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Chanuká, a "Festa das Luzes" - E como estamos precisando de luzes!

Depois de dois mil anos o povo judeu voltou a ter sua autodeterminação recriando seu estado-nação, o Estado de Israel, após séculos de perseguições

Por JC Publicado em 29/12/2024 às 0:00

JÁDER TACHLITSKY


Dois mil e duzentos anos atrás, a Judeia estava sob domínio do império selêucida.
Este nome derivava de Seleuco, um dos generais de Alexandre, “o Grande”.


Alexandre herdara o reino da Macedônia de seu pai, Felipe, que já houvera conquistado a Grécia.
O jovem herdeiro foi um grande guerreiro. Conquistou boa parte do mundo da época, criando o maior império até então conhecido.


Alexandre gastou tanto tempo em suas conquistas que talvez não tenha sobrado tempo de formar uma família e deixar herdeiros. Seu reino se pulverizou entre alguns de seus generais.


Após breve período sob domínio ptolomaico, a Judeia ficou submetida ao império selêucida, que possuía sua capital em Antióquia, na Síria. E seu quarto governante, Antíoco Epifânio quis impor a cultura helenística aos judeus, transformando em crime a prática do judaísmo.


A revolta judaica foi comandada por um sacerdote de nome Matityahu, e por seus cinco filhos. Após sua morte, um deles, de nome Judá assumiu a liderança. Os irmãos ficaram conhecidos como os Macabeus (originado da palavra martelo em hebraico, simbolizando o heroísmo dessa família).


Surpreendentemente, eles enfrentaram um império muito mais poderoso e saíram vencedores, reconquistando o controle sobre Jerusalém e restaurando o Templo Sagrado, profanado com as estátuas de deuses gregos, o que afrontava a religião judaica, baseada no monoteísmo.


Conta a história que ao reacenderem a menorah, o candelabro judaico, possuíam uma quantidade de azeite consagrado que só daria para manter a chama acesa por um dia. Mas que aquele azeite original manteve a menorah acesa por oito dias até a chegada do novo suprimento do óleo de oliva.


Por isso judeus em todo o mundo, neste período, acendem um candelabro de oito velas, mais uma vela piloto. Na primeira noite acende-se uma vela, na segunda duas, e assim, sucessivamente até que na oitava noite todo o candelabro fica aceso.


As luzes emanadas de Chanuká têm inspirado ao longo dos séculos o espírito da liberdade e da resistência. Simboliza o direito do povo judeu e de todos os povos a vivenciarem suas culturas, suas crenças. A não se sujeitarem diante dos que os queiram asfixiar.


Depois de dois mil anos, o povo judeu voltou a ter sua autodeterminação nacional. Recriou seu estado-nação, o Estado de Israel, após séculos de perseguições, massacres e tentativas várias de anular sua identidade, e sua própria existência.


A memória dos fatos que marcam a festa de Chanuká serve como um alerta para todos nós. Cada agrupamento humano desenvolveu sua identidade própria ao longo da história. Para vivermos em um mundo de paz precisa haver respeito por todos eles.


Há mais de um ano Israel sofreu um terrível ataque, patrocinado por uma outra nação, que por meio de diversos “proxies”, busca atentar contra sua soberania, e sua própria existência.


Esse fato desencadeou um violento conflito, que tem se estendido até o momento, trazendo muita dor e gravíssimas consequências.


Assim como no passado, a nação judaica tem se confrontado com inimigos que não reconhecem seu direito à vida e à liberdade de expressar sua cultura, sua fé, seu modo de vida.


O assim conhecido “povo do livro”, que perdeu seis milhões dos seus durante o genocídio nazista, tem enfrentado o duro desafio de transmitir seus valores e de lutar por sua sobrevivência, determinado a não mais permitir ser alvo dos que o querem destruir.


Neste ano, a festa de Chanuká teve início ao anoitecer de 25/12, coincidindo com outra festividade tão importante para parte expressiva da humanidade. E se encerrará ao anoitecer de 02 de janeiro, já do próximo ano.


Que as luzes de Chanuká possam iluminar nossas vidas, clarear nossos pensamentos, aquecer nossos corações e apontar os caminhos do diálogo e da construção do mundo de paz que tanto ansiamos.
Chag Chanuká Sameach! (Feliz Festa de Chanuká!)


Jáder Tachlitsky é economista, professor de Cultura Judaica e História Judaica e coordenador de comunicação da Federação Israelita de Pernambuco

 

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