Respeite a minha Religião
Há três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Islamismo e Cristianismo, cultuando um único Deus com os seus símbolos litúrgicos, regras, lideranças
PADRE BIU DE ARRUDA
No mundo, há três grandes religiões monoteístas: Judaísmo, Islamismo e Cristianismo, cultuando um único Deus com os seus símbolos litúrgicos, regras, lideranças etc.; estão presentes em todo orbe. Cada religião monoteísta tem a sua história. Para os cristãos, a figura de Jesus Cristo é o centro. Deus que se fez carne e habitou no mundo para resgatar a humanidade maculada pelo pecado. Assim, ele se entregou por todos no patíbulo da cruz. No Judaísmo, o Messias não veio ainda. Os judeus estão a esperar. Enquanto para o Islamismo, Maomé é o profeta que já veio como mensageiro de Alá.
É de perceber que o ser humano, por natureza, é religioso. Acredita em algo que foge do palpável. Daí, a de se entender que seja uma expressão livre da pessoa que adere à religião e que deve ser respeitado; visto que a religião proporciona uma sensação de proteção, de segurança e de bem-estar. E esse desejo pelo transcendente foi posto no coração do ser humano pelo próprio Deus. E para ajudar a pessoa à busca de Deus, ela faz uso dos próprios símbolos religiosos, que são sagrados e devem ser respeitados por todos, em convivência pacífica e harmoniosa. E se um símbolo religioso for vilipendiado ou escarnecido, fere o sentimento de milhões de fiéis.
Há no Cristianismo, símbolos que, pela própria natureza, são sagrados e que ninguém tem o direito de zombar deles, uma vez que pertencem à religião. São símbolos que dizem muito para os fiéis cristãos. Por exemplo: a cruz é um símbolo universal para os cristãos. Tem um significado profundo, pois foi no Sagrado Lenho que o Nosso Salvador, Jesus Cristo, deu a vida pela humanidade. Resgatou o povo que estava perdido no pecado. Do Santo Lenho, jorraram água e sangue, demonstrando entrega total. A Santa Ceia – eternizada pelo pincel de Leonardo da Vinci – transmite um sentimento muito forte. Simboliza a última Ceia de Jesus com os apóstolos, sinalizando a instituição da Eucaristia; logo, não pode ser parodiada dolosa e desrespeitosamente.
A bíblia é o livro santo para os cristãos, que contém a história da criação e da salvação do povo de Deus, tendo o Antigo Testamento como parte inseparável da Sagrada Escritura. Os cristãos veneram o Antigo Testamento como Palavra de Deus. O Novo Testamento, “a Palavra de Deus, que é força de Deus para a salvação de todo crente, é apresentada e manifesta seu vigor, de modo eminente, nos escritos do Novo Testamento” (Dei Verbum, n. 17). Estes escritos nos fornecem a verdade definitiva da revelação divina. Seu objeto central é Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado. Portanto, para os cristãos, a bíblia é o livro sagrado merecedor de respeito.
Na linguagem sociológica, os símbolos constituem o núcleo dos sistemas culturais, pois é com eles que formamos pensamentos, ideias e outras maneiras de representar a realidade para outros e para nós mesmos. O símbolo não fica em si mesmo. O símbolo religioso traz um sentimento de respeito à divindade que ele representa. Por essa razão, quando o cristão se defronta com uma cruz, lembra sempre do crucificado, aquele que nela morreu e doou a vida por todos. Fazer paródia com um símbolo cristão dolosamente, ofende o sentimento de milhões de fiéis como já foi dito. Interessante que alguns pseudos artistas só escarnecem dos símbolos cristãos, por quê?
Em consideração derradeira, o escritor paraibano, Ariano Suassuna, com sua inteligência ímpar e peculiar na peça: O Auto da Compadecida, demonstrou um Jesus negro e apontou o interesse financeiro de alguns religiosos, que, às vezes, por dinheiro, fazem até enterro de animais, em latim. Contudo, em momento algum com sua arte, feriu o sentimento religioso de ninguém. Pelo contrário, o mundo todo riu à beça do comportamento do bispo e do padre, brigando por dinheiro. Escarnecer de símbolos religiosos não é arte, é crime; não é liberdade artística, é zombaria com o sagrado. Respeite a minha religião.
Padre Biu de Arruda é pároco da Paróquia de Santa Luzia na Estância