INVASÃO

Bolsonaro evita criticar excessos nos EUA e reitera ligação com Trump

"Acompanhei tudo. Você sabe que sou ligado ao Trump, você sabe qual é a minha resposta agora. Muita denúncia de fraude", afirmou o presidente da República

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AFP

Publicado em 06/01/2021 às 21:36 | Atualizado em 06/01/2021 às 21:36
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O presidente Jair Bolsonaro, aliado de Donald Trump, evitou criticar os apoiadores do colega americano que invadiram, nesta quarta-feira (6), o Congresso dos Estados Unidos, e se mostrou compreensivo em relação às acusações de fraude eleitoral que motivaram os excessos cometidos.

"Acompanhei tudo. Você sabe que sou ligado ao Trump, você sabe qual é a minha resposta agora. Muita denúncia de fraude", disse a apoiadores que o questionaram na entrada da residência oficial, em Brasília.

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Bolsonaro, que chegou ao poder com um discurso contra o sistema semelhante ao de Trump, reiterou sua convicção de que sua própria eleição, em 2018, foi fraudada para evitar que ele ganhasse no primeiro turno. O presidente brasileiro, chamado de 'Trump Tropical', foi o último líder do grupo de potências industrializadas e emergentes do G20 a cumprimentar Biden por sua vitória.

Países tradicionalmente aliados dos Estados Unidos pediram hoje a Trump e seus apoiadores que deixem de questionar o resultado das eleições sem apresentar provas de fraude.

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Mundo reage em choque à invasão do Capitólio nos Estados Unidos

A invasão do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, por apoiadores do presidente Donald Trump, nesta quarta-feira (6), proporcionou "cenas chocantes", alertou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, uma manifestação compartilhada por vários líderes mundiais.

"Cenas chocantes em Washington. O resultado dessa eleição democrática deve ser respeitado", escreveu no Twitter o chefe da aliança militar atlântica.

A chegada dos partidários furiosos de Trump forçou a interrupção da sessão destinada a certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro.

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, por sua vez, lamentou as "cenas profundamente perturbadoras no Capitólio".

"Os votos dos cidadãos devem ser respeitados. Confiamos que os Estados Unidos garantirão a proteção das regras da democracia", disse o líder do legislativo europeu em um tuíte.

O Alto Representante (chefe da diplomacia) da UE, Josep Borrell, também denunciou um ataque sem precedentes à democracia nos Estados Unidos e pediu respeito ao resultado das eleições de novembro.

"Aos olhos do mundo, a democracia americana parece estar sob assédio. É um ataque sem precedentes à democracia dos Estados Unidos, suas instituições e o império da lei. Isto não são os Estados Unidos. Os resultados das eleições de 3 de novembro devem ser plenamente respeitados", afirmou Borrell no Twitter.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, também condenou o que chamou de "um ataque grave contra a democracia".

"A violência contra as instituições americanas é um ataque grave contra a democracia. Eu a condeno. A vontade e o voto do povo americano devem ser respeitados", tuitou o ministro francês.

Enquanto isso, o comissário da União Europeia para a Economia, Paolo Gentiloni, postou no Twitter uma foto dos apoiadores de Trump nos corredores do Capitólio e comentou: "Vergonha".

Em outra mensagem, ele observou que se tratam de "imagens que não gostaríamos de ter visto".

Antigo aliado de Trump, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, denunciou o que chamou de "cenas vergonhosas" de Washington e pediu uma "transição pacífica" de poder com o democrata Joe Biden.

"Cenas vergonhosas no Congresso americano. Os Estados Unidos são os defensores da democracia em todo o mundo e agora é vital que a transferência do poder seja feita de forma pacífica e ordeira", afirmou Johnson no Twitter.

"Os Estados Unidos têm, e com razão, muito orgulho de sua democracia e nada pode justificar essas tentativas violentas de inviabilizar a transição legal de poder", criticou o chanceler britânico, Dominic Raab.

"Cenas chocantes e profundamente tristes em Washington D.C. que devem ser chamadas do que são: uma agressão deliberada à democracia por um presidente que está deixando o cargo e seus apoiadores, que estão tentando reverter uma eleição livre e legítima", condenou seu homólogo irlandês, Simon Coveney.

"O mundo está de olho em vocês", acrescentou, pedindo uma "volta à calma".

O primeiro-ministro irlandês, Michael Martin, lembrou o "vínculo profundo" de seu país com os Estados Unidos, declarando que estava acompanhando os acontecimentos em Washington com "grande preocupação e consternação".

Mais cedo, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, exortou os seguidores do presidente Trump, a "deixarem de pisotear a democracia" depois que eles invadiram o Congresso americano, em Washington.

"Trump e seus seguidores deveriam finalmente aceitar a decisão dos eleitores americanos e deixar de pisotear a democracia", tuitou, acrescentando que "as palavras incendiárias viram ações violentas".

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