Mundo reage em choque à invasão do Capitólio nos Estados Unidos
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, por sua vez, lamentou as "cenas profundamente perturbadoras no Capitólio"
Atualizada às 23h58
A invasão do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, por apoiadores do presidente Donald Trump, nesta quarta-feira (6), proporcionou "cenas chocantes", alertou o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, uma manifestação compartilhada por vários líderes mundiais. A chegada dos partidários furiosos de Trump forçou a interrupção da sessão destinada a certificar a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais de novembro.
>> Bolsonaro reitera apoio a Trump e volta a falar em fraude na eleição dos EUA
>> Armas à mostra e vidros quebrados: apoiadores de Trump levaram o caos ao Congresso
"Cenas chocantes em Washington. O resultado dessa eleição democrática deve ser respeitado", escreveu no Twitter o chefe da aliança militar atlântica.
>> Após invasão, Congresso retoma sessão para certificar vitória de Biden
>> Veja imagens da invasão ao Congresso dos Estados Unidos por apoiadores de Trump
Ao contrário do que se viu pelo mundo, o presidente Jair Bolsonaro, um aliado de Trump, evitou criticar a violência ocorrida no Capitólio e se mostrou compreensivo com os distúrbios devido às acusações de fraude eleitoral nos Estados Unidos.
Houve "muitas denúncias de fraude" nas eleições, disse Bolsonaro.
Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Venezuela expressou "preocupação" com o que chamou de "atos de violência" em Washington.
- Manifestantes pró-Trump invadem Congresso dos Estados Unidos
- Veja imagens da invasão ao Congresso dos Estados Unidos por apoiadores de Trump
- Trump pede que apoiadores se 'mantenham pacíficos' em protestos no Capitólio
- Washington decreta toque de recolher por causa de caos em protesto pró-Trump
- Vice-presidente Mike Pence pede fim de violência no Capitólio, invadido por apoiadores de Trump
- Mulher é baleada durante invasão de apoiadores de Trump ao Capitólio, diz imprensa
- Twitter bloqueia interação com mensagens de Trump por 'risco de violência'
“Os Estados Unidos sofrem do mesmo que criaram em outros países com suas políticas agressivas. A Venezuela condena a polarização política e espera que o povo americano abra um novo caminho para a estabilidade e a justiça social”, continuou.
Por sua vez, o líder da oposição Juan Guaidó afirmou no Twitter que o “ataque ao Capitólio é o ataque à democracia”.
O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, por sua vez, lamentou as "cenas profundamente perturbadoras no Capitólio".
"Os votos dos cidadãos devem ser respeitados. Confiamos que os Estados Unidos garantirão a proteção das regras da democracia", disse o líder do legislativo europeu em um tuíte.
O Alto Representante (chefe da diplomacia) da UE, Josep Borrell, também denunciou um ataque sem precedentes à democracia nos Estados Unidos e pediu respeito ao resultado das eleições de novembro.
"Aos olhos do mundo, a democracia americana parece estar sob assédio. É um ataque sem precedentes à democracia dos Estados Unidos, suas instituições e o império da lei. Isto não são os Estados Unidos. Os resultados das eleições de 3 de novembro devem ser plenamente respeitados", afirmou Borrell no Twitter.
O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, também condenou o que chamou de "um ataque grave contra a democracia".
>> Ataque ao Congresso é 'grande vergonha', mas 'não uma surpresa', diz Obama
>> Mulher baleada durante invasão ao Congresso norte-americano morreu
"A violência contra as instituições americanas é um ataque grave contra a democracia. Eu a condeno. A vontade e o voto do povo americano devem ser respeitados", tuitou o ministro francês.
Enquanto isso, o comissário da União Europeia para a Economia, Paolo Gentiloni, postou no Twitter uma foto dos apoiadores de Trump nos corredores do Capitólio e comentou: "Vergonha".
Em outra mensagem, ele observou que se tratam de "imagens que não gostaríamos de ter visto".
>> Twitter e Facebook bloqueiam contas de Donald Trump temporariamente
Antigo aliado de Trump, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, denunciou o que chamou de "cenas vergonhosas" de Washington e pediu uma "transição pacífica" de poder com o democrata Joe Biden.
"Cenas vergonhosas no Congresso americano. Os Estados Unidos são os defensores da democracia em todo o mundo e agora é vital que a transferência do poder seja feita de forma pacífica e ordeira", afirmou Johnson no Twitter.
"Os Estados Unidos têm, e com razão, muito orgulho de sua democracia e nada pode justificar essas tentativas violentas de inviabilizar a transição legal de poder", criticou o chanceler britânico, Dominic Raab.
"Cenas chocantes e profundamente tristes em Washington D.C. que devem ser chamadas do que são: uma agressão deliberada à democracia por um presidente que está deixando o cargo e seus apoiadores, que estão tentando reverter uma eleição livre e legítima", condenou seu homólogo irlandês, Simon Coveney.
"O mundo está de olho em vocês", acrescentou, pedindo uma "volta à calma".
O primeiro-ministro irlandês, Michael Martin, lembrou o "vínculo profundo" de seu país com os Estados Unidos, declarando que estava acompanhando os acontecimentos em Washington com "grande preocupação e consternação".
Mais cedo, o ministro alemão das Relações Exteriores, Heiko Maas, exortou os seguidores do presidente Trump, a "deixarem de pisotear a democracia" depois que eles invadiram o Congresso americano, em Washington.
"Trump e seus seguidores deveriam finalmente aceitar a decisão dos eleitores americanos e deixar de pisotear a democracia", tuitou, acrescentando que "as palavras incendiárias viram ações violentas".
"O que se está vendo neste momento em Washington é um ataque totalmente inaceitável contra a democracia nos Estados Unidos. O presidente Trump tem a responsabilidade de detê-lo. Imagens assustadoras, incrível que seja nos Estados Unidos", reagiu por sua vez a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) condenou em comunicado "o atentado contra as instituições nos Estados Unidos" e pediu a volta "necessária à racionalidade e a conclusão do processo eleitoral conforme a Constituição".
Senado americano volta a se reunir para certificar vitória de Biden
O Senado dos Estados Unidos voltou a se reunir nesta quarta-feira (6) e retomou o processo de certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais, depois de uma pausa de várias horas devido à invasão do Capitólio por parte de apoiadores de Donald Trump.
Na reabertura da sessão, o vice-presidente Mike Pence lamentou "um dia obscuro" e condenou a violência dos manifestantes.
"Mesmo depois da violência e vandalismo sem precedentes neste Capitólio, os representantes eleitos do povo dos Estados Unidos se reúnem novamente neste mesmo dia para defender a Constituição", destacou Pence.
Uma multidão de partidários de Trump invadiu o Capitólio durante várias horas nesta quarta-feira, o que obrigou os congressistas a serem confinados e pressionou a capital americana a declarar um toque de recolher na cidade.
O líder dos republicanos no Senado, Mitch McConnell, afirmou na retomada da sessão que a Câmara "não se deixaria intimidar".
"Tentarão perturbar nossa democracia e falharam", declarou.
O líder democrata no Senado, Chuck Schumer, afirmou que os atos desta quarta, provocados "pelas palavras, as mentiras" de Trump, deixarão "uma mancha que não será apagada facilmente".