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EUA travam 'guerra' com a Rússia para falar com os latinos, inclusive brasileiros

Estados Unidos querem inibir avanço das informações russas na AL

AFP
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Publicado em 05/08/2022 às 19:32 | Atualizado em 06/08/2022 às 0:24
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REDES SOCIAIS Congressistas americanos buscaram aplicativos para conter avalanche de informações - FOTO: PIXABAY
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Os Estados Unidos estão convencidos de que a Rússia usa a desinformação para influenciar a América Latina e as comunidades de língua espanhola em geral, como arma política em meio à guerra na Ucrânia e três meses antes das eleições de meio de mandato.

Em um país com mais de 62 milhões de hispânicos, os congressistas escreveram durante os últimos meses aos gigantes digitais como Facebook, Instagram e Twitter e a aplicativos de mensagens instantâneas como Telegram para exigir que impeçam que veículos da mídia russa, como RT em espanhol e Sputnik Mundo, "divulguem e espalhem mentiras para o exterior" que "prejudicam diretamente os interesses nacionais".

Enquanto a China, outra grande dor de cabeça para o presidente Joe Biden, financia infraestrutura e cria laços financeiros, a Rússia "tem que ser mais criativa para acumular influência e uma de suas estratégias tem sido espalhar informações falsas", afirmou recentemente o deputado democrata Albio Sires, durante uma audiência no Congresso sobre a influência russa na América Latina.

A Rússia "realiza, conforme necessário, atividades de guerra de informação destinadas a aumentar a polarização e diminuir a confiança nas instituições democráticas", disse Evan Ellis, professor e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos do Colégio de Guerra do Exército dos Estados Unidos.

Para isso, usa redes sociais que "complementam as atividades de suas plataformas de desinformação estatais RT e Sputnik", explica.

Mas seus efeitos podem ser combatidos com investimentos, disse Candace Rondeaux, diretora do Future Frontlines New America, um think tank de Washington.

RESPOSTA DOS EUA  À RÚSSIA

"Durante a Guerra Fria, a Radio Free Europe e a Radio Liberty foram, sem dúvida, extremamente importantes para obter resultados no Leste Europeu e na Europa em geral", disse, referindo-se à organização de transmissão financiada pelo governo dos EUA.

"Hoje você não vê nada comparável a isso" para a América Latina e "é um déficit que provavelmente deve ser resolvido", afirmou.

Kimberly Marten, professora do departamento de ciência política do Barnard College, universidade de Nova York, concorda com a necessidade de combater essa estratégia.

"O que temos que fazer é responder" e "dizer às pessoas em programas em espanhol e português exatamente o que Putin e seu regime fizeram em termos de corrupção e violência", recomendou.

Fora de casa, a desinformação em espanhol é preocupante porque os Estados Unidos vêm perdendo influência na América Latina há anos.

A preocupação vem crescendo desde o início da guerra na Ucrânia, após a invasão russa. Alguns países, como México, Argentina e Brasil, não apoiaram os Estados Unidos em suas iniciativas para ajudar o governo ucraniano com a diligência e firmeza que Washington gostaria.

A desinformação atingiu um nível "surpreendente" na América Latina, lamentou o secretário de Estado Antony Blinken em junho durante a Cúpula das Américas.

 

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