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Twitter suspende conta de Donald Trump permanentemente 

''Suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de mais incitamento à violência'', anunciou o Twitter

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AFP, Estadão Conteúdo

Publicado em 08/01/2021 às 21:17 | Atualizado em 08/01/2021 às 21:52
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O Twitter anunciou, nesta sexta-feira (8), que suspendeu permanentemente a conta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, citando o risco de mais violência, um dia após o republicano fazer postagens em que apoiava os radicais que invadiram o Congresso dos Estados Unidos. No Facebook e no Instagram, as contas do presidente estão bloqueadas pelo menos até o fim de seu mandato, em 20 de janeiro.

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"Após uma análise detalhada dos tuítes recentes da conta @realDonaldTrump, suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de mais incitamento à violência", declarou o Twitter explicando a decisão.

REPRODUÇÃO/TWITTER
Conta de Trump suspensa no Twitter - REPRODUÇÃO/TWITTER

A plataforma favorita de Trump bloqueou a conta do presidente por 12 horas após o ataque de partidários ao Capitólio dos Estados Unidos na quarta-feira e o ameaçou com uma suspensão permanente se ele continuasse a infringir as regras.

Trump voltou ao Twitter na noite desta quinta-feira (7), postando uma mensagem de vídeo que parecia destinada a acalmar as tensões, após a confusão causada por seus apoiadores.

O republicano reconheceu que sua presidência está terminando e prometeu uma transição suave a Joe Biden, embora não tenha chegado a parabenizar ou mesmo citar o nome de seu sucessor.

O Twitter alertou que continuava monitorando as atividades de Trump nas redes sociais para determinar se ações adicionais eram necessárias.

A decisão de suspender a conta de Trump veio depois de dois tuítes publicados nesta sexta-feira, de acordo com a plataforma de mensagens.

Em um dos tuítes, Trump prometeu que nenhum de seus apoiadores seria "desrespeitado", e em outro disse que não compareceria à posse de Biden em 20 de janeiro, indo contra uma tradição da democracia americana.

“Esses dois tuítes devem ser lidos no contexto de eventos mais amplos no país e nas formas pelas quais as declarações do presidente podem ser mobilizadas por diferentes públicos, inclusive para incitar à violência, bem como no contexto do padrão de comportamento dessa conta nas últimas semanas", explicou o Twitter.

A empresa determinou que os tuítes violaram a "Política de Glorificação da Violência" e que "o usuário @realDonaldTrump deve ser imediatamente suspenso do serviço de forma permanente".

O Twitter confirmou que centenas de funcionários assinaram uma carta enviada ao diretor executivo da plataforma, Jack Dorsey, afirmando terem ficado incomodados com a "insurreição" realizada por partidários de Trump que haviam se reunido em Washington a pedido do presidente.

Os funcionários pediram ao Twitter que avaliasse o papel que a plataforma desempenhou nos ataques ao Capitólio de quarta-feira.

"O Twitter incentiva um diálogo aberto entre nossa liderança e funcionários, e damos as boas-vindas aos nossos funcionários para expressarem seus pensamentos e preocupações da maneira que acharem melhor para eles", disse um porta-voz da empresa sobre a carta.

Trump bloqueado no Facebook e no Instagram

Trump teve bloqueadas por tempo indeterminado suas contas do Facebook e do Instagram. A medida vale pelo menos até o fim de seu mandato, no dia 20 de janeiro, segundo informou o diretor executivo da plataforma, Mark Zuckerberg.

A expulsão ocorreu um dia após o republicano fazer postagens em que apoiava os radicais que invadiram o Congresso dos EUA. Na noite de quarta-feira, também por esse motivo, Trump já havia sido suspenso pelo mesmo Facebook e também pelo Twitter.

"Acreditamos que os riscos de permitir que o presidente continue a usar nosso serviço durante esse período são simplesmente grandes demais", escreveu Zuckerberg ao anunciar a decisão. "Portanto, estamos estendendo o bloqueio que colocamos em suas contas do Facebook e Instagram indefinidamente e por pelo menos as próximas duas semanas até que a transição pacífica de poder seja concluída."

Já o Twitter proibiu Trump de postar por 12 horas ou até ele excluir as publicações que foram consideradas como incitação à violência - ele não fez isso. Inicialmente, a plataforma havia apenas restringido as interações com mensagens simpáticas aos extremistas, impedindo que fossem compartilhadas, comentadas ou respondidas. Mais tarde, a empresa resolveu apagar três mensagens.

A plataforma também alertou o presidente que caso ele volte a postar conteúdos que incitem à violência sua conta também será banida - o Twitter é a rede social mais utilizada por Trump.

Ao longo da quarta-feira (6) o presidente emitiu mensagens que incentivavam os manifestantes. Mesmo quando gravou um vídeo pedindo para que eles fossem para casa disse que "os amava" e eles eram "muito especiais".

Na quarta-feira à noite, Facebook e YouTube retiraram esse vídeo do ar - na gravação o presidente pedia o fim do protesto, mas insistia em dizer, sem apresentar provas, que a eleição foi fraudada.

O vice-presidente de integridade do Facebook, Guy Rosen, afirmou que a empresa optou por retirar o vídeo por acreditar que a decisão "diminui o risco de violência". O Twitter limitou o compartilhamento do vídeo pelo mesmo motivo. A empresa afirmou que continuaria com ações para barrar mensagens com ameaças e estímulo à violência.

As restrições ao presidente dos EUA vêm depois de ele receber por anos um tratamento dócil dessas empresas, escreveu Kevin Roose, colunista de tecnologia do The Washington Post.

"Temerosos em provocar uma reação do presidente e de seus aliados, eles fizeram discursos nebulosos em defesa da liberdade de expressão, desenvolveram políticas especiais para justificar sua inação e anexaram rótulos de advertência frágeis às postagens do presidente."

Para ele, sem acesso às plataformas e fora da presidência, Trump pode se tornar mais um comentarista que vai disputar a atenção da audiência.

Justiça federal americana indicia 15 pessoas por invasão ao Capitólio

Quinze pessoas foram indiciadas pelo ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, incluindo o homem fotografado no gabinete da líder democrata Nancy Pelosi, anunciou o Departamento de Justiça nesta sexta-feira (8).

 

"Anunciamos quinze acusações feitas pela justiça federal", disse Ken Kohl, do gabinete do procurador federal de Washington, em entrevista coletiva.

No entanto, Kohl acrescentou que nenhuma acusação de "incitamento" à violência ou "insurreição" é esperada, diante dos pedidos de ação legal contra o presidente Donald Trump, seu advogado Rudy Giuliani e outros.

Entre os acusados estão um que portava 11 coquetéis molotov em um veículo estacionado perto do Congresso, outro que derrubou um policial e outro que entrou com um revólver carregado, disse.

Richard Barnett, que entrou no gabinete da presidente da Câmara dos Representantes, onde posou para as câmeras e deixou mensagens ofensivas, foi preso no Arkansas e acusado de "invasão violenta", segundo Kohl.

Acusações como roubo de material de escritório foram adicionadas.

A maioria também foi acusada de invasão de edifícios restritos do Congresso e de conduta violenta ou desordenada.

Eles também foram acusados de impedir uma sessão do Congresso.

"A destruição ilegal do Capitólio foi um ataque a uma das maiores instituições de nosso país", disse o procurador em exercício do distrito de Columbia, Michael Sherwin, em nota.

Kohl observou ainda que "literalmente centenas de promotores e agentes estão trabalhando em três centros de comando 24 horas por dia, sete dias por semana" e que mais acusações e prisões são esperadas.

“Esta investigação tem prioridade total”, disse ele.

Cerca de 40 pessoas foram detidas pela polícia de Washington, principalmente por violações ao toque de recolher, porte de armas e entrada ilegal.

Mas as acusações anunciadas por Kohl nesta sexta-feira têm hierarquia federal, o que pode resultar em sentenças mais duras.

Centenas de apoiadores do presidente Donald Trump invadiram o Capitólio na quarta-feira enquanto os congressistas se preparavam para confirmar a vitória do democrata Joe Biden na eleição de novembro.

 

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