A Espanha registrou mais de 16 mil novos infectados por coronavírus desde sexta-feira (14), informou o Ministério da Saúde nesta segunda-feira (17), quando algumas regiões como as Ilhas Baleares e o País Basco endureceram as já severas medidas decretadas pelo governo central, como fechar boates e restringir o fumo nas ruas.
Os números indicam um total de 359.082 infectados pelo vírus na Espanha, 16.269 a mais do que no último balanço da sexta-feira.
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"Não são números bons, gostaríamos de estar em números muito mais baixos", reconheceu o diretor do posto de urgência sanitária Fernando Simón, insistindo que é "um aumento progressivo, suave, muito mais moderado ou muito mais fácil de controlar do que em outros períodos".
A Espanha é o país da Europa Ocidental com mais infecções por coronavírus com quase 343.000 e sua taxa de infecção foi de 115 casos por 100.000 habitantes nas últimas duas semanas, bem acima dos 45 na França, 19 no Reino Unido e 16 na Alemanha.
Diante dessa situação, o governo anunciou na sexta-feira um duro pacote de medidas que inclui o fechamento de boates, horário máximo de abertura de restaurantes e bares à noite, proibição de fumar em espaços abertos se não for possível se manter a pelo menos dois metros de distância e limitação de reuniões a dez pessoas.
Mas são as regiões, competentes em matéria de saúde, que devem implementá-las e fiscalizar o seu cumprimento.
Várias das 17 comunidades autônomas do país já aprovaram as novas medidas e, em alguns casos, outras complementares. É o caso do arquipélago turístico das Baleares que proibiu festas em barcos e piscinas, mesmo durante o dia.
O País Basco declarou "emergência sanitária", o que permite medidas ainda mais severas, como restrições de mobilidade local, diante de "um possível tsunami" de infecções, segundo a responsável pela saúde, Nekane Murga.
As disposições foram repudiadas no domingo em uma manifestação em Madri que atraiu entre 2.500 e 3.000 pessoas, de acordo com um porta-voz regional.
Com gritos de "liberdade" e faixas que diziam "o vírus não existe" ou "máscaras matam", pessoas se reuniram convocadas por redes sociais em uma praça central para denunciar um suposto exagero dos números da COVID-19 para justificar uma restrição de liberdades.
Como muitos dos participantes não usavam máscaras, obrigatórias nos ambientes externos em toda a Espanha, o delegado do governo em Madrid, José Manuel Franco, anunciou na rádio Cadena Ser que "o que aconteceu será punido com o máximo rigor".
Grande parte dos novos casos são assintomáticos e a mortalidade do vírus caiu consideravelmente. Desde o confinamento rígido de toda a população por três meses encerrado em 21 de junho, foram registrados pouco mais de 300 das 28.646 mortes no país pela pandemia.
Simón destacou que o aumento de casos se explica pela ampliação da capacidade de diagnóstico, embora reconheça que em alguns hospitais " equipes médicas já enfrentam um certo nível de stress".