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Não é o muito, mas o essencial que sacia

Contemplativos das religiões são unânimes: a vida espiritual não é necessariamente "quanto mais melhor", mas manter a atenção nas coisas essenciais.

Por JC Publicado em 17/08/2024 às 14:23

GABRIEL MARQUIM*

A vida espiritual, ao contrário do que muitas pessoas pensam, está mais envolvida com o mundo do que se pode imaginar. Assim como não existe espírito sem corpo, também não há prática espiritual sem o nosso cotidiano. Isso significa, entre outras coisas, que a lógica do mundo entra na lógica espiritual.

Em nosso tempo, tudo é “muito e logo”, e é possível que alguém bem intencionado possa transplantar essa lógica para as coisas da alma. A coisa, porém, não funcionará. Os contemplativos de todas as religiões – e agora falo daqueles cristãos – são unânimes: a vida espiritual não é necessariamente “quanto mais melhor”, mas manter a atenção nas coisas essenciais.

Ou seja, não adianta você passar horas em oração se, depois, você não mantém uma atenção orante para o resto do seu dia. Não é a quantidade de palavras que você diz, mas justamente quanto de silêncio você suporta – sim, muitas vezes será árduo lidar com o silêncio – esperando que Deus vá falando.

"Não adianta você passar horas em oração se, depois, você não mantém uma atenção orante para o resto do seu dia".

Portanto, eu diria: antes de começar a bela aventura espiritual, dentro de si, procure observar como você pode ordenar as coisas ao seu redor, para chegar àquilo que os mestres ensinam: é preciso viver do que se reza, e rezar aquilo que se vive. Nada mais necessário para este nosso tempo, de tanta correria e tão pouca atenção. A vida espiritual, ao contrário, sinônimo de realização, é encontrar um sentido e caminhar em sua direção.


* GABRIEL MARQUIM é jornalista e doutor em Ciências da Religião, voluntário do Projeto Vincular (Associação Obra dos Viventes)

 

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