Tensões

EUA testa míssil intercontinental em meio à tensão militar com a China

Em momento de tensão com os chineses, EUA fazem teste com míssil de longo alcance

Marília Banholzer
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Marília Banholzer
Publicado em 16/08/2022 às 21:53
CLAYTON WEAR / US AIR FORCE / AFP
DE OLHO Disparo em direção ao Pacífico deixou os chineses em alerta, até por causa da relação tensa com os EUA - FOTO: CLAYTON WEAR / US AIR FORCE / AFP
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Da Agência Estado

Os EUA testaram ontem o míssil balístico intercontinental Minuteman III, com capacidade nuclear O lançamento ocorreu em meio à tensão com a China em Taiwan e envolveu até o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Em busca de mais apoio chinês, Putin acusou o governo americano de provocar Pequim e aumentar a instabilidade global.

O míssil foi disparado da base de Vandenberg, na Califórnia e viajou 6,8 mil quilômetros até o atol de Kwajalein, nas Ilhas Marshall. O Minuteman carregava um veículo de reingresso de teste, que em um conflito estratégico pode ser armado com uma ogiva nuclear.

De acordo com os americanos, o lançamento foi realizado para "demonstrar a prontidão das forças nucleares dos EUA" e manter a capacidade de "dissuasão nuclear do país". O Pentágono negou qualquer relação com a crise em Taiwan.

ALERTA MILITAR

Apesar da retórica, o disparo em direção ao Pacífico deixou os chineses em alerta. A China acusa os americanos de acirrarem as tensões no Pacífico, desde a viagem a Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, há duas semanas, que desencadeou quatro dias de exercícios militares da China na região.

Na segunda-feira, um nova delegação de congressistas americanos aterrissou em Taiwan, o que levou Pequim a despachar jatos e navios de guerra para os arredores da ilha, cuja soberania é reivindicada de maneira cada vez mais agressiva pelo governo chinês.

Nos últimos dias, Pequim vem ampliando as ameaças contra os taiwaneses. Em um documento oficial, divulgado na semana passada, o governo chinês fala em trabalhar por uma "reunificação pacífica", mas não descarta o uso da força, caso seja necessário.

Como se não bastasse a tensão entre as duas maiores potências do planeta, a crise vem ganhando um ator cada vez mais atuante: a Rússia, de Vladimir Putin. Envolvido em uma guerra complicada na Ucrânia, ele busca apoio para escapar do cerco internacional.

Para atrair a China, Putin vem usando a crise em Taiwan a seu favor. Ontem, após o teste do míssil de longo alcance, ele disse que os EUA querem provocar conflitos "para manter a sua hegemonia".

Na lógica de Putin, o governo americano, que já vinha criando instabilidade global ao apoiar a Ucrânia, agora provoca a China. Sob o ponto de vista russo, tanto o envio de armas aos ucranianos quanto as visitas de congressistas americanos a Taiwan são parte da mesma estratégia.

"A aventura americana em Taiwan não foi apenas uma viagem de uma deputada irresponsável. Foi parte de uma estratégia deliberada e consciente dos EUA destinada a desestabilizar a situação e criar caos na região e no mundo inteiro, uma demonstração flagrante de desrespeito à soberania de outro país e suas próprias obrigações internacionais", disse Putin, durante uma conferência internacional em Moscou.

NOVA ORDEM

No início de agosto, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, anunciou o adiamento de um teste planejado do míssil Minuteman III, segundo ele, para evitar que as tensões com a China piorassem durante as manobras chinesas no Estreito de Taiwan.

Segundo comunicado da Força Aérea dos EUA, o lançamento de ontem faz parte da rotina. "O objetivo é demonstrar que a dissuasão nuclear dos EUA é segura, confiável e eficaz", diz o texto. "Tais testes ocorreram mais de 300 vezes antes. E este não é resultado dos últimos acontecimentos globais."

 

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