Israel espera receber os primeiros reféns que serão libertados pelo grupo terrorista Hamas na quinta-feira (23), segundo o ministro das Relações Exteriores do país, Eli Cohen, em uma entrevista à rádio das Forças de Defesa de Israel.
Segundo o jornal americano The New York Times, o acordo deve esperar até esta data para que juízes israelenses analisem questões jurídicas relacionadas aos casos de alguns prisioneiros palestinos que estão em Israel e serão liberados por conta do acordo.
O governo israelense e o grupo terrorista Hamas concordaram com um cessar-fogo de 4 dias na Faixa de Gaza que foi anunciado na noite de terça-feira (21), pelo horário de Brasília, para permitir a libertação de 50 reféns capturados durante o ataque do Hamas no mês passado no sul de Israel. O grupo terrorista afirmou que a pausa nos conflitos deve começar a partir das 10h (5h no horário de Brasília) de quinta-feira.
Tel-Aviv concordou com a libertação de 150 prisioneiros palestinos detidos em Israel. O país publicou uma lista de 300 detidos e prisioneiros palestinos que potencialmente poderiam ser soltos pelo acordo de reféns que foi finalizado na terça-feira.
Nos termos do acordo, o Hamas entregará reféns a representantes do Comité Internacional da Cruz Vermelha. Os representantes do CICV acompanharão os reféns até a fronteira.
Reféns
O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou que mulheres e crianças estariam entre os reféns libertados e que "a libertação de cada 10 reféns adicionais resultará em um dia adicional de pausa nos conflitos". "O governo israelense está empenhado em trazer todos os reféns para casa", acrescentou o governo.
Menos de uma hora depois, o Hamas afirmou em um comunicado no Telegram que também concordou com o acordo. "Depois de muitos dias de negociações difíceis e complexas, anunciamos, com a ajuda e a bênção de Deus, que alcançamos uma trégua humanitária", disse o Hamas.
O acordo contou com a mediação do Catar e esforços diplomáticos de Egito e Estados Unidos para que fosse concretizado.
Obrigações
Mohammed Al Khulaifi, um ministro de Estado do Catar que foi o principal negociador nas negociações, instou ambos os lados a cumprirem as suas obrigações nos termos do acordo e disse esperar que a negociação abrisse o caminho para o fim da guerra
"É a primeira vez que ambos os lados concordam em apoiar a via diplomática durante os combates contínuos, que infligiram tanta dor e sofrimento a civis inocentes", disse ele em um comunicado
Até que o cessar-fogo comece, a situação provavelmente permanecerá fluida. O Hamas acrescentou na sua declaração que, embora tenha concordado com uma trégua, "as nossas mãos continuarão no gatilho" e os seus combatentes "continuarão atentos para defender o nosso povo e derrotar a ocupação e a agressão".
O grupo terrorista também afirmou em sua declaração que Israel concordou em deixar entrar mais suprimentos e ajuda humanitária dentro do enclave palestino, além de seguir permitindo que os civis palestinos se deslocassem do norte de Gaza.
Reféns
"Estamos muito felizes", afirmou a principal associação israelense de famílias de sequestrados na Faixa de Gaza, o Fórum de Reféns e de Famílias Desaparecidas. "No momento não sabemos exatamente quem será liberado nem quando", acrescenta a nota
Um funcionário de alto escalão da Casa Branca afirmou que entre os liberados estarão três americanos, incluindo uma menina de três anos. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que está "extraordinariamente satisfeito" com a notícia da libertação em breve dos reféns.
O acordo foi celebrado por grandes potências, como Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia.
O presidente do Egito, Abdel Fatah al Sissi, que participou nas conversações, chamou a negociação de "um sucesso". A Turquia afirmou esperar que ajuda a "acabar com o conflito".
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, celebrou o acordo como "um passo na direção correta", mas disse que "ainda há muito por fazer", destacou um porta-voz em um comunicado.
A Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia, também saudou o acordo, mas reiterou o pedido de um "fim completo da agressão de Israel". (Com agências internacionais).