Da AFP
O papa Francisco pediu, neste domingo (22), para rezar pelo fim dos "atos de violência no Peru", que vive uma profunda crise política devido aos protestos contra o governo, que já deixaram 46 mortos.
"Peço-lhes que rezem para que cessem os atos de violência no Peru", disse o pontífice, após a oração do Angelus na Praça de São Pedro, em no Vaticano.
"Me uno aos bispos peruanos para dizer: 'Não à violência, venha ela de onde vier, chega de mortes'", afirmou o papa Francisco, pronunciando a última parte em espanhol.
A onda de protestos para exigir a renúncia da presidente peruana, Dina Boluarte, começou no início de dezembro e já deixou 46 mortos, obrigando o governo a impor estado de emergência em algumas regiões.
Os distúrbios tiveram início após após a destituição e detenção do presidente de esquerda Pedro Castillo, em 7 de dezembro. Ele foi acusado de tentar um golpe de Estado, ao querer dissolver o Congresso, controlado pela direita, que estava a ponto de destituí-lo do poder por suspeita de corrupção.
"Encorajo todas as partes envolvidas a embarcar no caminho do diálogo entre irmãos da mesma nação, no pleno respeito pelos direitos humanos e pelo Estado de direito", disse o papa Francisco.
Castillo foi substituído por Dina Boluarte, sua vice-presidente, mas ela é vista como "traidora" pelos manifestantes.
Os manifestantes garantem que as mobilizações não vão acabar até que haja a renúncia da presidente Boluarte.
"A luta vai continuar em todas as regiões até conseguirmos a renúncia de Boluarte e os outros pontos da agenda, como a realização de eleições este ano e o referendo para a [Assembleia] Constituinte", declarou à AFP o secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP), Gerónimo López.
O Peru fechou neste sábado (21) por tempo indeterminado a entrada da cidadela inca de Machu Picchu, alegando motivos de segurança, diante dos protestos.
O governo de Boluarte tomou a decisão depois que o serviço ferroviário da cidade de Cusco a Machu Picchu Pueblo, também conhecida como Aguas Calientes, foi suspenso em decorrência dos danos à ferrovia. Os trilhos da via foram removidos de seu lugar na sexta-feira, de acordo com a concessionária Ferrocarril Trasandino. Os estragos teriam sido causados por manifestantes.
Pelo menos 400 turistas ficaram retidos em Aguas Calientes, cidade no sopé da montanha da cidade de pedra inca. A mesma situação ocorreu em dezembro.
A ferrovia é o único meio de transporte para a cidadela, já que não existe via de trânsito de veículos que a conecte a Cusco, localizada a 110 km, que tem no turismo sua principal fonte de receita.
A União Europeia (UE) se pronunciou sobre a crise no Peru, que já causou 46 mortes desde dezembro. O bloco lamentou "o grande número de mortos" e pediu que o governo e a oposição peruanos tomem "medidas urgentes para restabelecer a calma".