GUERRA

GUERRA: Rússia quer anexar território da Ucrânia

Os referendos seguem o modelo usado pela Rússia para anexar a península ucraniana da Crimeia em 2014

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Publicado em 20/09/2022 às 23:10
Sergei SUPINSKY / AFP
Rússia faz novo bombardeio contra cidade ucraniana - FOTO: Sergei SUPINSKY / AFP
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Autoridades instaladas por Moscou em várias regiões da Ucrânia anunciaram nessa terça-feira (20) a realização, entre os próximos dias 23 e 27, de referendos sobre a anexação à Rússia, em meio à contraofensiva ucraniana.

Os territórios separatistas pró-russos de Donetsk e Luhansk, na região do Donbass (leste da Ucrânia), bem como as regiões de Kherson (sul) e Zaporizhzhia (sudeste), todos ocupados pelo Exército russo, anunciaram as votações dias antes de o país entrar no oitavo mês de guerra. Sua integração à Rússia representaria uma grande escalada do conflito, uma vez que Moscou poderia justificar sua intervenção alegando defender seu próprio território das forças de Kiev.

Os referendos seguem o modelo usado pela Rússia para anexar a península ucraniana da Crimeia em 2014, um movimento denunciado pela comunidade internacional.

Tanto Washington quanto Berlim e Paris denunciaram a futura consulta e afirmaram que a comunidade internacional nunca aceitaria os resultados, enquanto a Otan considerou que as consultas representam "uma escalada adicional" do conflito.

As consultas estão sendo preparadas há meses, mas seu calendário parece ter acelerado após a contraofensiva ucraniana, que obrigou o Exército russo a se retirar do nordeste do país.

Foi o chefe do "parlamento" autoproclamado de Lugansk, Denis Miroshnichenko, que anunciou primeiramente que a consulta seria realizada em quatro dias, a partir de sexta-feira (23). Pouco depois, a agência de notícias oficial de Donetsk anunciou um cronograma idêntico, seguido pelo chefe da administração de ocupação de Kherson, Vladimir Saldo. Uma autoridade pró-Rússia fez o mesmo pela região de Zaporizhzhia.

A Ucrânia, por sua vez, alertou que a ameaça russa será "liquidada".

Esses anúncios são feitos depois que a Rússia sofreu importantes reveses militares desde o começo de setembro, principalmente a retirada de Kharkiv.

O Exército ucraniano também lançou uma contraofensiva na região de Kherson, que avança mais lentamente. E também ataca na região de Luhansk, que a Rússia conquistou totalmente na primavera boreal, após combates sangrentos.

O número dois do Conselho de Segurança da Rússia e ex-presidente russo Dmitri Medvedev pediu que os referendos sobre a anexação das regiões de Lugansk e Donetsk sejam realizados o mais rápido possível.

Os referendos no Donbass "são de grande importância (...) para restaurar a justiça histórica", disse Medvedev no Telegram. Moscou considera a Ucrânia historicamente russa.

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