Um grande estudo com quase 100.000 pacientes com COVID-19 descartou que a cloroquina e a hidroxicloroquina são eficazes contra o novo coronavírus, enfatizando que os dois medicamentos aumentam o risco de morte.
A hidroxicloroquina é normalmente usada para tratar doenças como a artrite, enquanto a cloroquina é empregada no tratamento da malária.
- Sem concluir testes, ministro Marcos Pontes anuncia novo protocolo de vermífugo contra covid-19
- Ministério da Saúde divulga protocolo para uso da cloroquina e mais dois medicamentos em tratamento contra coronavírus
- Recife seguia protocolo anterior do Ministério da Saúde em relação ao uso da cloroquina
- OMS aponta que cloroquina pode causar efeitos colaterais e destaca ineficácia do medicamento contra a covid-19
- De acordo com Mandetta, Bolsonaro tentou alterar a bula da cloroquina
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que tomava a hidroxicloroquina como medida preventiva contra a COVID-19, enquanto o governo de Jair Bolsonaro recomenda ambos para o tratamento de pacientes com sintomas leves do novo coronavírus.
Os autores do estudo, publicado nesta sexta-feira na revista científica The Lancet, enfatizam que os dois medicamentos não tiveram efeito em pacientes hospitalizados com COVID-19.
Com base em dados de 96.000 pacientes internados em centenas de hospitais, os pesquisadores concluíram que ministrar essas drogas aumentava o risco de morte nos enfermos.
Para chegar a esta conclusão, compararam os resultados de quatro grupos: aqueles que foram tratados apenas com hidroxicloroquina, apenas com cloroquina e dois grupos que receberam um dos dois combinado com antibióticos.
Houve também um grupo de controle de pacientes que não receberam nenhum desses tratamentos. No final do estudo, 9% deles morreram.
Entre aqueles que foram tratados apenas com hidroxicloroquina e cloroquina, 18% e 16,4% morreram, respectivamente.
Com antibióticos, morreram 22,8% daqueles que receberam cloroquina e 23,8% daqueles que tomaram hidroxicloroquina.
Com base nesses dados, os autores do estudo estimaram que, com esses medicamentos, os pacientes apresentavam um risco 45% maior de morrer do que aqueles que já sofriam de algumas patologias.
"O tratamento com cloroquina ou hidroxicloroquina não beneficia os pacientes com COVID-19", disse Mandeep Mehra, principal autor do estudo e diretor executivo do Brigham and Women's Hospital Center for Advanced Heart Disease, em Boston.
"Pelo contrário, nossa constatação sugere que pode estar associado a um risco aumentado de problemas cardíacos graves e a um risco aumentado de morte", afirmou.
Vários estudos anteriores já haviam destacado a falta de benefícios da hidroxicloroquina e seus possíveis riscos.
Trump defende a hidroxicloroquina, apesar de a agência governamental FDA desaconselhar seu uso para o tratamento da COVID-19.
A Grã-Bretanha, por sua vez, fez um pedido desse medicamento no valor de US$ 42 milhões.
Stephen Griffin, professor associado da Faculdade de Medicina da Universidade de Leeds, que não participou do estudo publicado na The Lancet, estimou que esses resultados "podem ser cruciais para o tratamento da COVID-19".
"Eles indicam que esses medicamentos não devem ser usados fora de um estudo clínico, que permite que os pacientes sejam monitorados quanto a complicações", disse Griffin.
Assine a nova newsletter do JC e fique bem informado sobre o coronavírus
Todos os dias, de domingo a domingo, sempre às 20h, o Jornal do Commercio divulga uma nova newsletter diretamente para o seu email sobre os assuntos mais atualizados do coronavírus em Pernambuco, no Brasil e no mundo. E como faço para receber? É simples. Os interessados podem assinar esta e outras newsletters através do link jc.com.br/newsletter ou no box localizado no final das matérias.
O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
Comentários