EUA responderão de forma 'racional' a ataque mortal com drones na Jordânia
Esta foi a primeira vez que soldados americanos morreram em um ataque desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas
A Casa Branca anunciou, nesta segunda-feira (29), que responderá de maneira "racional" ao ataque com drones contra uma base americana na Jordânia no qual morreram três soldados, depois que o presidente Joe Biden culpou grupos militantes armados apoiados pelo Irã pela ação.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, declarou à CNN, nesta segunda-feira, que Biden garantiu que "responderá" ao ataque de domingo "de uma maneira muito racional".
"Não estamos buscando uma guerra com o Irã", disse logo depois à imprensa Kirby que, no entanto, acrescentou: o ataque "foi uma escalada, não se enganem, e requer uma resposta".
Seus comentários se seguiram a uma reunião de Biden com sua equipe de segurança nacional, incluindo seu secretário de Defesa, Lloyd Austin, e seu assessor de Segurança Nacional, Jake Sullivan.
Embora as baixas tenham provocado temores de uma escalada do conflito no Oriente Médio, Kirby destacou que Washington não está interessado em uma extensão bélica na região. "Não buscamos um conflito mais amplo no Oriente Médio", destacou.
VERSÕES CRUZADAS
Esta foi a primeira vez que soldados americanos morreram em um ataque desde o início da guerra entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro.
O Irã não assumiu responsabilidades em relação ao ataque e negou as acusações americanas e britânicas de que apoiava os grupos militantes responsáveis pelo incidente na remota base fronteiriça no nordeste da Jordânia, perto das fronteiras com o Iraque e a Síria.
Embora os Estados Unidos ainda estejam reunindo provas e avaliando o acontecido, Biden disse no domingo: "Sabemos que foi realizado por grupos combatentes radicais apoiados pelo Irã que operam na Síria e no Iraque". Além disso, prometeu que fará com que "todos os responsáveis prestem contas, quando e como considerarmos conveniente".
IMPOSSIBILIDADE DE IMPEDIR O ATAQUE
Citando oficiais militares não identificados, a imprensa americana reportou que a impossibilidade de impedir o ataque se deveu possivelmente à confusão sobre se o drone era hostil ou se se tratava de um dispositivo americano que voltava para a base.
Nesta segunda, as forças americanas e aliadas voltaram a ser alvo de ataques na região, desta vez com foguetes na Síria, embora não tenham sido registrados feridos, segundo um funcionário da Defesa americana.
As tropas americanas e da coalizão foram atacadas pelo menos 165 vezes desde meados de outubro - 66 no Iraque, 98 na Síria e uma na Jordânia - com "uma mistura de drones de ataque unidirecional, foguetes, morteiros e mísseis balísticos de curto alcance", disse o funcionário.
O ministro das Relações Exteriores britânico, David Cameron, também culpou "milícias alinhadas ao Irã" e pediu a Teerã que "reduza a tensão na região".
NEGATIVA DO IRÃ
O Irã negou qualquer vínculo com o ataque e o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Naser Kanaani, descreveu as acusações como "infundadas".
"A República Islâmica do Irã não vê com bons olhos a expansão do conflito na região", expressou Kanaani em um comunicado no domingo, acrescentando que Teerã "não está envolvido nas decisões dos grupos de resistência".
O Oriente Médio está sob forte tensão com o aumento das operações militares em Gaza, e este ataque na Jordânia gera temores de que o conflito se expanda e envolva diretamente Teerã.
Até agora, ninguém reivindicou o ataque, embora, no domingo, a chamada Resistência Islâmica no Iraque tenha afirmado que lançou três ataques com drones contra bases na Síria, inclusive perto da fronteira com a Jordânia.
Esse grupo - uma aliança de grupos armados vinculados ao Irã que exige a saída dos Estados Unidos do Iraque e rejeita seu apoio a Israel no conflito em Gaza - reivindicou dezenas de ataques contra forças americanas e da coalizão antijihadista no Iraque.
"EXPLOSÃO REGIONAL"
O Comando Central (Centcom) americano informou no domingo que um ataque atingiu uma base de apoio logístico localizada na Torre 22, no nordeste da Jordânia, e feriu ao menos 34 membros do serviço - oito deles precisaram ser retirados do país.
O porta-voz do governo jordaniano, Muhanad Mubaidin, condenou "o ataque terrorista que teve como alvo uma posição avançada na fronteira com a Síria", atingindo as tropas americanas "que cooperam com a Jordânia para enfrentar o terrorismo e assegurar a fronteira".
Os governos de Bahrein e Egito também condenaram o ataque.
O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que a morte dos soldados "é uma mensagem para o governo americano de que, a menos que o assassinato de inocentes em Gaza pare, pode ter que enfrentar toda a nação" muçulmana.
"A continuidade da agressão americano-sionista em Gaza poderia causar uma explosão regional", acrescentou, em uma declaração.