Israel declarou, nesta quarta-feira (13), que sua guerra em Gaza contra o movimento islamista palestino Hamas vai prosseguir "com ou sem o apoio internacional", apesar das pressões crescentes de seus aliados, entre eles os Estados Unidos, e dos apelos por um cessar-fogo.
Israel bombardeia a Faixa de Gaza em retaliação ao ataque lançado pelo Hamas em seu território, em 7 de outubro, que deixou 1.200 mortos, segundo as autoridades israelenses.
Em 27 de outubro, suas tropas também lançaram uma operação terrestre para cumprir o objetivo de "aniquilar" o movimento islamista, que governa Gaza desde 2007.
O Ministério da Saúde do Hamas afirma que 18.608 pessoas morreram desde o início da ofensiva israelense, a maioria mulheres e menores de 18 anos.
Na terça-feira, a Assembleia Geral da ONU aprovou um texto não vinculante que pede um "cessar-fogo imediato" em Gaza, mas evitou condenar o movimento islamista palestino Hamas por seu ataque.
No entanto, os bombardeios e os confrontos armados continuaram principalmente na Cidade de Gaza, em Khan Yunis e Rafah, no sul, informaram jornalistas da AFP.
O Ministério da Saúde informou que cerca de 50 pessoas morreram.
Os combatentes do Hamas continuaram disparando foguetes, a maioria interceptados, contra Sederot e outras comunidades do sul de Israel.
O Exército israelense informou que soaram sirenes na cidade de Asdod e na região de Lakhish. Imagens divulgadas nas redes sociais mostravam que um grande fragmento de um foguete interceptado atingiu um supermercado.
A mesma fonte informou que impactou uma célula de milicianos na Cidade de Gaza, "que estava prestes a lançar foguetes contra Israel".
Segundo o corpo militar, 115 de seus soldados morreram na guerra, dez deles na terça-feira.
Críticas dos EUA
Depois que os Estados Unidos vetaram, na sexta-feira, uma resolução do Conselho de Segurança para pedir um cessar-fogo na Faixa de Gaza, a Assembleia Geral aprovou na terça-feira um texto similar.
Dos 193 países-membros da ONU, 153 votaram a favor, 23 se abstiveram e dez votaram contra, entre eles Israel e Estados Unidos.
Em uma declaração conjunta incomum, os primeiros-ministros de Austrália, Canadá e Nova Zelândia afirmaram, nesta quarta-feira, que estão "alarmados com a redução de espaços de segurança para os civis em Gaza".
Na terça-feira, o presidente americano, Joe Biden, afirmou que Israel começa a perder apoio internacional "pelo bombardeio indiscriminado" de Gaza.
Posteriormente, abrandou suas palavras, reiterando seu apoio a Israel e afirmando que "a segurança dos palestinos inocentes continua sendo uma grande preocupação".
"Vimos tendo preocupações e as expressamos sobre a continuidade desta campanha militar", admitiu, nesta quarta-feira, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby.
Apesar das críticas de seu principal aliado, Israel prometeu prosseguir com sua ofensiva. "Israel continuará a guerra contra o Hamas, com ou sem apoio internacional", declarou, em nota, o chefe da diplomacia israelense, Eli Cohen.
"Um cessar-fogo neste momento seria um presente para a organização islamista Hamas e lhe permitiria voltar a ameaçar os habitantes de Israel", acrescentou.
"Continuaremos até o fim. Não há nenhuma dúvida. Digo isso com grande dor, mas também à luz da pressão internacional. Nada irá nos deter. Iremos até o fim, até a vitória", garantiu nesta quarta-feira à tarde o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Durante uma trégua de uma semana, o Hamas libertou dezenas de reféns em troca de prisioneiros palestinos em presídios israelenses, mas outros cativos foram encontrados mortos.
A embaixada israelense na Romênia anunciou, nesta quarta, a morte do refém romeno-israelense Tal Haimi, de 41 anos.
O conselheiro de Segurança Nacional americano, Jake Sullivan, viajará na quinta-feira a Israel para se reunir com o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu.
O chefe do Hamas, Ismail Hainyeh, classificou como "ilusão" qualquer solução política ao conflito que não inclua a organização islamista nem os outros "movimentos de resistências" palestinos.
Perdas "incomparáveis"
Segundo as Nações Unidas, 1,9 milhão de seus 2,4 milhões de habitantes foram deslocados pelo conflito.
Em Deir al Balah, fortes chuvas inundaram um acampamento de refugiados. "A água se infiltrou em nossas barracas de campanha. Não conseguimos dormir (...) Usamos pedras e areia" para bloquear a água, contou à AFP Amine Edwan.
Organizações humanitárias alertam que, em breve, o território sitiado estará sobrecarregado de doenças e fome.
O sistema de saúde está colapsando e em ruínas, e o governo do Hamas assegurou, nesta quarta-feira, que seu estoque de vacinas infantis se esgotou, alertando para "consequências catastróficas".
"Acabam o tempo e as opções" para a população de Gaza, disse Philippe Lazzarini, chefe da agência da ONU para os Refugiados Palestinos (UNRWA, na sigla em inglês).
O Banco Mundial advertiu, ainda, que "a perda de vidas, a velocidade e o alcance dos danos (...) são incomparáveis".
O Hamas afirmou, nesta quarta-feira, que as tropas israelenses "reforçaram o assédio ao hospital Kamal Adwan, efetuando disparos contra os quartos dos pacientes".
O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) havia informado, anteriormente, que cerca de 3.000 pessoas estavam presas dentro do prédio.
A AFP não pôde verificar a afirmação do movimento islamista e o Exército israelense não reagiu, mas Israel costuma acusar o grupo islamista de usar túneis sob hospitais, escolas e mesquitas com fins militares. O Hamas repudia estas acusações.