A procura de DEUS

PADRE BIU DE ARRUDA
É da natureza humana procurar Deus. Isso ocorre porque há uma inquietude no interior de cada pessoa à busca pelo infinito. É da essência humana abrir-se ao transcendente. Esse fenômeno acontece porque a pessoa, em si, não se basta. Está sempre à procura de algo que preencha o vazio interior. Esse desejo pelo infinito foi posto no coração humano pelo próprio Deus. Para tanto, basta lembrar o que diz a Igreja em relação a essa inferência: “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, visto que o homem é criado por Deus e para Deus. Deus não cessa de atrair o homem a si e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar” (Catecismo da Igreja Católica, 27).
Aqui consiste um aspecto elevado, isto é, o desejo de dialogar com Deus. Claro, isso só é possível, porque a criatura humana foi criada por Deus. E é bom dizer: foi criada por amor. Afinal, cada pessoa é uma centelha do amor divino. Sem olvidar que, Deus não está distante de ninguém. É Ele que concede o sopro de vida. E São Lucas, com propriedade, foi claro quando assim inferiu: “nEle vivemos, nos movemos e existimos” (At, 17, 28). Nisto reside a grande graça: Deus nos criou por amor e por amor nos conserva. Lembrando que de toda a criação, a única que Ele quer para si, é a humana; visto que foi feita à imagem e à semelhança dEle.
A busca por Deus é tão grande que deixa o coração da pessoa em estado de inquietude; e ele não se aquieta enquanto não encontrar Deus. Isso ocorre porque está em Deus todo o consolo humano. Por isso que o ser humano, por natureza, tem sede do infinito. Deseja respostas para suas inquietações. Por essa razão e com propriedade e claridade solar, bem falou a esse respeito, Agostinho de Hipona, quando assim disse: “até que enfim Senhor, a tua voz venceu a minha surdez”. Um fragmento do admirável poema: Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei.
Contudo, é preciso lembrar que nessa busca de Deus, a pessoa encontra algumas dificuldades, uma vez que recorre a caminhos que não ajudam a reta razão. Por consequente, pode sofrer o revés da frustração pelo mau uso do livre arbítrio. E mais: a pessoa pode até deixar de buscar a Deus. Isso pode suceder por causa do pecado original e as suas consequências. No entanto, Deus não deixa de atrair a pessoa a si, uma vez que é da essência dEle amar. Afinal, em Deus residem a origem e o fim de tudo o que a pessoa deseja para saciar as inquirições interiores. Lembrando que o desejo de conhecer a Deus é tão grande que o coração humano ao tocar o limite intransponível, não só suspira, mas fica extasiado diante da felicidade infinita, do consolo eterno.
A sede de Deus está tão radicada no coração da pessoa que, se tivesse de prescindir dela, a sua existência ficaria comprometida. Para tanto, “basta observar a vida de todos os dias para constatar como dentro de cada um de nós se sente o tormento de algumas questões essenciais e, ao mesmo tempo se guarda na alma, pelo menos, o esboço das respectivas respostas” (Fides et Ratio, 29). Logo, no interior humano, há um anseio, um desejo que, só será saciado de modo definitivo, quando a criatura se encontrar com o seu Criador; uma vez que aqui se procura Deus às apalpadelas.
Querido (a) leitor (a), em consideração derradeira, é de perceber de modo inequívoco, que o ser humano está sempre em construção, por isso não é inteiro. Para tanto, só é observar a busca constante pela felicidade eterna. O desejo contínuo pelo transcendente no seu coração. Sem esquecer os questionamentos que emergem do interior. Um ser finito à busca do infinito. E nessa busca de Deus, cada um segue uma trilha. Seja a oração, o silêncio, o louvor, a reta razão etc. Por tudo dito, é de perceber que o desejo de Deus ronda o coração humano.
Padre Biu de Arruda – da Arquidiocese de Olinda e Recife é pároco em