AFP
A Rússia transferiu pelo menos 6.000 crianças ucranianas para campos de "reeducação", o que pode ser considerado um crime de guerra — relata o estudo divulgado nesta terça-feira (14) pelo Observatório de Conflitos, um grupo de pesquisa independente financiado pelo Departamento de Estado americano.
Desde o início da guerra, há quase um ano, crianças de, às vezes, quatro meses foram levadas para 43 acampamentos em toda a Rússia, inclusive na Crimeia, região anexada por Moscou, e na Sibéria, para receber "educação patriótica" pró-Rússia, diz o documento.
“É inconcebível que se trate de transferências e deslocamentos forçados de crianças”, diz este relatório preparado pelo laboratório de pesquisa humanitária da Universidade de Yale, nos Estados Unidos.
A carta pede às autoridades russas que "parem imediatamente" essas realocações e "devolvam as crianças às suas famílias".
É uma "clara violação" da Quarta Convenção de Genebra sobre o tratamento de civis em tempos de guerra, adverte um dos pesquisadores, Nathaniel Raymond.
Essas atividades "podem, em alguns casos, constituir crimes de guerra, ou crimes contra a humanidade", acrescentou.
O Observatório, que cita imagens de satélite e depoimentos, pede a Moscou que forneça registros dessas crianças e permita "o acesso de observadores independentes".
O relatório identifica 43 estabelecimentos, onde crianças ucranianas foram realocadas, a alguns milhares de quilômetros de suas casas.
Segundo a investigação, o governo russo aprovou esta política e é um "esforço sistemático para evitar o contato entre crianças e seus parentes na Ucrânia, bem como seu retorno, e reeducá-las para se tornarem pró-russas".
Essas crianças também são oferecidas para adoção na Rússia, segundo o relatório.
Além disso, a Ucrânia acusa as forças russas de sequestrarem milhares de crianças, incluindo órfãos, em territórios controlados por Moscou.
Este Observatório já havia denunciado a realocação forçada de ucranianos nas partes orientais do país controladas pela Rússia e as atrocidades cometidas por essas tropas desde o início da invasão da Ucrânia, em 24 de fevereiro do ano passado.