Entrevista

"Falha absurda na segurança", diz pernambucana que acompanhou invasão ao Capitólio, nos EUA

Mesmo com a invasão, o resultado das eleições foi confirmado e Joe Biden assume no próximo dia 20

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Cássio Oliveira

Publicado em 07/01/2021 às 10:26 | Atualizado em 12/01/2021 às 11:52
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Pernambucana, a jornalista Fabíola Góis acompanhou a invasão do Capitólio, nos Estados Unidos, por apoiadores do presidente Donald Trump nessa quarta-feira (6). À Rádio Jornal, ela contou que a guarda nacional americana poderia ter impedido a invasão. "A guarda deveria ter evitado, foi uma falha absurda na segurança. Ouvi informações de que Trump teria impedido o acesso da guarda nacional e a polícia não deu conta de atuar para impedir a invasão. Foram cenas bizarras, alguns manifestantes estavam felizes, comemorando a invasão", comentou Fabíola.

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Mesmo com a manifestação contrária, o Congresso americano, em sessão conjunta comandada pelo vice-presidente e presidente do Senado, Mike Pence, certificou na madrugada desta quinta-feira (7), pelo horário de Washington, a vitória de Joe Biden e Kamala Harris como presidente e vice-presidente dos Estados Unidos.

A decisão valida os 306 votos dados ao democrata e os 232 concedidos a Trump no Colégio Eleitoral e sacramenta o processo de escolha do líder. Com a confirmação do resultado, não há mais nenhum obstáculo formal no caminho de Biden até a Casa Branca. A data da posse do novo presidente e de sua vice foi confirmada para o dia 20 de janeiro.

Para Fabíola Góis, Donald Trump não só incentivou as manifestações, como não se empenhou em enviar forças de segurança ao local. "Trump poderia pedir às forças militares que impedissem, ele tem capacidade. Se o presidente americano tivesse interesse que as pessoas saíssem, ele teria enviado reforço no policiamento, mas ele estava incentivando que as pessoas protestassem contra a vitória, ele quis ganhar no braço. Até os republicanos que defendiam a manifestação, mudaram o discurso durante a sessão e admitiram ter havido excesso, que foi um ataque à democracia e que não poderia ter ocorrido", afirmou a jornalista.

Fabíola ainda deu uma noção do clima no local. "Nós que estávamos fora, não tínhamos noção do tamanho dessa confusão. Cheguei por voltas das 15h, mas desde bem cedo já havia muitos manifestantes.  Peguei um metrô em Washington, não pude descer na estação Capitólio e andei até o local. Muitos estavam com faixas, alguns bebendo, outros com roupas típicas americanas. A polícia estava na frente, mas eram poucos e o conflito começou às 17, quando a polícia jogou bombas de efeito moral e gás de pimenta. Vi um ou dois helicópteros, haviam alguns veículos da polícia, mas sem revistar ninguém, então foi uma cena complicada, alguns que conversei estavam felizes e comemorando a invasão, compartilhando fotos de papéis rasgados dentro do Capitólio".

Capitólio

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Cerca de 40 pessoas foram detidas pela polícia de Washington, principalmente por violações ao toque de recolher, porte de armas e entrada ilegal - AFP
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A Guarda Nacional foi acionada para o Capitólio - SPENCER PLATT / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP
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Local foi invadido por manifestantes pró Donald Trump, que não aceitam a derrota nas urnas - AFP
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Os protestos foram realizados nesta quarta-feira (6) - AFP FOTOS
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Apoiadores do presidente dos EUA, Donald Trump, em frente ao Capitólio dos EUA em 6 de janeiro de 2021, em Washington, DC. Os manifestantes violaram a segurança e entraram no Capitólio enquanto o Congresso debatia a Certificação de Voto Eleitoral da eleição presidencial de 2020. - ANDREW CABALLERO-REYNOLDS / AFP
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Policiais em equipamento anti-motim caminha em direção ao Capitólio dos EUA enquanto os manifestantes entram no prédio em 6 de janeiro de 2021 em Washington, DC. Os apoiadores de Trump se reuniram na capital do país hoje para protestar contra a ratificação da vitória do Colégio Eleitoral do presidente eleito Joe Biden sobre o presidente Trump nas eleições de 2020. - TASOS KATOPODIS / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / GETTY IMAGES VIA AFP
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Congresso realiza sessão conjunta para ratificar a eleição presidencial de 2020 - AFP FOTOS
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Apoiadores de Donald Trump se reúnem em torno do edifício do Capitólio do estado de Michigan para protestar contra a certificação de Joe Biden como o próximo presidente dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021 em Lansing, Michigan. Os apoiadores de Trump se reuniram nas capitais de todo o país para protestar contra a ratificação de hoje da vitória do Colégio Eleitoral do presidente eleito Joe Biden sobre o presidente Trump na eleição de 2020. - Matthew Hatcher / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
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Membros do Congresso concorrem para se esconder enquanto os manifestantes tentam entrar na Câmara da Câmara durante uma sessão conjunta do Congresso em 6 de janeiro de 2021 em Washington, DC. O Congresso realizou uma sessão conjunta hoje para ratificar a vitória do Colégio Eleitoral 306-232 do presidente eleito Joe Biden sobre o presidente Donald Trump. Um grupo de senadores republicanos disse que rejeitaria os votos do Colégio Eleitoral de vários estados, a menos que o Congresso designasse uma comissão para auditar os resultados das eleições. - Drew Angerer / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP
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Apoiadores do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entram na Rotunda do Capitólio dos Estados Unidos - Saul LOEB / AFP

A sessão que confirmou o resultado das eleições deveria ser um ato simbólico, mas passou longe disso. Na noite de quarta-feira, os trabalhos foram suspensos após extremistas pró-Trump invadirem o Capitólio para impedir a validação do resultado eleitoral. Quatro pessoas morreram e 52 foram presas em meio ao caos promovido pelos vândalos. Sem apresentar provas, apoiadores de Trump afirmam que as eleições presidenciais foram fraudadas. O fato foi lamentado por autoridades de diferentes campos ideológicos, que viram no episódio um ataque à democracia.

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Cerca de duas horas depois de as autoridades terem conseguido limpar o Capitólio e seus arredores, o presidente da sessão conjunta, o vice-presidente Mike Pence, autorizou a retomada dos trabalhos pelas duas Casas do Congresso, para a continuidade do processo de ratificação do resultado das eleições.

No trabalho legislativo, foram apresentadas duas objeções ao resultado das eleições na Pensilvânia e no Arizona, ambas apresentadas por aliados de Trump, mas acabaram sendo rejeitadas nas duas Casas. Sem nenhuma nova objeção, os parlamentares validaram o resultado apresentado por mais de dez Estados em um curto espaço de tempo, confirmando a vitória da chapa democrata.

Bolsonaro

Aliado de Donald Trump, o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, não repudiou a invasão do Congresso dos Estados Unidos, repetiu o discurso do presidente americano e disse que "teve muita denúncia de fraude" na eleição do país.

Em frente ao Palácio da Alvorada, Bolsonaro foi indagado por uma apoiadora sobre se queria comentar as tensões na capital dos EUA. "Eu acompanhei tudo aí. Você sabe que eu sou ligado ao Trump. Então, você já sabe qual a minha resposta aqui", respondeu o presidente. "Agora, muita denúncia de fraude, muita denúncia de fraude. Eu falei isso há um tempo e a imprensa falou 'sem provas, o presidente Bolsonaro falou que teve, foi fraudada as eleições americanas", afirmou.

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Questionada sobre a postura do presidente brasileiro, a jornalista Fabíola Góis disse que Bolsonaro pode repetir a tensão criada por Trump, caso seja derrotado em 2022. "Bolsonaro pode repetir o que Trump fala, ele repete algumas ações do americano. Então, não me admira se o presidente brasileiro seguir a mesma linha. É bom que os órgãos fiquem atentos. Nos Estados Unidos, as instituições são solidas, vimos isso com o resultado confirmado mesmo após a invasão. Vamos ver como Bolsonaro se movimenta, talvez ele recue pois viu que não deu resultado esperado por Trump, mas não admira se ele fizer. Vamos ver o que acontece nesses dois anos", concluiu.

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