Biles cita preocupações com saúde mental para justificar saída da final por equipes
Biles foi retirada da final por equipes da ginástica artística por "razões médicas", segundo a equipe americana
A participação de Simone Biles no restante dos Jogos Olímpicos de Tóquio virou uma incerteza nesta terça-feira (27), depois que ela foi retirada de maneira inesperada da final por equipes da ginástica artística.
"Assim que eu piso no tatame, sou só eu e a minha cabeça... lidando com demônios (...) Tenho que fazer o que é certo para mim e me concentrar na minha saúde mental, e não prejudicar minha saúde e meu bem-estar", explicou a americana, depois que sua equipe foi derrotada pelo quarteto russo em sua ausência.
A superestrela da ginástica americana saiu da final por equipes após um resultado no salto que ficou abaixo de seu padrão habitual (nota 13.766). Ela deixou a área de competição por alguns minutos, antes de retornar para ficar ao lado das companheiras de time.
A equipe dos Estados Unidos a substituiu nos três aparelhos seguintes, barras assimétricas, trave e solo.
"Simone saiu da final por equipes devido a um problema médico. Ela será avaliada diariamente para determinar a liberação médica para competições futuras", afirmou inicialmente um comunicado da USA Gymnastics.
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Depois que ela se juntou a suas companheiras para receber a medalha de prata, a tetracampeã olímpica confirmou que não havia se machucado.
"Só não confio tanto em mim mesma como antes e não sei se é a idade. Fico um pouco mais nervosa", desabafou.
"Sinto que também não estou me divertindo tanto e sei que esses Jogos Olímpicos... Eu queria que fossem para mim", disse ela, começando a chorar.
"É uma droga que isso aconteça aqui nos Jogos Olímpicos... mas, com o ano que tem sido, eu realmente não estou surpresa com a forma como aconteceu", completou.
A Federação Internacional de Ginástica (FIG) confirmou posteriormente que ela seria suplente para o resto da competição por equipes, que foi vencida pelas russas, que competem sob bandeira neutra devido às sanções que pesam sobre o país pelos escândalos de doping do passado.
As americanas ficaram com a prata e a Grã-Bretanha com o bronze.
Erros nas classificatórias
Vencedora de quatro medalhas de ouro nos Jogos Rio-2016, a americana conseguiu se classificar para as seis finais de Tóquio-2020, mas seu desempenho nas classificatórias de domingo passado foi repleto de erros atípicos.
Em um post no Instagram na segunda-feira, a atleta de 24 anos afirmou que às vezes sente "o peso do mundo" em seus ombros.
"Eu sei que tenho que desligar e fingir que a pressão não me afeta, mas às vezes é difícil... as Olimpíadas não são uma piada".
Se Biles não puder continuar em Tóquio, seria um golpe para um evento em que ela é, para muitos, a grande estrela.
Ela era cotada como a primeira mulher em mais de meio século a ganhar todos os títulos da ginástica e parecia ter uma chance real de superar a ginasta soviética Larisa Latynina, que conquistou nove ouros em Jogos Olímpicos.
Antes das Olimpíadas, Biles revelou que lutou contra a depressão ao apontar que é uma das centenas de ginastas que sofreram abusos sexuais do ex-médico da equipe olímpica Larry Nassar, condenado à prisão perpétua por esses crimes.
Em uma série de posts no Facebook, Biles também revelou que sofreu de problemas no tornozelo este ano, após um exercício de treinamento em maio.
"Agora temos que enfrentar isso", observou Biles.
"Não há nada que possamos fazer a esse respeito. Não temos tempo para descansar", acrescentou.
Biles tem seis medalhas olímpicas e 25 em Mundiais. Ela não perde uma competição individual geral desde 2013.