2ª Rayssa Leal, de apenas 13 anos

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AFP

Publicado em 24/07/2021 às 12:02
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Com milhares de quilômetros de praias e suas megalópoles, o Brasil oferece um fabuloso playground para seus surfistas e skatistas, que dominam as duas modalidades que estreiam nos Jogos Olímpicos de Tóquio. 

No mar, o Brasil é representado por dois campeões mundiais em Tóquio, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, enquanto na prova street do skate competem a nº 1 do mundo Pâmela Rosa e a nº 2ª Rayssa Leal, de apenas 13 anos.

"É como na maioria dos países, e especialmente naqueles onde há grande pobreza. Quando não há oportunidades de fazer coisas e você é criança sai pra brincar na rua. Ou na praia para nós com este imenso litoral que temos", explicou à AFP Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate.

Segundo estudo recente encomendado pela entidade, o Brasil tem 8,5 milhões de skatistas entre 212 milhões de habitantes, relata Musa. "Na faixa etária de 8 a 18 anos, somos o segundo esporte no Brasil".

 

"O surfe também é muito importante em nosso país, mas é um pouco mais caro do que o skate, onde você só precisa de um skate para se divertir", continua Musa, acrescentando que esses dois esportes estão no centro de um setor econômico em expansão no país.

No skate são principalmente as garotas que ocupam a cena, impulsionadas nas áreas para a prática da modalidade que se multiplicam em alta velocidade.

"Quando comecei a andar de skate, não tínhamos o costume de ir ao skatepark", conta à AFP Dora Varella, especialista em park, uma das duas provas olímpicas, e que tem apenas 19 anos.

"Agora há mais skateparks, provavelmente por causa das Olimpíadas. Temos novas estruturas, ótimos lugares para treinar e muito mais coisas para andar de skate", explica a paulistana em Tóquio e que ainda tem dúvidas sobre como ganhar a vida com sua paixão.

O skate está na moda e seus adeptos às vezes têm status de estrela como Letícia Bufoni, profissional do street - a outra prova olímpica. Bufoni (nº 4 do mundo), também nas Olimpíadas, é acompanhada de perto por uma emissora de TV dedicada à aventura, o Canal Off, onde também encontramos a prodígio Rayssa Leal, que cresceu em um bairro pobre de Imperatriz, no Maranhão.

Reprodução/Instagram
Rayssa Leal - Reprodução/Instagram

O skate explodiu nos últimos anos, assim como o surfe, que, entretanto, é mais antigo. Mas os brasileiros não conseguiam rivalizar com os reis do esporte, americanos, havaianos e australianos.

Em um documentário, o diretor Andy Burgess explica que o Brasil e seus 6.437 km e litoral careciam de um "local de referência importante para atrair os melhores e fazer avançar os locais, impossibilitados de viajar devido à inflação econômica.

Foi somente na década de 2000 e com certa estabilidade econômica que os surfistas brasileiros partiram em busca dos melhores pontos do mundo.

Gabriel Medina acabou com os complexos de seus compatriotas ao se tornar o primeiro brasileiro a vencer o circuito mundial profissional em 2014. No ano seguinte, Adriano de Souza foi o campeão.

 

Medina, agora em 1º lugar no ranking mundial, conquistou a segunda coroa em 2018. Ítalo Ferreira venceu o título mundial em 2019.

"Depois do meu primeiro título, o Brasil brilhou muito no surfe, todo mundo quis surfar, e mostrar o que os brasileiros sabiam fazer, viram que dava para ganhar. Melhorou muito, estou muito feliz de fazer parte dessa história", disse Medina em uma entrevista à AFP.

Em 2021, sete brasileiros estão entre os 20 primeiros do mundo. Nos Jogos Tóquio-2020, o Brasil poderia bater seu recorde de medalhas olímpicas graças ao skate e ao surfe.

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