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Trabalho híbrido realmente funciona?

Atualmente o modelo de trabalho híbrido alcança 72% das empresas latino-americanas, com destaque para o Brasil, onde 45% adotam o esquema

Publicado em 22/11/2024 às 8:00
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O modelo de trabalho híbrido, que antes da pandemia era uma prática experimental restrita a grandes empresas e a poucos dias por semana, ganhou espaço significativo no cenário corporativo latino-americano, tornando-se uma solução amplamente adotada por empresas de diferentes setores e portes.

Segundo um estudo da Consultoria JLL, realizado no final de 2023 com cerca de 300 empresas em 13 países da América Latina, o modelo presencial teve uma queda expressiva desde a pandemia, passando de 66% para apenas 19%. O híbrido, por outro lado, triplicou, saltando de 26% para 72% das empresas na região.

No Brasil, essa preferência pelo modelo híbrido é ainda mais evidente. Entre as empresas brasileiras, 45% adotam o formato que combina dois dias de trabalho no escritório e três dias remotos, enquanto outras 14% operam exclusivamente no regime remoto.

Impacto no bem-estar e na produtividade

Para Anneth Lima, gerente de RH da Italiana Automóveis, o trabalho híbrido representa mais do que uma questão logística; trata-se de uma oportunidade para melhorar a qualidade de vida e saúde mental dos colaboradores.

"Em atividades que permitem essa flexibilidade, notamos uma redução significativa no estresse e aumento na satisfação. A ausência de deslocamento diário proporciona mais tempo para atividades pessoais, o que reflete diretamente no bem-estar dos colaboradores e, consequentemente, na produtividade", afirma Anneth.

Felipe Barros, analista de sistemas sênior do Banco Bradesco, compartilha a experiência de transição do home office para o esquema híbrido. "Desde 2019, eu estava acostumado ao home office e minha rotina era tranquila. A mudança para o híbrido exigiu adaptação, principalmente para retomar a interação presencial, mas agora vejo o valor desse contato e as oportunidades de networking que ele traz. Esse equilíbrio e flexibilidade são fundamentais".

Para o profissional, que trabalha em uma equipe distribuída entre Recife, São Paulo e Curitiba, a comunicação é um ponto de atenção no híbrido. "A interação clara é essencial, principalmente ao incluir novos membros na equipe. Buscamos documentar bem as tarefas e usar ferramentas que garantam o entendimento mútuo".

Ele destaca ainda a importância de uma infraestrutura adequada para o trabalho remoto, algo que nem todos os profissionais possuem. "Muitos preferem o híbrido por conta dessa estrutura e da flexibilidade em atender demandas pessoais sem perder o foco nos objetivos da empresa", afirmou.

Além disso, Felipe também destaca que o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional é um dos principais pontos positivos desse modelo de trabalho e afirma que, para os trabalhos modernos, o híbrido é a melhor abordagem.

O consultor de produtividade Fábio Guilhon, sócio da FMG Consultoria de Produtividade, também ressalta como o trabalho híbrido pode ser vantajoso para a motivação e o engajamento dos colaboradores.

“A flexibilidade reduz desgastes, ajuda no equilíbrio entre vida pessoal e profissional e promove maior engajamento, pois os colaboradores têm uma condição de trabalho que valoriza a qualidade de vida”, explica Fábio. Segundo ele, a queda do absenteísmo é outro reflexo positivo desse modelo, com mais disponibilidade e maior comprometimento por parte das equipes.

Desafios e estratégias para manter a eficiência no modelo híbrido

Para Anneth, um dos maiores desafios do modelo híbrido é promover a participação de todos os funcionários, independentemente de onde estejam trabalhando. Isso é essencial para evitar que se sintam "excluídos nas decisões da empresa". Ela também destaca que o distanciamento físico pode dificultar a socialização e o relacionamento entre os times, impactando negativamente o clima organizacional.

Apesar dos benefícios, Fábio alerta que manter a eficiência no modelo híbrido exige a implementação de estratégias bem definidas. "A comunicação com gestores e colegas deve ser constante e eficiente, com o apoio de ferramentas que facilitem reuniões, compartilhamento de arquivos e gestão de projetos", orienta o consultor.

Ele recomenda o uso de sistemas colaborativos para o acompanhamento de prazos e status das atividades, além de uma matriz de responsabilidades que defina claramente o papel de cada colaborador em processos específicos. "Os processos precisam ser bem compreendidos para garantir que cada etapa flua de maneira consistente e organizada."

Por fim, o consultor observa que, embora a flexibilidade do modelo híbrido seja um benefício, ela pode impactar negativamente a eficiência caso as práticas corretas não sejam adotadas. "A eficiência está muito relacionada ao desempenho do colaborador, então a empresa deve investir em fatores que impactem diretamente na performance, como treinamentos, tecnologias adequadas e processos claros".

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