Os presidentes latinos discutiam, nesta terça-feira (16), possíveis sanções ao Equador pela invasão da embaixada do México, em uma reunião de cúpula virtual convocada por Honduras, na qual a Venezuela anunciou o fechamento de suas sedes diplomáticas em Quito.
Liderada pela presidente hondurenha, Xiomara Castro, a reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) suspendeu sua transmissão pública para debater em privado a proposta de declaração aprovada pelos chanceleres na semana passada, que condena a invasão e impõe sanções ao Equador.
"Condenamos energicamente" a incursão, disse Xiomara, chamando de "barbárie" a invasão policial à embaixada do México para prender o ex-vice-presidente do Equador Jorge Glas, que ocorreu no último dia 5.
O governante do México, Andrés Manuel López Obrador, defendeu que o ocorrido não se repita e propôs que seu país seja acompanhado "assinando a denúncia no Tribunal de Justiça Internacional".
O presidente do Equador, Daniel Noboa, foi representado pela chanceler do país, Gabriela Sommerfeld.
Diante de eventuais divisões em torno da aprovação de sanções e de uma condenação unânime, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, manifestou-se a favor de que não seja necessário um consenso para se tomar decisões no bloco.
O colombiano ressaltou que a invasão à embaixada gerou "um mal-estar, inclusive global", no qual os governos devem prestar atenção. “A barbárie pode penetrar no nosso pedaço de continente”, alertou.
Venezuela fecha sedes diplomáticas
A operação em Quito para prender Glas levou López Obrador a romper imediatamente os laços diplomáticos com o Equador, o que a Nicarágua fez um dia depois.
Durante a reunião, o presidente Nicolás Maduro ordenou o fechamento da embaixada venezuelana no Equador e dos consulados em Quito e Guayaquil. Maduro expressou “solidariedade absoluta” a López Obrador: “O México não está sozinho, tem a voz da nossa América o acompanhando em circunstâncias que vocês não procuraram."
“Não há dúvida” de que a decisão do presidente Noboa “de invadir o território do México, sua embaixada, de agredir seu pessoal diplomático diante do olhar do mundo, ao vivo pelas redes sociais, de capturar, amarrar e torturar o ex-vice-presidente Jorge Glas foi um ato de barbárie", acrescentou Maduro.
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, expressou que “a invasão violenta” à embaixada do México “é um ato hostil inaceitável, que merece a mais categórica rejeição”.
Preocupação com saúde de Glas
Alguns dos presidentes pediram a restituição da condição de asilado a Glas e que o Equador lhe conceda um salvo-conduto para que possa deixar o país. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a criação de uma comissão para analisar o estado de saúde de Glas, um tema presente no projeto de declaração que discutiam em particular.
O governante do Equador declarou-se na semana passada disposto a “resolver qualquer divergência” com o México, mas ressaltou que "a justiça não se negocia".
Glas se refugiou na embaixada do México em dezembro, antes de a Justiça ditar uma ordem de prisão contra ele por acusações de corrupção durante sua gestão como braço direito do ex-presidente Rafael Correa (2007-17).