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Empatia e compaixão

Por JC Publicado em 02/06/2024 às 0:00

JOSÉ EDSON F. MENDONÇA

“... E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? E o Mestre lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?” ... o doutor querendo justificar-se a si mesmo, indaga de novo: “E quem é o meu próximo?” (Lc, 10:25-37).
Segundo o dicionário Aurélio, uma das definições para empatia, é a capacidade de se identificar com outra pessoa, de sentir o que ela sente, de querer o que ela quer, de apreender do modo como ela apreende etc.
De outra forma, a empatia compreende a capacidade psicológica de se colocar no lugar do outro, do ponto de vista emocional, cognitivo e da escuta empática, considerando entender sentimentos e emoções deste outro, enxergá-lo pela perspectiva dele e se apropriar do que este outro precisa naquela determinada situação.
Segundo a psicologia, uma das mais básicas necessidades humanas é entender e ser entendido. Experimentos científicos realizados em animais e pessoas dão conta de que a empatia e a compaixão são comportamentos que aparecem como bagagem genética acompanhando a evolução das espécies, sendo ambas facilmente percebida em bebês.
Por sua vez, a compaixão é o desejo de diminuir o sofrimento do outro. Sentir compaixão envolve desejar, se motivar e agir movido por este propósito. Especialistas em comportamento afirmam que quando a vivenciamos, nossa pressão arterial diminui, liberamos ocitocina, e sentimos prazer, o que nos motiva a criar vínculos com os outros.
Assim, se demonstra que esse sentimento piedoso suscita um impulso altruísta típico dos seres humanos em sua capacidade de despertar a vontade atávica de ajudar o próximo a superar os seus problemas, seus medos e demais vicissitudes possibilitando propiciar consolo e suporte emocional aos que se acham carentes desse apoio.
Neste contexto, com enorme destaque, exaltamos e louvamos a atitude exemplar da dra. Ana Cláudia Quintana Arantes, por decidir, de forma magníficamente humana e destemida, abraçar a incrível especialidade relativa aos Cuidados Paliativos, tendo dito em seu extraordinário livro “A morte é um dia que vale a pena viver”: “A empatia permite que nos coloquemos no lugar do outro e sintamos sua dor, seu sofrimento. A compaixão nos leva a compreender o sofrimento do outro e a transformá-lo. Por isso precisamos ir além da empatia. Todos nós precisamos de pessoas capazes de entender nossa dor e de nos ajudar a transformar nosso sofrimento em algo que faça sentido.”
Porém, a lição mais espetacular sobre a compaixão, não poderia ser diferente, nos foi legada por Jesus - o maior dos Mestres -, com a sábia parábola do bom samaritano referenciada na epígrafe deste, denotando a total indiferença do sacerdote e do levita que nada fazem diante da situação bastante precária daquele homem caído e semimorto, contrastando com a atitude perfeitamente compassiva do samaritano, homem considerado de “má vida”, pela sociedade judaica daquela época.
Portanto, que possamos dar significação maior às nossas existências, nos esforçando diuturnamente para pensar, falar, sentir e agir com “olhos de ver” e “ouvidos de ouvir”, aplicando sempre a fé raciocinada como instrumento para discernir com sabedoria em tudo o que concerne ao acolhimento ao nosso próximo.

José Edson F. Mendonça presta colaboração ao movimento espírita, como palestrante, escritor e membro do Instituto Espírita Gabriel Delanne, rua São Caetano, 220, Campo Grande - Recife/PE

 

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